Hoje: Rua Sgt. Hermes Pereira, bem no final, numa curva estreita com a Rua Silva Barbosa) – Bela Vista/Bodocongó/Universitário - Foto Google |
A denominação “Volta de Zé Leal” se deve ao Sr. José Leal, proprietário de uma mercearia, (era a última casa da Av. Rio Branco) com um grande salão, onde vendia todo tipo de cereais e outras mercadorias (secos e molhados); inclusive, funcionava como bar, lá pelos idos de 1930. Segundo informações, ele era admirador e apologista da arte da cantoria. Sempre aos finais de semana juntava uma plateia para ouvir as pelejas dos cantadores e onde se passava a bandeja para se arrecadar seus cachês. Quem batizou o local de A Volta de Zé Leal foi o cantador Josué da Cruz. Na década de 1940, Zé Leal (José Batista Leal) foi morar em Timbaúba dos Mocós, Pernambuco. A Volta de Zé Leal tornou-se ponto de referência para as pessoas e marinetes na época.
A Volta de Zé Leal localiza-se nas mediações que beiram o final da Rua Arrojado Lisboa (a Rodagem; depois sgt. Hermes Pereira) e a que dá para a Rua Aprígio Veloso. Por sua vez, as Ruas Dom Pedro II, Idelfonso Aires e Rio Branco, descendo do Bairro da Bela Vista em direção ao Bairro de Bodocongó, todas desembocam para a Volta de Zé Leal. Lá, na Volta de Zé Leal, havia o caldo de mocotó de “Zé Carroceiro”, muito frequentado na época, o caldo de mocotó de seu Nere, a bodega de seu Lau, o sósia do garoto propaganda Gillete Azul, depois vendida ao Sr. Geraldo Rosa, e por sua vez vendeu também a Mané da Paciência, a bodega de seu Eloi Leal e repassada para seu filho Arquimedes Leal (Médio), a bodega, de Neco Rosa (Manoel Pereira), proprietário também de padaria e algumas casa na localização da Volta, o bar de Maria de Babú, a bodega de seu Arthur (tinha uma perna de pau), posteriormente adquirida por José Miguel (Zé de Beta) ainda existente no final da Rua Idelfonso Aires.
A fábrica de mosaicos de Waldemar e a Rodoviária Estrela do Norte, as oficinas de sapateiros de Antonio Bossinha, Zé Simão, e Neide de Antonio ‘Bossinha,’ o Sapateiro Esporte Clube, (desde 1962) e Cícero Miguel da Silva um dos seus fundadores, seu diretor, o Clube de Mães, o Milionário Esporte Clube do goleador Betinho, e o Humaitá Futebol Clube, (tendo como fundador, Geraldo Lisboa), os encontros dos artistas na casa de Duduta do Cavaquinho, aos sábados à noite e aos domingos pela manhã, frequentada por Zito Borborema, Genival Lacerda, Biliu de Campina, Abdoral, Valfrido, Miquirito do Pandeiro, Valdir com seu violão de doze cordas, entre outros artistas. O Xangô de Maria de Lourdes, uma transversal da Volta, na Rua Silva Barbosa.
E ainda, os barreiros de Chico Calixto, de Roldão Mangueira, e o açude de seu Belinho, onde íamos tomar banhos e aprendermos a nadar.
Zé Limeira, poeta do absurdo (por Orlando Tejo) em sua transgressão poético-surrealista, nos diz:
“[...] Pedro Álvares Cabral / Inventor do telefone / Começou a tocar trombone / Na volta de Zé Leal / Mas como tocava mal / Arranjou dois instrumento / Daí chegou um sargento / querendo enrabar os três / Que tem razão é o freguês / Diz o novo testamento [...] “
A Volta, tem um caminhar cultural, musical, desportista, pois lembrando a composição musical de Zito Borborema e José Pereira, em Minha Campina Grande: “Eu Vou deixar minha Campina Grande, Levo muita saudade no meu coração, levo saudade do banho de Bodocongó, do caldo de mocotó da Volta de Zé Leal [...]”
A primeira barbearia da Volta pertencia a seu Antonio Roque, pai do poeta Palmeira Guimarães, do jornalista Zildo e de Milton Aleijado, grande contador de piadas. Nego Isaias, proprietário do Chevrolet 53, pegador de frete, pai do jornalista Clóvis Lourenço de Isaias, que na primeira metade do decênio de 1970 fundou o bar “A Cocheira”, onde eram servidas batidas com nomes originais, tais como: Sangue Latino e Barreira do Inferno. O nome “A Cocheira” foi escolhido provavelmente pelo fato de o piso do bar ser recoberto com estrume de vaca.
Localizada na Rua Pedro II, nas imediações da Volta, funcionava a difusora “A Voz do Guarani de Zé de Holanda,” sob a locução de Xavier, filho de dona Rita, conhecida como “Pipa,” e Sinforosa, sua irmã cega. Ambas tomavam muita cachaça. Com vasta programação musical, rádio novela e postal sonoro, a Difusora cumpria o seu lado social de prestar serviço de utilidade pública, no caso de obituários, das pessoas carentes para arrecadar recursos para aquisições de ataúdes. Também na Volta de Zé Leal havia O Beco de Chico Rosa, pai de Paulo Gordo, feirante no Mercado Central.
E no espaço da Volta, a figura de “Angelita,” a iniciadora da “função social” com os adolescentes.
Tinha ainda, a figura dos flandeiros/flandileiros, como João Ventura, Raimundo, Abel, que faziam e consertavam panelas, bacias, candeeiros, bicas, entre outros artefatos de zinco, do lado da Rua Dom Pedro II.
O local do Posto Cristina, pertencente à empresa Cabral, terreno que pertencera ao Sr. Joaquim Bernardino, foi comprado por Romildo Paiva e que montou o referido posto.
Alí morava seu Antônio Calixto, fazendeiro e proprietário de cerca de dezenas casas e casebres, beirando a Volta, também, localizava-se a antiga Casa dos Arcos de seu (Belinho) Bento Figueiredo, ex-Prefeito de Campina Grande, no período de 12/09/1935 a 18/12/1935 e pela segunda vez depois do golpe de 1937, como interventor, de 04/01/1938 a 20/08/1940. As Caieiras de Neco Rosa, (fábricas de tijolos) e em sua administração a figura de Luiz Pezão, sua esposa Zefa, a filha Fubana e o filho Zé Buchudo seus assistentes.
Na época, havia (associado à figura de seu Belinho) a lenda do Papa-Figo, pois a meninada muitas vezes gazeava (faltava) as aulas, e outras vezes voltava do meio do caminho, pois tinha a figura do Papa-Figo para espantar. Dava um medo danado.
A Volta foi ambiente de figuras folclóricas como Gilberto “doido;”filho de Maria Coragem, corta-jaca dos romances de homens casados, Zequinha “doido,” que cunhava moeda da época com folha de zinco; Carlinhos da Volta, (Carlos Alberto da Silva), líder estudantil, o eterno estudante, e seu primo Zé Pereira, filho de Neco Rosa, cineasta, falecido em Brasília.
Cantadores que frequentavam a bodega de Zé Leal foram: Josué da Cruz, Manoel Raimundo de Barros, Manoel Serrador, Arthur Aires Cavalcanti, José Alves Sobrinho, quando tinha 17 anos, Canhotinho, Zé Gonçalves e Estrelinha, entre outros. Lá ainda mora, beirando a Volta, o poeta popular Manoel Soares com cerca de 90 anos.
Referências:
RODRIGUES, José Edmilson. GAUDÊNCIO, Edmundo de Oliveira. ALMEIDA FILHO, Silvestre. Memorial Urbano de Campina Grande. João Pessoa – PB, A União, 1996.
TEJO, Orlando. Zé Limeira – Poeta do Absurdo. Rio de Janeiro-RJ. Caliban, 11 edição. 2008.
Parabens pela postagem; valeu a pena! Eu sou conhecedor do local focalizado, A Volta de José Leal (Como diziam os nativos: A Vorta de Zé Liá) desde os idos de 1952. Naquela época, partindo-se de onde se localiza hoje o Colégio Estadual da Prata até a UFCG e a Embrapa, não era zona habitada era apenas um matagal. Por outro lado, também não existia a Rua Silva Barbosa. Desta forma, o transito para retomada da estrada para o sertão, atual BR-130 era então feito exclusivamente pela Volta de Zé Leal. No vértice da curva existia uma grande depressão à qual os moradores nonominaram de "O Vulcão". Lembro-me muito bem quando antes da intalação da Universidade funcionava no local o velho Horto Florestal que foi substituido posteriormente pelo Aviário e finalmente pela UFPb atual UFCG.
Conhecí e conviví com muitas pessoas citadas na postagem. Parabens pelas reminiscências...!
Para complementar o texto, lembro que a "Volta de Zé leal" também foi citada na música "Forró de Zé Lagoa" de Rosil Cavalcante no trecho que diz: ...tem nêga boa da "rodagem" e Zé Pinheiro, tem os cabras do Ligeiro tudo armado de "punhá".
Leia-se corretamente, BR-230.
Maria de Babu, dona do bar, era esposa de Babu, um motorista de Catolé do Rocha que foi morar em Campinha Grande. Enquanto Maria tocava o bar ele era caminhoneiro.
Fiquei curiosa com relação a uma passagem: ( "Na época, havia (associado a figura de seu Belinho) a lenda do Papa-Figo...") e gostaria de saber se se as ditas crianças acreditavam que o o Sr. Belinho era o Papa-Figos.
Daniella Alves
Sim. Era falado, à época, que o Sr. Belinho era um papa-figo. As crianças acreditavam e viviam assustadas com a possibilidade do papa-figo passar na Rua Silva Barbosa.
Achei que falou pouquíssimo do meu bisavô, ele teve uma participação enorme e todos sabem, é uma pena que seu nome tenha cido apenas citado! (Antônio Calixto)
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Concordo com Laryssa, Antonio Calixto foi figura emblemática na região. Um tropeiro da Borborema que fez história não só na Volta de Ze Leal mas em Campina Grande.
Parabéns pela matéria, importante para os mais novos terem conhecimento da história de Campina Grande!
Uma das músicas q retrata bem a volta de Ze Leal, é a música de Rosil Cavalcante a Lei da Compensação onde tinha como um dos personagens o Lendário Cabo Vaqueiro, policial respeitado em toda Paraíba pelo modo como enfrentava os desordeiros da época.
Acreditava sim eu mesma morria de medo.
Não conheci a volta de Zé Leal mas ouvi falar muito.Na música de Jackson do pandeiro ,,lei da compensação fala nela.
Só complementando o meu comentário,eu sou de Queimadasja morei em Campina Grande e atualmente moro em Cabo Frio RJ.Parabens pela pastagem e um abraço a todos!.
Hj moro aqui , tenho 24 anos . Essas história q foi citada um dia já escutei por alguém da família ou de fora mesmo.
o que eu pude perceber só quem escapou foi Zé de beta dono da bodega .
Mas o pai do meu avô que eu não O conhecir faltou ser citado , ele foi uma figura folclórica muito conhecido , seu apelido era "TÉTÉU" o mesmo carregavana um tonel na cabeça mesmo estando em uma bicicleta .
nassi e ainda moro na volta de ze leal na mesma casa fica defrente a bodega hoje tenho 60 anos e ninguen min tira da volta de ze leal
Seria bom fazer uma abordagem de como é hoje: assaltos e barulho de tiros quase todos os dias.
Passei parte da minha infância nesse lugar muito legal vê essa reportagem fui muitas vezes na bodega de médio minha avó morou até sua morte nesse lugar dona Dom. E ainda tinha Angelina muito conhecida. Seu Manoel sapateiro. Quantas lembranças desse lugar.
Estou a procura da história do bairro da bela vista
Boa tarde. Sou Marco Antônio. Sou de Campina Grande nasci no bairro de José Pinheiro em 19-04- 1956. Fui morar no bairro da Bela Vista aos dois anos de idade. Portanto conheço boa parte de sua história.Atualmente moro em Nata Rn. Minha família e parentes ainda residem na Bela Vista na rua Pedro ll. Sempre estou indo, pois amo de coração Campina, cidade onde nasci. Meus contatos: email: marcosradialista56@hotmail.com cel: 84- 98867-8965. Facebook: Marco A. Carvalho.
Ainda mais, quem quiser saber como surgiram os bairros PEDREGAL e RAMANDINHA add watssap 84 98867 8965
Tinha a sede do sapateiro que funcionava de segunda a sexta como escola primária e também funcionava como o clube de mães, no sábado tinha festa baile com conjuntos musicais da época (Os elétrons, Paquera, San Remo, Os vikings e outras grupos musicais) e no domingo tinha o clube do Papai Noel apresentado pelo locutor de bingos e eventos do bairro o finado Antônio Pantera que era irmão do contador de piada Zé Paquinha. Agora, bom mesmo era os bailes de carnaval com os conjuntos de samba que lotava a sede do sapateiro durante os quatro dias, e também como não lembrar o sensacional picado dancente aos domingos com muito samba ao vivo. Isso era nos anos 60 e 70, no começo dos anos 80 já foi acabando aos poucos, devido a falecimentos de lideranças do bairro, ao surgimento dos conjuntos habitacionais onde muitos que movimentavam a vida social no bairro se mudaram pra Malvinas, Severino Cabral e Presidente Médice. Mas, foi a melhor época da Volta de Zé Leal.
na verdade meu pai, Claudio alves ,me levou ate a casa deste senhor varias vezes e ficava de bate papo nas tardes de sábado, e um dia ele me falou, este senhor é o papa figos mais ele não faz mal o problema é que ele tem o fígado doente e é por isso que tem as pernas inchadas e tem a cor meia amarelada... ainda lembro desta historia e lembro de brincar nas escadarias do estadual da prata de escorrego e lembro do castelo assombrado que tinha por traz do estadual, se não me engano. saudade viu, muitas saudades.
Que maravilhoso, foi ter encontrado estas verídicas história também nasci neste bairro, fui muito feliz aí, sou uma dos filhos do nego Isaías, afilhada do Neco Rosa, morava em próximo da mercearia do seu Eloi,e fui visitado seu Chico Rosa e muita gente boa minha infância foi muito linda nesse lugar, sair daí cada,fui nora d seu nere do caldo de mocotó, tenho e deixe muitos bons e grandes amigos. Sinto muita saudade de tudo , resido hoje no interior de São Paulo Souza Rosilda filha de dona preta.deixo todo o meu carinho pra todos vcs.