Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
retalhoscg@hotmail.com

QUAL ASSUNTO VOCÊ ESTÁ PROCURANDO?

Um curioso registro encontrado no Diário da Borborema de 1958, mostrando o Carnaval de Campina Grande, evento na época muito forte em nossa cidade e que tinha sua maior concentração nos clubes da cidade.




Com destaque de capa para as Eleições de 1982 e à morte do ex-governador Argemiro de Figueiredo, o Anuário Campina Grande 1982, editado por Evaldo Cruz, trouxe em seu conteúdo um excelente acervo de matérias que nos remetia aos aspectos gerais de como era nossa cidade no início da Década de 80.

A edição, publicada pela "Anuários da Paráiba Ltda" contou em seu suporte técnico com Ademar Martins Leite (Diretor Secretário), Conselho Editorial composto por Eurípedes Oliveira, José Gil Gonçalves, J. Leite Sobrinho, Severino Machado e Williams Ramos Tejo. Contou, ainda, com artigos escritos por Frei Matias Gonzaga de Albuquerque, Humberto Melo, José Bolívar Vieira da Rocha, José Elias Barbosa Borges, Luiz Nunes Alves e Maria de Lourdes Nunes Ramalho.

As pesquisas estatísticas foram responsabilidade de Antonio Gláucio Souza Gomes.

Abaixo, a íntegra da edição "Anuário Campina Grande 1982"

Christiano Lauritzen
Equipe RHCG

O assunto “Chegada do Trem em Campina Grande” já foi bastante documentado aqui no blog “RHCG”. Este evento é um fator primordial no impulso econômico que a “Rainha da Borborema” sofreu durante a primeira metade do século XX e conseqüentemente, na importância de nossa cidade no panorama paraibano da atualidade.

O que poucos sabem é do período “pré-trem”, do anseio da população e também, dos debates políticos que o assunto provocava antes do ano de 1907. O jornal de oposição “Gazeta do Sertão”, que tinha como diretor Irinêo Joffily, publicou um artigo no dia 06 de junho de 1890, denominado “Via-Ferrea de Campina”, que relatava a luta para trazer a ferrovia para nossa cidade, além de “cutucar” o dinamarquês Christiano Lauritzen, o grande responsável por trazer o trem a Campina Grande. A seguir, reproduzimos o artigo, com singela adaptação aos moldes da linguagem atual:


Via-ferrea de Campina

Tem sido a nossa "defenda Cartago", o prolongamento da via-ferrea Conde D Eu até esta cidade; e este melhoramento tantas vezes reclamado já pela assembléia provincial em diversas sessões até 1888, e já pela imprensa, é hoje o desejo unânime da população deste Estado.

Mas apesar disto, não deixamos de experimentar surpresa com a visita, que em um dos últimos dias da semana passada, recebemos do presidente da intendência desta cidade *, declarando que partia para o Rio de Janeiro, com o fim de solicitar ao governo provisório a pronta extensão da estrada de ferro, até esta cidade.

A firme esperança que nutre o cidadão Lauritzen de resolver com a sua presença na capital federal, os obstáculos para a realização de semelhante empresa é fundada na intervenção de poderosos amigos.

Quais serão eles?

Não vemos outros senão os generais paraibanos, que tomaram parte tão decisiva na revolução de 15 de novembro**.

Reconhecemos a força que perante o chefe do governo provisório tem os generais Almeida Barreto e T. Neiva e o coronel João Neiva; força unanimemente reconhecida neste Estado, porque eles têm sido confiados os seus destinos.

E por isto mesmo temos lastimado que tão grande prestígio tenha sido empregado somente na criação e supressão de comarcas e nomeações de juízes de direito, visando apenas fins eleitorais; e, portanto até agora em pura perda para os mais urgentes melhoramentos deste Estado.

Mas se os distintos militares paraibanos podem facilmente dotar esta terra de que querem ser representantes no congresso nacional, com uma estrada de ferro; quererão eles que a glória fique ao presidente da intendência desta cidade?

Não é crível. O que se comenta é que a eleição está próxima e a estrada de ferro estando longe, é preciso que se fale sempre nela para produzir calculados efeitos.

Já se anuncia que o general Almeida Barreto pretende brevemente visitar esta terra, que não vê desde os verdes anos, quando entrou para a carreira em que tem colhido tantos louros.

O valente general seria recebido com as maiores aclamações, se conseguindo com seu prestígio a estrada de ferro de Campina, viesse ao mesmo tempo assistir a inauguração dos seus trabalhos.

Nenhum fato o recomendaria tanto na opinião pública. Promessas? Ninguém mais acredita nelas.

Res, non verbat ***

Como quer que seja, louvando a fé do cidadão Christiano Lauritzen, a fé que fez remover montanhas, agradecemos a sua visita desejando-lhe a mais feliz viagem.


* Christiano Lauritzen
** Proclamação da República
*** Fatos, não palavras


Por Adriano Araujo

Nascido na Jutlândia, pequena península da Dinamarca, em 1847, Cristiano Lauritzen aportou no Brasil, em Recife, aos 21 anos. Chegou em Campina Grande quando ainda éramos um burgo com 3 mil habitantes, por volta de 1880.

Como já tratado por este blog em algumas imagens postadas, estabeleceu-se no ramo de jóias e relógios na antiga Rua Grande, hoje Rua Maciel Pinheiro.

Em 1883 casou-se com a senhora Elvira Cavalcanti, filha do comerciante Alexandrino Cavalcanti, então Presidente da Câmara Municipal de Vereadores, com quem teve dez filhos.

Lauritzen, enquanto habitante de Campina Grande, dedicou sua vida na busca do estabelecimento do progresso ao nosso Município. Foi prefeito municipal durante 19 anos ininterruptos e, à ele, devemos a chegada do primeiro trem a Campina Grande, fazendo com que a cidade fosse o ponto final da ferrovia Great Western, marco histórico para o desenvolvimento econômico da nossa região.

Em frente à sua residência, à Rua Maciel Pinheiro, conforme imagens anteriormente postadas, encontrava-se a Praça Epitácio Pessoa, batizada com este nome em virtude da homenagem prestada por Cristiano Lauritzen  construindo uma estátua, em 1914, àquele que viria ser Presidente da República cinco anos mais tarde.

Foi o fundador do Jornal Correio de Campina Grande, em 1922.

Cristiano Lauritzen faleceu no ano de 1923, ainda exercendo o mandato de Prefeito de Campina Grande. Após sua morte, seu filho Ernani Lauritzen fora nomeado pelo governador Solon de Lucena para sucedê-lo à frente da Prefeitura Municipal, de 1924 até o ano de 1928.

O professor universitário Daniel Duarte, lembrou em sua página do facebook que em 18 de Novembro de 2023, se completará 100 anos da morte do ex-prefeito, esperamos uma homenagem a altura pelos órgãos de Campina Grande.

Equipe RHCG


O Dinamarquês Cristiano Lauritzen e sua família, no ano de 1913. Ao lado da sua esposa Elvira e rodeado pelos filhos (esquerda para direita, em pé) Ernani, José e Luiz e das filhas Maria Christina, Christina, Inah e Maria Amélia.

Um fato curioso à imagem é a compenetração de pesar em que se encontrava a família, em luto pelo recente falecimento do filho primogênito, Alexandrino.

Fonte Consultada:
Anuário Campina Grande, 1982

Por Equipe RHCG


Antigo sobrado do dinamarquês Cristiano Lauritzen, localizado à Rua Maciel Pinheiro, no Centro de Campina Grande.

No ano de 1984 este imóvel sofreu uma tentativa de demolição, o que o descaracterizou em seus aspectos originais, conforme é possível identificar as diferenças na parte superior da arquitetura.




por Rau Ferreira

Christiano Lauritzen
O prolongamento da ferrovia Conde d’Eu deve-se ao empenho de Christiano Lauritzen, na época Chefe da Intendência Municipal de Campina. O dinamarquês viajou à Capital Federal (Rio de Janeiro) para viabilizar o ramal que ligaria esta cidade à Alagoa Grande.

A comissão de estudos retornou em julho daquele ano, e firmou a primeira balisa no final da rua do Oriente, também conhecida como dos Mulungús, aquém do açude das Piabas. Estava esta primeira estaca apontava na direção do Riachão de Ingá, permeando as fraldas do elevado morro do Araçá e Oity, segundo sugestão de Irineu Jóffily.

O jornal A PROVÍNCIA de Recife republicou uma carta em que o velho intendente de Campina fizera publicar n’O Commercio da Parahyba. 

Christiano Lauritzen sobre a sua viagem e o esforço que empreendeu para a construção da via férrea de Campina. Em sua opinião o prologamento de Mulungú à Campina – em vez de Pilar à Campina, como era o traçado do projeto primitivo – era mais favorável às rendas públicas.

Para evitar discussões e divergências, aceitou as modificações e retornou no dia 10 de julho de 1890, acompanhado de dois engenheiros, o Dr. Crockratt de Sá e Corte Real, assim noticiado pela Gazeta do Sertão: 
“Última hora – Chegou ontem às 6 horas da tarde de volta de sua viagem à capital federal, o cidadão Christiano Lauritzen; acompanhado de dois engenheiros Drs. Crockratt de Sá, chefe da comissão que vai, segundo nos informam, fazer os estudos da estrada de ferro deta cidade à Mulungú, e o Dr. Corte Real.
Os três distintos Cidadãos foram encontrados por mais de cem cavalheiros.(...)” (Gazeta do Sertão: 11/07/1890).
Christiano sugeriu que a escolha recaísse entre Alagoa Grande e Campina, pois a serra que liga os municípios apresentava uma elevação gradual, evitando-se assim o terreno montanhoso dos contrafortes da Borborema.

O quilômetro do traçado estava orçado em 70,000$000, valor este que duplicava em face do cambio, muito aquém do orçamento público. Diante dessas complicações, considerava o dinamarquês as dificuldades da estrada de ferro, porquanto as companhias pouco se interessavam na sua construção, e explica-se:
“Sempre pensei que sem a garantia de juros, ou construção administrativa, seria difícil fazer-se uma estrada aqui no estado; portanto, negados estes dois meios, perdi a esperança de ver a estrada em Campina. Entretanto, entendi-me com o superintendente da Conde d’Eu, para saber se a companhia poderia contratar o trecho de Pilar a Itabaiana, por que parecia-me contratado o trecho de Timbaúba a Itabaiana pela Companhia Great Western, poderia estabelecer-se para o prolongamento de Campina um acordo ou competência”.
Na época, o superintendente da companhia – Mr. Sumner, informara que, em virtude de continuados prejuízos, a firma não poderia levantar capitais para este empreendimento, e com muita dificuldade realizava o contrato de Alagoa Grande.

Neste ponto da carta, desabafa o intendente municipal:
“Se eu estivesse na administração das rendas municipais aqui, teria ainda tentado como último recurso preparar o leito da estrada até os limites do município, embora tivesse de consumir durante uns 5 anos as rendas e meu trabalho na tentativa, que parecerá a muitos irrealizável, mas que não me intimidaria (...)”.
Com efeito, Lauritzen que estava a frente da intendência, em pouco menos de dois anos, e com uma renda inferior a 5:000$000, construiu um prédio para a instrução pública, edifício este que em 1901 estava avaliado em 15,000$000. E ainda na sua gestão, encomendou um “regulador” (relógio) para a igreja Matriz, este no valor de 1:500$000.Registre-se que a renda do município era pouco superior a 20,000$. 

Nos cálculos de Christiano, 16:000$000 seriam suficientes para contratar 50 homens com ferramentas, e havendo serviço diligente, haveria de se fazer o leito da estrada de ferro, desde que concorressem o auxílio do Estado e da União, porém faz critica a intervenção estadual, nestes termos:
“embora sem as obras de arte, e teríamos mais probabilidade de serem concluídos os trabalhos sem as exigências de garantia, porém para desconto dos meus pecados, e descrédito de um presidente do Estado que procura moralizar a sua administração, as rendas municipais de Campina constituem o patrimônio da família donataria d’esta aldeia colonial”.
Ainda havia uma esperança, se a companhia arrendataria, nos seus próprios interesses, enfrentasse o empreendimento. E ao que parece, o “gringo” demonstrava certo conhecimento de engenharia, quando escreve:
“Para isto poderá concorrer a discussão sobre a preferência de traçados, quando um d’estes é quase irrealizável pela dificuldade imensa que o terreno oferece? Parece-me que não, por muito fácil que seja o traçado do sul, por muitas vantagens que ofereça, ainda assim tenho dúvidas em ser realizado, quanto mais o traçado do norte. Uma das vantagens que se oferece à companhia, que só pode ser aproveitada no prolongamento do sul, é a condução do gado para o consumo de Pernambuco, o que é infalível, embora mais dispendioso, porque basta ser tentado por um marchante para os outros serem obrigados a imitá-lo, porque a superioridade da carne do gado conduzido no trem será suficiente para determinar esta modificação. (...). Quanto a ponto de partida do prolongamento, não tendo a companhia interesse em ser da estação ‘Rosa e Silva’, e pelo contrário haverá mais uns 12 kilômetros de estrada a contruir-se, estou certo que resolvido o prolongamento não haverá dificuldade em ser o ponto de partida Itabaiana(...)”.
A construção da via férrea de Campina foi uma verdadeira luta de Christiano Lauritzem, que empenhou-se pessoalmente:
“Para consegui-la, fiz sacrifícios até da minha segurança e tranqüilidade, aceitando as lutas políticas que só poderia prejudicar-me; no dia, porém, em que ouvir (embora mal) o apito estridente da locomotiva no planalto da Borborema, hão de testemunhar as loucuras que um gringo pode fazer, não pela destruição do seu Cartago, mas sim pela construção do maior e mais potente fator da civilização moderna”.
Ao final venceu o bom senso, e com o operoso esforço do dinamarquês o trem chegou a Campina em 02 de outubro de 1907. Fora recepcionado pelo então prefeito Christiano Lauritzen. O médico Assis Chateaubriand Bandeira de Melo fez a oratória, inaugurando uma onda de progresso e Campina nunca mais parou de ser grande.

Referências:
- A PROVÍNCIA, Jornal. Edição de 14 de novembro. Ano XXIV. Recife/PE: 1901.
- JOFFILY, Irineu. Notas sobre a Paraíba. Edição fac-similar de 1892. Thesaurus: 1977.
- JOFFILY, José. Entre a monarquia e a república. Livraria Kosmos Editora: 1982.
- SERTÃO, Gazeta do. Edições de 06/06, 11, 18 e 25/07. Campina Grande/PB: 1890.

Por Rau Ferreira (http://historiaesperancense.blogspot.com/)

O dinamarques Cristiano Lauritzen, em minucioso relatório apresentado ao Governador da Parahyba, faz uma importante descrição da cidade de Campina Grande.

Segundo aquele documento, o município limitava-se: ao Sul, com Alagoa Grande, Ingá e Cabaceiras; ao Poente, com Cabaceiras e Soledade; e ao Norte com Alagoa Nova e a povoação de Banabuyé. Os seus terrenos estavam divididos em três zonas: o brejo, que se extende ao Norte na estrada principal, onde se cultivam cana, café, mandioca, fumo e creais; a Caatinga ao Sul da mesma estrdada, terrenos mistos que produzem algodão e servem a criação de animais; a terceira zona era chamada de “Cariry Velho”, destinadas a criação de gado e que durante as secas possuía bom pasto, neste, era natural a Macambira, “cujo tronco ou talo contém uma massa que dá goma alva e nutritiva”.

As suas povoações ao seu tempo, eram: Fagundes, Queimadas, Boa-Vista, Pocinhos, S. Sebastião da Lagoa de Roça e a do Marinho. Explicando, portanto, a sua grande circunferência (300 km). E apesar de não haver recenseamento a população total estava estimada em 17 mil habitantes, sendo 4 mil almas na sede (Campina Grande). E alcançando aproximadamente 20 mil almas nos anos de seca.

O município que era comarca de 2ª. Entrância e freguezia de Nossa Senhora da Conceição, estava dividido em quatro distritos de paz, uma cidade e seis povoações.

A sede, outrora denominada de “Vila Nova da Rainha”, estava situada na chapada da Serra da Borborem a 560 metros acima do nível do mar, de clima temperado e sadio. Os seus subúrbios registravam quatro edifícios públicos e 713 casas distribuídas em dezoito ruas, além de duas praças e duas travessas.

Os prédios públicos eram: a Matriz (uma das mais espaçosas e de melhor arquitetura do Estado), a Igreja do Rosário (pequena e inconclusa), o Paço Municipal construído em 1877, onde funcionavam o Jury, o Conselho Municipal, arquivo e demais acomodações; e a Cadeia,”uma das maiores e mais sólidas do interior deste Estado”.

Na cidade ainda se encontravam uma aula pública para os sexos masculino e feminino; uma tipografia, duas casas de mercado, uma antiga praça municipal e outra moderna denominada de “Independência”, no lugar da feira.

Nos seus arredores haviam dois açudes públicos (Velho e Novo) e três particulares, além de diversas fontes de água.

O Açude Velho, quando cheio, tinha uma extensão de mil metros de comprimento e quarenta e cinco de largura, com profundidade de 10 metros. Seus baldes foram reedificados pelo IFOCS, por ordem do Barão de Abiahy em 1889.

O dito açude “Novo”, era bem menor em proporção. Não tinha afluentes e recebia águas que infiltravam nos taboleiros ao redor, “onde existe uma grande quantidade de ervas medicinais, como ipecacuanha, salsa e outras das quais toma a água, sem dúvida, as qualidades medicinais, que lhe são atribuídas, e uma cor de topásio queimado e gosto desagradável, que desaparece completamente depositada em vaso de barro um ou dois dias”.

As principais fontes de receita do município eram: os impostos da feira, o dízimo do gado e de animais de outros estados, e tributos cobrados sobre as edificações, lavouras e subprodutos da agricultura. Embora o seu autor considerasse que o melhor rendimento viesse do aforamento dos terrenos do antigo aldeamento dos Índios Carirys e determinasse a cobrança de “um real sobre braça quadrada”, havia um grande empecilho na sua arrecadação.

O terreno que passara a pertencer à municipalidade por decreto de 20 de outubro de 1857, sofreu invasão dos proprietários vizinhos. Era necessária uma demarcação, que no momento se mostrava inviável pois o Livro Tomobo do Pilar, em que estavam registradas a sua concessão, havia sido extraviado na sediação do Quebra-quilos. Era necessário organizar o dito foro sem a certeza dos seus limites. O local hoje é conhecido pelo nome de rua Índios Carirys.

O comérco era bem ativo naquele tempo, e explica o relator que isto se devia a sua localização, “colocada na desembocadura de três grandes estradas”, aguardando tão somente a chegada da estrada de ferro para o seu incremento.

Por fim, ao terminar o seu relato, propunha novas diretrizes para a organização do Estado, conferindo-se maior autonomia aos municípios.

Encerrado o documento, assinam Christiano Lauritzen, Manoel Gustavo de Farias Leite e Ildefonso de Brito Cunha Souto Maior.


Fonte:

- JOFFILY, Irineu. Notas sobre a Parahyba: fac-símile da primeira edição publicada no Rio de Janeiro em 1892, com prefácio de Capistrano de Abreu. Thesaurus Editora: 1977.

- JOFFILY, José. Entre a Monarquia e a República. Livraria Kosmos Editora: 1981.

- LAURITZEN, Christiano. Relatório apresentado ao Presidente da Província em 07 de outubro. Paço Municipal. Campina Grande/PB: 1890.



Por Rau Ferreira

Cristiano Lauritzen e Família

 A figura do dinamarquês Cristiano Lauritzem (1847/1923) foi aparecer nas patriarcais fazendas do sertão paraibano por volta de 1870, mercadejando jóias e quinquilharias. Campina era seu ponto obrigatório de pouso, e aí cortejou e casou-se com uma das filhas do Coronel Alexandrino Cavalcante de Albuquerque, Delegado da Villa Nova da Rainha.

A moça, de nome Elvira, contava vinte e três primaveras e o estrangeiro já alcançara a idade de trinta e seis anos.

Alexandrino era senhor da fazenda cabeça-do-boi, situada a cinco ou seis léguas de Campina Grande, numa das regiões mais ásperas e pedregosas da Província. A antiga sesmaria do cabeço fazia fronteira com os atuais municípios de Esperança e Pocinhos.

Em Campina, o sogro construiu para o genro a casa inglesa, servindo-lhe de loja e residência. E preocupando-se tão somente com os carnavais, entregou-lhe também a chefia política local.

Cristiano falava bem o inglês e tinha relações com firmas estrangeiras, tornando-se em pouco tempo o maior comerciante da cidade, vendendo fazendas e retalhos em grosso e a varejo, e fornecendo mantimentos ao governo, aos ingleses e aos fazendeiros da região.

Irineu Joffily era seu ferrenho adversário político e o descrevia como uma figura curiosa, muito alta e loura.

A Gazeta de Irineu só o tratava por “Gringo”. Em contrapartida, Cristiano dizia que Joffily não era católico, apondo-se as suas aspirações políticas. Talvez por esta razão, tenha fundado em 1911, o jornal “Correio de Campina”, que circulou até 1932.

Após perder a cadeira de Deputado Estadual e ser destituído da chefia do Conselho da Intendência em Campina (1890/1892), foi eleito prefeito em 1904, permanecendo no cargo até 1923, ano de sua morte. Nessa época, o sub-prefeito era Manuel Cavalcante Belo e o delegado de Polícia o major Lino Gomes da Silva.

Cristiano dava apoio ao governo de João Lopes Machado (1908/1912) e chefiava a política epitacista na Rainha da Borborema, sendo ele o responsável direto pelo prolongamento da estrada de ferro Great Wetern, que teve seu fim na cidade de Campina Grande.

O ramal foi inaugurado em 1907, cujo empreendimento na opinião de vários autores alavancou o progresso daquele município.

Cristiano Lauritzem faleceu aos 76 anos de idade.


Rau Ferreira


Fontes Consultadas:

- FILHO, Lino Gomes da Silva. Síntese histórica de Campina Grande, 1670-1963. Grafset: 2005.

- JOFFILY, Ireneu. Notas sobre a Parahyba: fac-símile da primeira edição publicada no Rio de Janeiro, em 1892, com prefácio de Capistrano de Abreu. Thesaurus Editora: 1977.

- JOFFILY, José. Entre a monarquia e a república. Livraria Kosmos Editora: 1982.

- MOTA, Leonardo. Violeiros do Norte. 5 ed. Livraria Editora Cátedra: 1982.

- SERTÃO, Gazeta do. Campina Grande, edição de 19 de dezembro. Parahyba do Norte: 1880.

- SUASSUNA, Ariano. Romance d'a pedra do reino e o principe do sangue do vai-e-volta: romance armorial-popular brasileiro. 2 ed. Livraria J. Olympio: 1972.
Por Emmanuel Sousa


Após inserirmos o assunto "Miss" em um dos posts anteriores do nosso Blog, devemos enaltecer a figura do ilustre cronista social campinense Josildo Albuquerque, o "Jô", que caracterizou-se por ser o grande incentivador dos concursos de misses na Rainha da Borborema, além das badaladas "Festas das Debutantes" que reunia todas as garotas que, durante o ano, debutaram em glamourosos Bailes de 15 Anos.

Durante as décadas de 1980/1990, Josildo Albuquerque ilustrava a Coluna Social do Jornal da Paraíba com os campinenses que se destacavam no cenário social. Na foto acima, em um dos seus característicos eventos realizados em Campina Grande, o colunista aparece ladeado por um dos símbolos sexuais brasileiros dos anos 80, a modelo Márcia Gabrielli, além do ator global Lauro Corona, falecido em 1989.

A vida de Josildo Albuquerque foi encerrada por iniciativa própria, durante os anos 90, quando o mesmo se lançou ao vazio do último andar do Hotel Serrano, pondo um fim na evidência do brilho dos socialites da Serra da Borborema, o "crème de la crème",  como diria com suas próprias palavras.

O também colunista Edson Félix, falecido em 2006, desenvolvia um trabalho biográfico sobre Josildo, porém, a obra ficou inconclusa.

P.S.#01: Comentário Enviado por Gustavo Ribeiro:
"Josildo antes de ser colunista social foi atleta e professor de natação. A depressão por conta do diagnóstico recebido, motivou o salto para a morte. Por ironia do destino, o ator Lauro Corona, que aparece ao seu lado na foto, contraiu o mesmo vírus.
É bom lembrar que Josildo Albuquerque foi o primeiro colunista social de Campina Grande a fazer sucesso também na Capital, monopolizando o setor de grandes festas e concursos.
Era um batalhador."


P.S.#02: Comentário Enviado por Clotilde Tavares:
"Eu conheci Josildo quando ambos éramos adolescentes. Tínhamos 15, 16 anos. Ele dançava muito bem, com aquelas pernonas compridas, muito magro, o cabelo na testa bem antes da moda lançada pelos Beatles. Era um garoto diferente dos outros e como sempre gostei dos diferentes vivia colada com ele, uma espécie de namoro inocente e bobo. Dançávamos a noite toda nas festas do Gresse, Caçadores... Por causa do cabelo na testa e do rosto miúdo, Mamãe o chamava de "Macaquinho", e é assim que ele está mencionado nos meus diários daquela época. Fui muitas vezes à piscina do Clube dos Caçadores torcer por ele. Em 1964 ele ganhou um campeonato de natação naquele clube, lembro bem porque era o ano do Centenário de Campina, e saímos da área da piscina abraçados, ele todo molhado... Depois que ele ficou adulto e se tornou cronista social, nunca nos distanciamos e sempre eu o via nas festas em Natal. Josildo Albuquerque, "Macaquinho": uma das mais doces recordações da minha adolescência." 


Cléa Cordeiro, Ivan Gomes e Josildo Albuquerque - Club Campestre

 
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