Em 1888, alguns criadores, imbuídos pelo desejo de propiciar o engrandecimento da raça cavalar em Campina Grande, organizaram um “prado” e fundaram, em um sítio deste Município, um circuito com 850 metros de extensão.
Em geral escolhia-se um local plano e de relevo suave. As disputas se davam em torno das argolinhas, em que os cavaleiros procuravam acertar com seus bastões, e corridas de cavalos.
O “prado” ao mesmo tempo animava o comércio desses animais servia ao propósito de animar o público. Segundo consta, no dia 23 de setembro daquele ano, concorreram 18 animais em uma disputadíssima competição, e no dia 30, compareceram cerca de 28 cavalos de proprietários da cidade e seus arredores. E apesar de não ter uma organização regular, registrava muitos freqüentadores que ariscavam seus palpites e realizavam apostas, e também proprietários rurais a ofertar vantajosos prêmios, desejosos ainda por adquirir os melhores cavalos da cidade.
As corridas tinham início às duas da tarde, prosseguindo até a boquinha da noite. Neste sentido, publicava a Gazeta do Sertão:
“No ensaio de 23 foi vendido um cavallo por 300$000 e outro por 180$. As corridas do prado se repetem aos domingos, e a concurrencia é sempre progressiva” (Edição de 05/10/1888).
“PRADO CAMPINENSE – Dia a dia vão se tornando mais animadas as corridas neste prado de experiência, pela grande freqüência que tem tido à par da ordem que tem reinado.
Ainda no domingo, 28 do passado, concorreram 31 animaes de diversos proprietários, parecendo que muitos delles serão approveitados para corridas nos prados de Pernambuco” (Edição de 02/11/1888).
Acrescenta-nos outra edição daquele jornal que, em pouco tempo, a corrida reuniu alguns sócios dispostos a premiar os vencedores, que concorriam em três categorias: Páreo Experimental (850 metros); Páreo da Gazeta do Sertão (1000 metros) e o Prado Campinense, com mil e duzentos metros. Era responsável o Sr. Ildefonso Souto, na Praça da Independência.
Entusiasta, a Gazeta publicava o resultado das corridas. Eis a síntese do dia 11 de novembro de 1888, onde se destaca o nome dos cavalos:
“Prado Campinense – Realizou-se no dia 11 do corrente a corrida annunciada, tendo o seguinte resultado:
1º Páreo – Experiencia, 850 metros. Venceu Taperoá, chegando em 2º lugar Crarina e 3º Paquete.
2º Páreo, Gazeta do Sertão 1000 metros. Venceu Japiassú e chegaram apaz elle Sadra Terra e Messicipe.
3º Páreo, Prado Campinense 1200 metros. Disputados entre Azucrun Jacú e Tapuio.
Houve grande concorrência e esteve animado o jogo da ponte.
Está anunciada nova corrida para o dia 18 do corrente”.
Chamamos a atenção para os nomes dos animais. Assim como acontece ainda hoje, os cavalos tinha um nome bem peculiar. Para a corrida do dia 02 de dezembro, estavam inscritos: Trem, Gavião, Muricaca, Cachiado, Taperoá, Canário, Bigode, Rio Preto, Periquito, Tocantins, Troly, Champade, Caxito, Bismarck e Sabiá.
Veja-se a relação dos concorrentes para o dia 23 de dezembro de 1888:
Prado Campinense – Estão inscriptos para a corrida do dia 23 do corrente os seguintes animaes:
1º Páreo, Habilitação, 850 metros:
1ª Turma: Surubim, Orenoque, Bilontra.
2ª Turma: Andorinha, Marfim, Vesúvio.
3ª Turma: Caicó, Periquito, Mosquito.
4ª Turma: Chupador, Perigoso, Troly.
2º Páreo, Gazeta do Sertão, 1000 metros: Cachiado, Gavião, Danúbio.
3º Páreo, Prado Campinense, 1200 metros: Muriçoca, Trem, Tapuio.
As corridas começarão às 2 horas da tarde.
Para informações e compra de ponte os interessados entendam-se com o Sr. Ilelfonso Souto, à Praça da Independência” (Gazeta do Sertão: 21/12/1888).
Outro detalhe curioso é que, no local onde se realizavam tais eventos, acorriam alguns moradores e, no seu entorno, formava-se um arruado que por geral se denominava “rua do Prado”.
ADENDO:
O bairro do Catolé era conhecido como "Prado". Os campinenses de mais idade, ainda hoje assim chamam aquela localidade. Só para ratificar, o canal do bairro se chama "Canal do Prado".
Referência:
- GAZETA DO SERTÃO, jornal. Edições de 05/10, 01/11, 09/11, 16/11 e 30/11, 21/12.
Campina Grande/PB: 1888
O meu avô Sebastião Antonio do Nascimento, nasceu em Boqueirão, mas era conhecido como Sebastião do Prado por ter vindo da fazenda do Prado, segundo o povo antigo. A gente descobriu que existe o riacho do Prado, ou das Piabas, perto de Campina Grande atual Açude Velho, se trata da mesma região que a do post?