Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
retalhoscg@hotmail.com

QUAL ASSUNTO VOCÊ ESTÁ PROCURANDO?


(02 de Março de 2012)
INSTITUTO HISTÓRICO DE CAMPINA GRANDE

Sob a liderança de Humberto de Almeida, decano da família do Médico, Político e Historiador Elpídio de Almeida, reuniram-se no dia 11 de fevereiro do corrente ano diversos intelectuais, com a finalidade de conhecerem as articulações realizadas visando à recriação, desta feita, do INSTITUTO HISTÓRICO DE CAMPINA GRANDE, considerando as três tentativas baldadas de fazer funcionar o então Instituto Histórico e Geográfico de Campina Grande, a partir de informações verbais e dos poucos arquivos existentes. A criação do IHGCG foi uma idéia, ação e execução do médico João Tavares, entre 1948 e 1970, através de reuniões que ocorreram em seu próprio consultório, contando com a participação de Elpídio de Almeida, Hortêncio Ribeiro, William Tejo, Epitácio Soares, Lopes de Andrade, José Elias Barbosa Borges, Epaminondas Câmara, Letícia Camboim, dentre outros. Novos esforços foram empreendidos pelo Historiador Amaury Vasconcelos, contando com o apoio do então presidente do IHGP – Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, Luiz Hugo Guimarães, elegendo-se nova diretoria, tendo como Presidente a Professora Léa Amorim e Vice-Presidente a Geógrafa Marisa Braga. Posteriormente, essas ilustres mestras renunciaram aos seus cargos, registrando assim que o período de 1997 até junho de 2000 foi a última tentativa de tornar a instituição formalmente constituída e toda representação a posteriori ficou prejudicada por falta de amparo legal.

O encontro acontecido no dia 11 de fevereiro último, na residência de Humberto de Almeida, contou com a participação de Antonio Virgilio Brasileiro Silva, Médico e Memorialista; Félix Araújo Filho, Advogado e ex-prefeito de Campina Grande; Hermano Nepomuceno, Sociólogo, Professor e atual chefe da Secretaria Executiva do Gabinete do Prefeito e que também representou o Dr. Veneziano Vital do Rêgo Segundo; Juciene Ricarte Apolinário, Doutora em História e Coordenadora do Curso de Mestrado de História da UFCG; Rômulo Azevedo, Jornalista e Professor do Curso de Comunicação Social da UEPB; Francisco Antonio Vieira da Nóbrega, Jornalista; Josivaldo Apolinário, Economista; e, Maria Ida Steinmuller, Administradora.

No período de 19 a 21 de outubro de 2011, realizou-se na sede do IHGB - Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro, o V Colóquio dos Institutos Históricos Brasileiros, que teve a participação de Maria Ida Steinmuller, representando Humberto de Almeida. Durante o evento, atraída pelo interesse especial de assistir as palestras programadas, sendo a primeira sobre o tema 
“Municipalização/Regionalização dos Institutos Históricos e Geográficos”, apresentado pelo Pós Doutor em História Arno Wehling, presidente do IHGB, e a seguinte tratando dos “Acervos dos Institutos Históricos e Geográficos – Sistema das Casas de Memória”, proferida pela Doutora Esther Caldas Bertoletti, sócia titular do IHGB, da Diretoria de Relações Internacionais do Ministério da Cultura e Coordenadora Técnica do Projeto Resgate “Barão do Rio Branco”.

Assim, ao regressar a Campina Grande, Maria Ida Steinmuller manteve entendimentos iniciais com o Prefeito Veneziano sobre a criação do Instituto Histórico de Campina Grande, a denominada “Casa de Elpídio de Almeida”, de maneira a que, por ocasião do Sesquicentenário de Emancipação Política do município, que ocorrerá em 11 de outubro de 2014, já esteja em funcionamento o supracitado empreendimento, que de imediato despertou o interesse do chefe da municipalidade campinense.

Logo em seguida, em outra audiência no Gabinete ocorrida em 03 de janeiro do corrente ano, o Prefeito Veneziano Vital do Rêgo se comprometeu a ceder ao Instituto Histórico de Campina Grande, um imóvel devidamente recuperado, localizado na “Estação Velha”, que por sinal se constitui num dos mais importantes sítios históricos da cidade, onde será instalada a novel entidade.

O resultado da reunião preparatória conduzida por Humberto de Almeida e com a participação ativa de todos os presentes, teve a confirmação oficial da cessão do imóvel por intermédio de Hermano Nepomuceno e das providências legais a serem tomadas pela Prefeitura Municipal de Campina Grande.

Nessa reunião de congraçamento da equipe que lidera os atos iniciais da instituição, a Doutora Juciene Ricarte Apolinário destacou em seu depoimento que: “Com certeza o nosso encontro já faz parte da chamada “história do tempo presente” de Campina Grande. Uma história de doação em prol da criação do INSTITUTO HISTÓRICO DE CAMPINA GRANDE (IHCG) que será um importante “espaço de MEMÓRIA” objetivando, entre outras ações, o levantamento, conservação, democratização das fontes documentais (cursivas, impressas, iconográficas, fílmicas, sonoras, peças museológicas, entre outras) respeitantes aos homens e mulheres que no passado e no presente deixaram e deixam marcas indeléveis em nosso município e, notadamente, a Paraíba. O IHCG não só será um espaço de pedagogização cultural, mas principalmente, um caminho de se conduzir os cidadãos campinenses para a educação, entendida num sentido construtor de subjetividades emancipadas, sentimentos de pertencimento, criativas, autônomas a partir de ressignificações identidárias.”

Por outro lado ficou aprovado, por unanimidade, o calendário dos eventos formais do INSTITUTO HISTÓRICO DE CAMPINA GRANDE (IHCG), com a reunião de fundação marcada para o dia 26 de março próximo, oportunidade em que serão aprovados o Estatuto e o Regimento Interno; formação  da administração provisória; indicados os Patronos e Ocupantes das Cadeiras. A Assembléia Geral para formalização dos atos do Instituto, dar-se-á no dia 01 de setembro de 2012. Essas datas coincidem, respectivamente, com a do falecimento e do nascimento de Elpídio de Almeida, Patrono da Casa.  Humberto de Almeida oficializará, como primeiras doações ao IHCG, a Biblioteca, o acervo documental e objetos, tanto de uso pessoal como do exercício da profissão de Médico que pertenceram ao seu pai.

Concomitantemente, esse é o espírito que move e alimenta as esperanças do projeto recebendo o apoio, desde o primeiro instante, do Historiador Joaquim Osterne Carneiro, atual Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano que tem contribuído com valiosas informações, para que o trabalho de formatação da entidade civil e cultural, sem fins lucrativos e pessoa jurídica de direito privado, seja feita nos moldes dos atuais Institutos existentes no País.  Da Doutora Esther Caldas Bertoletti que já nos primeiros instantes do Colóquio, oferecera preciosa ajuda apresentando para colaborar com o Instituto Municipal, a Professora Doutora Juciene Ricarte Apolinário que retornara à sua cidade natal, a nossa Campina Grande, após vários anos lecionando no Estado do Tocantins. A Doutora Esther é madrinha intelectual da Professora Juciene que lhe convidou para ser uma das pesquisadoras brasileiras em Lisboa para participar do Projeto Resgate em Lisboa-Portugal e lhe autorizou para ser a coordenadora dos projetos temáticos nacionais da documentação colonial do Projeto Resgate “Barão do Rio Branco”;    Do Presidente do IHGB, Doutor Arno Wehling; do Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Doutor Jayme Lustosa de Altavila; a solidariedade e ensinamentos do Professor e Filósofo Hildebrando Campestrini, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Mato Grosso do Sul; da simpatia à nossa causa do Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança, Sócio Correspondente do IHGB, membro da Casa Real Brasileira, tri-neto do Imperador Dom Pedro II.

A Casa da Memória campinense nasce com as bênçãos de Deus, a proteção de São Francisco de Assis e o patronato do Prefeito Veneziano Vital do Rêgo Segundo, tal qual o foi o Imperador Dom Pedro II para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em seus atuais 173 anos de existência.                                                            

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CAMPINA GRANDE – Chegada do Primeiro Trem

02 de outubro de 1907

Edmilson Rodrigues do Ó (*)

Após a chegada do trem a Campina Grande fato oficialmente acontecido em 2 de outubro de 1907, faltava ainda a realização de um sonho não sòmente do povo campinense como sobretudo do então prefeito Cristiano Lauritzen, de integrar a Rainha da Borborema ao sistema ferroviário nordestino como um todo, ou seja, ligar o nordeste oriental ao ocidental. Em 1920 foram iniciados os trabalhos topográficos seguidos da execução do projeto para prolongamento da ferrovia em direção ao oeste. Todavia, em novembro de 1922 o então recém empossado Presidente Arthur Bernardes determinou a paralização das obras sob a alegação da falta de recursos. Desse projeto, ainda hoje são visíveis as ruínas, sobretudo na região da cidade de Pocinhos. Contudo, o sonho não parou e, em 1950 o projeto foi reativado e os trabalhos foram reiniciados em caráter contínuo e definitivo, quando, àquela altura, a Rede Viação Cearense que antes chegara a Souza já havia alcançado Patos desde 1944, faltando, portanto, uma extensão de aproximadamente 180 km para completar a ligação nordestina de leste a oeste. O 7º Batalhão de Engenharia do Exército sediado em Campina Grande foi substituído pelo 3º Batalhão Ferroviário que foi designado para construir a parte ocidental da ferrovia enquanto que a Empresa Construtora Camillo Collier Ltda. (ECCC Ltda.) ganhou a licitação para construir a parte oriental do citado trecho. Em 1956, a primeira locomotiva trafegou na ferrovia em caráter experimental embora a inauguração oficial sòmente tenha sido realizada em 1958. Portanto, meio século depois de receber o primeiro trem Campina Grande ficou totalmente integrada ao sistema ferroviário nordestino servido pela Rêde Ferroviária do Nordeste.

Infelizmente, decorrido um século da nossa grande euforia pela chegada do primeiro trem e 50 anos da integração total, a nossa malha ferroviária encontra-se no mais profundo abandono. A decadência é visível; estações desativadas, destruídas e ou parcialmente destruídas, trilhos desalinhados. E o trem, é o ilustre ausente! As composições cargueiras são raríssimas enquanto que o charmoso trem de passageiros Asa Branca que trafegava diàriamente na ferrovia Fortaleza-Recife-Fortaleza passando por Campina Grande e demais estações, foi a última opção, tendo sido desativado nos anos 70, do qual só nos restam hoje as lembranças e a saudade.


EDMILSON RODRIGUES DO Ó
( ero.pr7cpk@ig.com.br )

Nascido no dia 06 de julho de 1937 na  Fazenda Aguas Pretas, então município de Campina Grande, a qual, atualmente, pertence a jurisdição do município de Pocinhos. A partir de 1952, passou a residir definitivamente em Campina Grande. Atualmente é aposentado por tempo de serviço e ainda exerce atividades agro-pecuárias.

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Dia do Patrimônio Histórico: em Campina temos o que comemorar?

(por Thomas Bruno Oliveira *)

Hoje, dia 17 de agosto é comemorado o Dia do Patrimônio Histórico, mas em Campina Grande será mesmo que temos o que comemorar?

O Patrimônio Histórico de Campina está circunscrito no que chamamos de “Centro Histórico de Campina Grande”, uma área deliberada (em 2003) e delimitada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP) em 28 de junho de 2004, compreendendo um cinturão englobando ruas e praças centrais da cidade contendo edificações em estilo Art-Dèco, Inglês, Neoclássico e vários monumentos.

No entanto, mesmo após o oficial tombamento e o reconhecimento, a cidade, com suas diversas universidades e associações, não consegue frear um intenso processo de “desenvolvimento” que impera e desfigura o seu Centro Histórico.

Há muito que o Centro Histórico de Campina Grande tem seus elementos mutilados pela voracidade do crescimento e do progresso que vem engolindo casarões, palacetes, prédios e monumentos. Recentemente, temos percebido uma severidade neste processo e um alcance de depredação sem limites. O Centro Histórico vem sendo profanado, mexido, mutilado, rasgando páginas do passado da cidade, desfigurando memórias e pondo fim a lugares e dispositivos de memória de áureas épocas.

Sendo uma cidade de interior, durante o veraneio e carnaval, a cidade literalmente adormece, notadamente o centro da cidade e os bairros mais abastados. Seus habitantes se dirigem ao litoral, onde se deleitam aproveitando férias e feriados religiosos. Nos períodos citados observamos que quase sempre em seu término, algum prédio é demolido na cidade, ato feito “às escondidas” em um momento em que a cidade dorme, assim vão nossas preciosas edificações.

Caminhar pelo Centro Histórico de Campina Grande tornou-se um exercício de paciência, principalmente no tocante a readaptação da visão. É simplesmente assombroso o processo de falecimento de nosso patrimônio histórico e os órgãos públicos fiscalizadores não têm uma participação efetiva na salvaguarda destes testemunhos do passado, o fato não se deve a ausência de denúncias, pode-se explicar (mas não compreender!) a falta de estrutura e de pessoal disponível nestas instituições.

A verdade é que, a cada novo dia, o caminhar pelas ruas da cidade “Rainha da Borborema” nos revela a situação caótica das nossas edificações históricas: além do total abandono, verificamos o BOTA-ABAIXO dessas edificações. Começaremos então
a citar alguns dos danos verificados ao patrimônio histórico da cidade.

No que concerne às edificações, sucumbiram pela emergência do “progresso” e especulação imobiliária alguns prédios em estilo Neoclássico e Inglês, que remontam meados do século XIX e início do século XX, principalmente na Rua Irineu Jóffily (a antiga Rua da Estação); não faz mais parte da rua Dr. João Tavares o prédio da antiga SAMIC (Serviço Assistencial Médico Infantil Campinense, nas proximidades do Açude Velho, por muito tempo residência da tradicional família Rique) que foi totalmente demolido; também foi destruída a vila operária da famosa empresa têxtil de Campina Grande, num dos bairros mais antigos da cidade, o de Bodocongó, que se tornou terreno livre para venda, apenas. Inclusive, o prédio da empresa têxtil encontra-se sem telhado, em abandono e pode ser o próximo a literalmente tombar, infelizmente.

Acompanhamos o definhamento dos antigos armazéns da Estação Velha, sem teto e sem janelas, um lugar centenário que abrigou, em outrora, a riqueza da cidade na época do ‘ouro branco’ (o algodão) e que hoje refugia consumidores de entorpecentes. Na feira central, o prédio do antigo Cassino Eldorado está prestes a cair, e se cair???

O Cine São José, cinema popular de Campina que evoca a memória de um interessante período da cidade, também está irreconhecível. O Cine Capitólio (prédio que foi tombado em 12 de fevereiro de 2000) outro famoso cinema da cidade, só possui as quatro paredes externas, até seu piso de lajotas já sucumbiu.

Finalmente, qual é a função de um centro histórico? Qual a função de um tombamento? Qual a função do órgão fiscalizador? Uma edificação histórica que vai ao chão é parte da história de um povo (de uma época) que desaparece sem deixar vestígios. Enfim, se faz necessário que medidas EMERGENCIAIS sejam tomadas para estagnar este triste processo de destruição. Manter o que ainda resta do patrimônio histórico/arquitetônico de Campina Grande é uma obrigação pois tem havido um grande desrespeito a memória da cidade, que esquecendo a sua história, esquece também sua identidade.

Não entendemos a preservação do patrimônio como um ato de barrar o progresso, deve-se sim desenvolver nestes locais atividades sustentáveis que preserve traços do passado e possa naturalmente abraçar o futuro. Em outras cidades temos exemplos muito bem sucedidos desta preservação, como o Museu do Seridó, situado na Casa do Senado da Câmara e Cadeia Pública da Vila do Príncipe, em Caicó-RN e a Casa da Cultura, ambiente de venda de artesanatos em Recífe-PE, abrigado em sua antiga cadeia.

Tombar uma área implica, acima de tudo, em pensar o que fazer e como fazer para a preservação do bem material tombado. Deve-se buscar saídas para que o tombamento não fique apenas no papel e entregue a própria sorte.



Prof. Thomas Bruno Oliveira


Colunista dos Portais iParaiba.com.br, Ancomarcio.com, Brejo.com e Rededenotícias.com,
articulista mensal da Revista de Turismo, Diretor da Sociedade Paraibana de Arqueologia - SPA,
Sócio do Instituto Historico e Geographico do Cariry - IHGC e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e
Indígenas da UEPB - NEAB-Í. Membro do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB
 
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