por Rau Ferreira
O “Campinense” data de 1892. Era uma publicação do Partido Republicano realizada na tipografia da Gazeta de Irineu Jóffily.
O jornal que surgiu em abril daquele ano era dirigido por José Martins, um jovem de apenas 31 anos. Sua publicação era semanal e cobrava 100 rs por linha comercial. Estava sediado na rua Conde d’Eu e a assinatura custava: 5$000 anual, 3$000 semestral e 120 Rs o número avulso.
Em sua 31ª edição, que tivemos acesso, apresentava como matéria de capa um capítulo de IRACEMA, de José de Alencar.
Na seção “Gazetilha”, noticiava o fato de um arrebatamento que fora vítima o Escrivão, tendo-lhe sido tomado de oito a nove processos que o Juiz Municipal lhe confiara na saída. Segundo uma criada do servidor, estes foram tomados por uma “pessoa interessada”.
Apresentava ainda o folhetim uma receita contra a “Cholera”, a base de ácido cítrico. Recomendava aspergir a solução sobre o assoalho, esfregando-a com um pão que em seguida seria queimado!
Noticiava a exposição de Chicaco e também os benefícios da eletricidade, publicando nota sobre a chegada de um ilustre campinense, a seguir reproduzida:
“Chegou ontem em sua Fazenda Socego o nosso amigo tenente-coronel Honorato da Costa Agra, vindo do Recife, onde foi procurar tratar de sua saúde bastante agravada.
Secenta cavalheiros acompanhavam o venerável ancião inclusive os seus dignos filhos e genros, entre os quais o nosso ilustre collega o Dr. José Agra, juiz municipal deste termo.
Felicitamos cordialmente o nosso velho amigo tenete-coronel Agra pelo feliz resultado que obteve da operação em si praticada pelo ilustre clínico do Recife Dr. Malachias, e à sua Exm. família pelo restabelecimento do seu idolatrado chefe”.
Publicava na íntegra o Decreto 113, de 21 do corrente, acerca da aposentadoria de dois juízes federais. E noticiava o falecimento de José Antonio Farias Capoeiro, falecido no último dia 07 de novembro de 1892. O agricultor, de 72 anos, veio a óbito em razão de uma hemorragia pulmonar.
Financiava aquela publicação a Loja da Estrela, de João da Silva Pimentel, sediada na Praça da Independência. A recente obra Notas sobre a Parahyba, de Jóffily. A firma comercial Bell & Cia e a Farmácia Moura, instaladas na Capital. O ourives Antônio Joaquim Candéa. O Tônico Juá-mutamba, que podia ser adquirido na Farmácia Martins, em Pernambuco. Os advogados João Francisco de Sá, com escritório em Campina na Praça Municipal, e Jovino Limeira Dinoá, da Comarca de Alagoa Grande. E a Emulsão de Scott.
Rau Ferreira
Referências:
- ARAÚJO, Maria de Fátima. Paraíba, imprensa e vida: jornalismo impresso 1826 a 1986. 2ª. Edição. Editora e Jornal da Paraíba: 1986.
- CAMPINENSE, Jornal. Ano I, Nº. 31. Edição de 12 de novembro. Campina Grande/PB: 1892.
- IPANEMA, Marcello & Cibelle. A Comunicação em Campina Grande. R.IHGB, Vol. 326. Janeiro/Março. Rio de Janeiro: 1980.
- RIBEIRO, Hortênsio de Souza. A imprensa em Campina Grande. R.IHGP, Vol. 11. João Pessoa/PB: 1948.
En la seção literária um capítulo mais da obra. "IRACEMA" de José de Alencar, que foi um grande secesso cinematográfico dos anos 50s com a atriz Ilka Soares que, com esse papel passou a ser uma grande estrêla do cienema Brasileiro!
Onde se encontra esta exemplar meu caro Rau?