Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
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QUAL ASSUNTO VOCÊ ESTÁ PROCURANDO?

Por Vanderley de Brito

Antigamente os rios eram os caminhos para o interior, pois, seguindo-os, não tinha como se perder nos ermos desses nossos sertões. Fundada em 1698, no início do século XVIII, Campina Grande já era uma povoação de relativa importância para a Capitania da Paraíba, como comprova uma carta datada de 1702 que mandava construir uma igreja nesta povoação, dotada de uma missão religiosa, e o caminho para lá era o riacho do Bacamarte, que a época era conhecido como “rio da Pedra Lavrada” desde sua foz até a atual cidade de Ingá, onde o riacho passava a ser denominado de rio da Cachoeira, como pude comprovar estudando centenas de cartas de sesmaria.

Canal da Cachoeira

O sertanista, missionário, tropeiro ou bandeirante, que vinha da capital, ou de Pernambuco, subia o rio Paraíba até o lugar Dois Riachos (em terras do atual município de Mogeiro) e tomava o riacho da Pedra Lavrada que desaguava ali. O nome de Pedra Lavrada para este riacho, sem dúvidas, foi dado em virtude da famosa Pedra do Ingá. A partir do sítio “cachoeira do Ingá”, onde hoje é a cidade de Ingá, o riacho tomava o nome de Rio da Cachoeira, e levava o viajante serra acima passando próximo ao lugar serra da Massaranduba e Marinho até chegar ao planalto da campina grande, de onde descia um expressivo íngreme formando uma sonora cachoeira. (este local era onde hoje fica o bairro da Cachoeira, ali próximo de José Pinheiro. Ou seja, o nome primitivo do riacho Bacamarte se manteve vivo na memória do povo).

Só no final do século XVIII o riacho mudou sua denominação para riacho do Bacamarte, a primeira referência que temos deste nome é de 1787. Acredita-se que o nome tenha se originado de um bacamarte que fora encontrado na sua margem na proximidade da atual cidade de Riachão do Bacamarte.

Com o processo de urbanização da cidade de Campina Grande, hoje não existe mais o olho d’água da nascente do Bacamarte, mas há uns dois anos fui até o bairro de Nova Brasília, zona norte da cidade de Campina Grande, para tentar localizar a antiga nascente do riacho Bacamarte.

O Bacamarte descendo do planalto da Campina Grande

Por se tratar de uma área urbana, a maioria de suas águas fluviais segue cursos subterrâneos e isso dificultou a localização da nascente. Contudo, me vali de estudos topográficos e guiando-me pelos canais e bueiros segui até encontrar a dita nascente. Segundo constatei a cabeceira do Bacamarte era numa antiga cacimba que atualmente se localiza no canteiro central que divide as mãos da Rua Terezinha Ribeiro.

Nascente do Bacamarte
Dali, o riacho segue para sudoeste penetrando no bairro de Santo Antônio e depois toma o rumo leste até o bairro de José Pinheiro, dali ele bifurca passando um ramo que se encaixa na calha do canal da cachoeira e outro que segue para o sul, passando por trás do cemitério deste bairro, de onde descamba serra abaixo para encontrar o outro ramo que, juntos, tomam o rumo norte em direção ao sítio Marinho, onde muda o rumo para o sudeste até sua deságua no rio Paraíba. O curso total deste riacho é de aproximadamente 60 quilômetros e, infelizmente, é composto principalmente por esgotamentos sanitários das cidades por onde passa, principalmente Campina Grande.

O bacamarte abaixo do planalto da Campina Grande

6 comentários

  1. Marcus Vinícius on 27 de abril de 2013 às 23:16

    É triste ver lençois d'água, antes tão importantes para o abastecimento dos viajantes, se transformarem em esgotos. Se houvesse empenho dos poderes públicos em providenciar a canalização e tratamento de toda a rede de esgotos, poupando os riachos e córregos, e houvesse um mínimo senso de cidadania e consciência da população, para não jogar lixo nos canais e cursos d'água, poderíamos, em alguns anos, ver restaurados esses velhos mananciais. De toda forma, parabéns pela pesquisa e pelas informações.

     
  2. walmir chaves on 28 de abril de 2013 às 06:00

    Lendo o excelênte postagem ia pensando exactamente o que escreveu Marcus Vinicius no seu comentário cheio de consciência cívica e sensibilidade. É chocante, quase dificil, seguir o relato e ver essas fotos tão escandalosas! Pensar que os índios , considerados salvagens e incultos, respeitavam quase religiosamente, a mãe natureza! Não existe em Campina uma secretaria de meio ambiente que controle essa barbaridade? Deveria ser punida a igual que o maltrato aos animais!!! Parabéns Vanderley pelo postagem que pode ser considerado também uma denúncia criminal!

     
  3. maniaco_da_camera on 28 de abril de 2013 às 10:28

    CARA PARA SE CONCRETIZAR ESSA POSTAGEM VANDERLEY DE BRITO PRATICAMENTE VIROU UM ESPECIE DE INDIANA JONES DA GEOGRAFIA CAMPINENSE PARABÉNS UMA DAS MELHORES POSTAGENS DESSE BLOG COM CERTEZA

     
  4. Anônimo on 28 de abril de 2013 às 12:36

    Esta postagem é algo mais que valioso. Parabéns ao Vanderlei e ao pessoal do RHCG por disponibilizar este espaço. Como diz o ditado: siga-nos os bons, o pessoal do RHCG está conseguindo captar aqueles que são os melhores!!!

     
  5. Soahd Arruda on 28 de abril de 2013 às 13:57

    que material interessante sobre o riacho da "Cachoeira"...também fez parte da historia de nossa cidade, assim como o Piabas, hoje os dois fazem aprte de uma unica drenagem, através de um obra urbana que ligou os dois canais de forma inusitada, um riacho (Piabas) servindo a dois afluentes de cursos tão distantes...Olha a foto da Cachoeira, que coisa linda.

     
  6. RICARDO PEREIRA on 7 de novembro de 2021 às 11:18

    Material super interessante, porém tenho uma dúvida quanto ao destino da nascente que você falou. Segundo vocês escreveu que as agua da nascente iriam pra José Pinheiro. Eu nasci e me criei no distrito do Marinho e posso te afirmar que as águas das nascente, que antes era uma grande lagoa, descem por um penhasco que fica na saída pra Massaranduba, bem próximo ao bairro do gloria. Essas águas vão se encontrar com o rio que vc citou lá no distrito do Marinho.

     


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