Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
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Rua Maciel Pinheiro (Pç. Epitácio Pessoa)

A Revista “Eu Sei Tudo” era uma publicação carioca com periodicidade mensal surgida nos idos de 1917. Impressa pela Cia. Editora Americana S/A, destacava em sua linha editorial assuntos nacionais e estrangeiros, de cultura e modernidade. Com uma ilustração fora de série em suas mais de 100 páginas, trazia ainda anedotas, caricaturas, pensamentos e notícias do cotidiano. 

Dirigida por Aureliano Machado, com escritório na rua Buenos Aires, na antiga capital da República, sua assinatura anual custava 30$000 em nosso país e 36$000 no exterior. Havia ainda uma edição anual chamada de “Almanaque Eu Sei Tudo” com uma abrangência maior de assuntos. 

A edição de setembro de 1926 (N° 112, Ano X) contém uma reportagem de três laudas escrita por Veiga Júnor com o título CAMPINA GRANDE, onde o autor menciona os aspectos desta importante cidade nordestina. 

Ao iniciar o texto, o autor menciona a carta do Capitão-mór da Parahyba, Manoel Soares de Albergaria, dando conta que Theodósio de Oliveira Lêdo havia aldeado uma nação indígena dos Tapuyas lideradas por Cavalcante “junto aos Carirys, onde chamam de Campina Grande”.

Surgida no dorso de uma cordilheira, em zona fértil e salubre, tornou-se uma das mais antigas localidades paraibanas. A régia carta de 22 de julho de 1766 passou a termo o já florescente povoado; e treze anos depois erigida a Freguesia de N. S. da Conceição. Nesse aspecto, o articulista ressalta:

“Mais rejubilou-se a gente campineira com a provisão do bispado de Olinda, que lhe dava orago e cura, do que mesmo com o da Corte Portugueza elevando o povoado á categoria de villa”.

A execução imperial adveio em 20 de abril de 1790, e por sugestão de algum áulico da Corte denomina aquelas paragens de Vila Nova da Rainha, justificando Veiga Júnior a preterição pelo nome de Campina pela índole conservadora e tradicional do seu povo que “aceitou o nome official, mas d’elle não fez uso; resultando d’ahi o desaparecimento d’este, prevalecendo o antigo – Campina Grande – por que foi sempre conhecido”.

Quando a estrada de ferro cruzou o seu solo o comércio do algodão, fraco a princípio, tomou rápido incremento atraindo as atenções de empresários do norte-rio-grandense e pernambucanos. 

“A concorrência ás feiras semanaes augmentava consideravelmente. Os casebres de palha davam logar a habitações solidas e de relativo conforto. Campina Grande, simples mais altiva, não esperou que lhe constituíssem cidade, para mudar de roupa”.

Motivada por essa expansão, sem solicitação nem rogos de sua parte, ecoou nos confortes da Borborema a sua emancipação por ato da Assembléia Provincial que contou com a sanção imediata do Presidente paraibano padre Felippe Benício da Fonseca Galvão, em 11 de outubro de 1864, sendo dez meses depois sancionada a Lei 183, que transformava o termo em sede da Comarca.

A falta d’água, porém, foi seu maior empecilho durante longos anos, aplacada pelos açudes Velho – construção remota de 1830 - e algumas cisternas e pequenas represas, o chamado Novo, e o de Bodocongó, ambos de capacidade regular.

No ano daquela matéria (1927), Campina apresentava-se como a maior cidade de seu estado, depois da Capital, com 70.806 habitantes (Censo 1920) e uma área territorial de 6.750 Km2.

Informava-nos o folhetim que o Presidente João Suassuna encarregara pessoa idônea para fazer os primeiros estudos da canalização hidráulica do município, consistente na capitação de águas do reservatório de Puxinanã.

O prefeito Christiano Lauritzen – segundo o autor Veiga Júnior - com reformas de pequeno vulto, foi capaz de modificar o aspecto provinciano de Campina. Antes, “ao menor redemoinho, nuvens de pó invadiam a cidade; qualquer aguaceiro transformava-a num tremedal”, o que foi resolvido com o calçamento das suas principais artérias. Também foi este gestor responsável pela iluminação pública e a construção de um mercado e um grupo escolar.

A sociedade campinense soube muito bem acompanhar o novo estilo que se impunha, construindo o edifício do Club Renascença, sede do haute-gomme campinense.

Considerada o empório dos sertões antigos, Campina demonstrou desde cedo sua vocação de ser grande. Um povo ordeiro e progressista fez da pequena vila de outrora o maior centro do comércio e tecnologia da Paraíba. 

Encartam aquela revista algumas fotografias que fazem o registro histórico ao seu tempo.

Matriz Nsa. Sra. Conceição

Igreja do Rosário (1926)

Clube Renascença (1926)

Rua Afonso Campos

Referência:
- EU SEI TUDO, Revista. Ano X, N° 112. Cia. Editora Americana S/A. Edição de setembro. Rio de Janeiro/RJ: 1926.
- Wikipédia: Revista Eu Sei Tudo, disponível em < http://pt.wikipedia.org/wiki/Revista_Eu_Sei_Tudo>, acesso em 30/30/2013.

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