Rau Ferreira (*)
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Torre do Tombo, em Lisboa/Portugal, conserva um riquíssimo volume manuscrito que data de meados do Século XVIII. Esta monografia, intitulada “Descripção de Pernambuco com parte da sua historia e legislação até o Governo de D. Marcos de Noronha, em 1746; e mais alguns documentos de 1758” contêm um importante registro histórico e geográfico da Parahyba.
Acerca de Campina Grande o autor relaciona as aldeias sujeitas ao seu bispado, nestes termos:
“Kariri: - Aldeia da Campina Grande, invocação de S. João, he de Tapuios Nassão Caucheentis, e o Missionário Sacerdote do habito de S. Pedro. – Aldeia do Brejo, invocação de Nossa Senhora da Conceição, he de Tapuios Fagundes, o Missionário Religioso Capuchinho” (R.IAGHP: 1904, p. 177).
Outro importante documento nos vem do Capitão-mór da Parahyba Clemente de Amorim e Souza, que sob as ordens do Governador Luiz Antonio de Lemos de Brito, percorreu as adjacências e fez uma relação “com os nomes e distâncias que há de umas a outras praticando a descrição dos rios que passam pela dita capitania, endividuando (sic) os seus nascimentos ditando as distancias em léguas”:
“[...] no sítio chamado paraibinha faz barra no dito Rio um Riacho acima uma légua está o sítio do próprio nome do Riacho e daí correndo pelo mesmo Riacho acima uma légua está o sítio chamado Bodopitá e daí duas léguas
está o sítio chamado S. Pedro; e daí quatro léguas está o sítio do Buraco que é o último sítio deste Riacho. E para parte da mão direito deste Riacho está o sítio e Missão de Campina Grande situado em uma légua e daí duas léguas está o sítio de S. Miguel situado em um olho d’água e deste duas léguas para baixo está o sítio da Cachoeira situado em um olho d’água. E da Campina Grande distancia de duas léguas está o sítio das Antas situado à beira de uma lagoa e daí quatro léguas está o sítio do Oriá (?) à beira de um açude e daí duas léguas está o sítio chamado Banabuié situado à beira de um açude e fora destes sítios em circunferência de dez ou doze léguas moram vários moradores que vivem de suas lavouras, por serem terras que só para isso tem capacidade e em um destes Brejos está situada a Missão ao gentio Fagundes que dista de Campina Grande já nomeada três léguas e todos os Rios, Riachos que tenho expressado nesta Relação nenhum é corrente exceto em tempo de inverno escalado este se passa a pé enxuto” (R.IHGP: 1953, p. 12).
Na Missão de Campina Grande estavam aldeados os Índios Kariris (ou Cariris, como queiram), que receberam a denominação de Ariús. “O cacique dos ariús chamava-se Cavalcanti porque já era batizado, e os próprios índios de sua tribo passaram a se denominar de cavalcantis. Os cavalcantis ficaram no centro de Campina Grande, enquanto os cariris ficaram na região de Esperança” (IHGP: 2000).
Rau Ferreira*
(*) Cidadão esperancense, bacharel em Direito pela UEPB e autor dos livros SILVINO OLAVO (2010) e JOÃO BENEDITO: O CANTADOR DE ESPERANÇA (2011). Prefaciador do livro ELISIO SOBREIRA (2010), colabora com diversos sites de notícias e história. Pesquisador dedicado descobriu diversos papéis e documentos que remontam à formação do município de Esperança, desde a concessão das Sesmarias até a fundação da Fazenda Banabuyê Cariá, que foi a sua origem.
Referência:
- R.IAHGP. Tomo XI, N° 60. Dez/1903. Empresa do “Jornal do Recife”. Recife/PE: 1904.
- R.IHGP, A Paraíba nos 500 Anos do Brasil. Anais do Ciclo de Debates. João Pessoa/PB: 2000.
- R.IHGP: Vol. XII. Editora Teone Ltda. João Pessoa/PB: 1953.
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