Campina
já representava em 1865 o grande empório dos Sertões, contudo ainda não
dispunha de um serviço de telégrafo. A comunicação com outras cidades e com o
Recife ocorria pela estação da Parahyba (atual João Pessoa), estacionada na
capital do Estado desde 1874, ou através dos Correios. Foi então que o
governador Álvaro Lopes Machado resolveu levar as linhas telegráficas para o
interior do Estado, começando pela sua terra natal Areia.
Após
esse primeiro passo, decidiu estender o serviço de telegrafia até Campina,
solicitando do executivo municipal um prédio para instalação da agência.
O
Conselho Municipal doou à União um dos prédios de que dispunha, e que servira
ao Tribunal do Júri e Cadeia Pública, já que estes que se encontravam
funcionando em outro local.
A
edificação, cuja construção iniciou em 1812 e demorou cerca de dois anos para
ser concluída, no largo da Matriz [atual Avenida Floriano Peixoto], abrigara,
em 1824, alguns presos que participaram da Confederação do Equador, dentre eles
o revolucionário republicano Frei Caneca.
Com o
advento da estação telegráfica, inaugurada em 13 de janeiro de 1896,
acresceu-se o brasão de armas da república e a inscrição “Telegrapho Nacional”
na fachada daquele solar.
Em
1932, o Ministro da Viação José Américo de Almeida mandou construir, em muitas
cidades parahybanas, prédios para funcionamento em conjunto dos sistemas de
Correios e Telégrafos. O edifício perdera a sua utilidade e a doação ficou
pendente de anulação.
Iniciou-se
então uma nova jornada que tomou fôlego com o Projeto de Lei n° 1.588-A de
1963, que autorizava a doação daquela edificação à Prefeitura Municipal para
instituição do Museu Histórico da cidade, de autoria do Deputado Janduí
Carneiro. A proposição antecedia as comemorações do Centenário da cidade e a
ocasião era das melhores.
Em
seu parecer conclusivo, o relator manifestou-se nos seguintes termos:
“É um prédio que acompanhou a evolução da cidade, testemunho mudo das
virtudes e do patriotismo de um povo que imolava as suas reservas de energia e
de patrimônio econômico em benefício do seu progresso. É um prédio que no
silêncio de suas paredes envelhecidas, conta com certo orgulho a história da
cidade que viu nascer (Deputado Tabosa de Almeida).
Convertida
em lei quatro anos depois, o projeto tomou a seguinte redação:
“Lei nº 5.288, de 25 de Maio
de 1967 - Autoriza doação de prédio do patrimônio da União à Prefeitura
Municipal de Campina Grande, Estado da Paraíba.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço
saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º É o Poder Executivo
autorizado a doar à Prefeitura Municipal de Campina Grande, Estado da Paraíba,
o prédio nº 312, situado na Avenida Marechal Floriano, nessa Cidade, para
instalação do Museu do Município.
Parágrafo único. O prédio
doado não poderá ser alienado e nem desviado para outro fim, sob pena de
reverter ao patrimônio da União.
Art. 2º Esta Lei entra em
vigor na data de sua publicação.
Art. 3º Revogam-se as
disposições em contrário.
Brasília, 25 de maio de 1967;
146º da Independência e 79º da República. (as) A. COSTA E SILVA - Antônio Delfim Netto”
Foi
assim que o antigo prédio da Cadeia e do Telegrafo voltou a pertencer ao
patrimônio campinense e hoje constitui uma das poucas construções históricas
que representam o Século XIX.
Atualmente,
funciona no local o Museu Histórico de Campina Grande, cujo acervo inclui
fotografias, armas, mapas, adereços, telefones, jornais e objetos da época da
escravatura, todos distribuídos em setores temáticos que retratam um pouco da
história do município.
Referências:
- DEPUTADOS, Anais da Câmara
dos. Vol. II. 12ª Sessão, Convocação Extraordinária, realizada em 19 de
Fevereiro. Diretoria de documentação e publicidade. Brasília/DF: 1965.
- UNIÃO, Diário Oficial da. Seção
1, pág. 5751. Edição de 29 de maio. Brasília/DF: 1967.
- BRASIL, Coleção das Leis
do. Vol. VI, pág. 41. Brasília/DF: 1967
De que ano é esta foto?
Foi bom e bom estuda