Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
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por Rau Ferreira

O coração enamorado procura maneiras para se expressar. Quer ele fazer conhecer, sem ser conhecido. O amor é mesmo um enigma, enquanto não correspondido deixa no ser apaixonado um misto de ânsia e medo.
Na década de ’20 os apaixonados se expressavam através de inscrições e cartas em revistas. A coluna do JORNAL DAS MOÇAS era a mais requisitada.
Revista aceita pela mocidade e com boa aceitação entre as senhorias, trazia a moda e as notícias que as jovens tanto desejavam e era o ambiente propício para troca de carinhos.
Os moços publicavam notas postais declarando o seu amor, muitas vezes sob pseudônimos que só os amantes da época puderam conhecer.
Trazemos para o deleite do nosso publico leitor algumas dessas mensagens de amor, resguardando obviamente o sigilo de seus autores:

Amor, ancia ephemera do prazer... eu te bendigo! Amizade, sentimento sublime e immarcessível, eu te rendo meu preito affectivo. Campina Grande. H. A.”

“Saudade: única flor que brota no jardim do meu coração! A ausência é a maior inimiga de dois corações que se amam, principalmente do meu, que sangra dia e noite. Campina Grande. Amor innocente

“A alguém de Campina Grande
É’s formosa! A sua meiga physionomia captivo-me e fez nascer em meu coração uma ardente paixão por ti. – Esperança – Parahyba. G. D.”.

“Ao A. F. B.
Campina Grande
A’s vezes, lendo os seus escriptos fico suspenso diante de uma inspiração tão rara. – Esperança – Parahyba – G. A”.

Por razões que não podemos aqui declinar, estes dois últimos bilhetes apesar da distinção do pseudônimo, foram assinados pela mesma pessoa.

“À senhorita Iracema C.
Minha amiguinha, és vaidosa, a vaidade é uma filha do orgulho, é o orgulho o primogênito da ignorância – Campina Grande – Parahyba do Norte. Leicam”.

“À Adélia
Tua leviandade vae ao extremo. Eis o teu defeito. Os levianos não têm amor, e o amor é essência d’alma. Campina Grande – Parahyba. Leicam”.

“À irmã do meu amigo
Sim, tenho admirado a tua fidelidade e talvez ainda te daria merecida recompensa. Mais vale uma esperança tarde, do que um desengano cedo!... ELICMA. Campina Grande – Parahyba”.

“À M. C. Moura
Amor é perfume; é harmonia; é delicias; é tudo que há de sublime e maravilhoso; e, em synthese, ‘amor vincit omnia’. Eu te amo! ELCIAN. Campina Grande – Parahyba”.

“À I. C.
Senhorita, peço perdão se fui inconveniente ou pouco delicado para comsingo na noite de 5 e 6, no Cine Appolo. Os burguezes sempre são descortezes. (Campina Grande – Parahyba). LEICAM”.

“À A. C. S.
O amor que te consagro me faz esquecer todas as ingratidões que commettestes. E. W. Campina Grande – Parahyba do Norte”.

“À J. B.
Deixa de ser tolo e ridículo. ALGUMAS STAS. CAMPINENSES. (Campina Grande – Parahyba)”.

“À Amélia
Sempre te admirei. Trago gravado no meu coração o teu nome e estampada a tua santa imagem. ECLIMA. Campina Grande – Parahbya”.

“À QUEM ME ENTENDER
- O amor é como a Digitallis, esta é uma linda flor mas o seu perfume envenena; e aquelle quando verdadeiro é um sentimento puro, quando hypocrita, envenena a alma. Campina Grande – M. F.”

“Sentado na pedra fria,
Lá no Riacho do Matto,
Eu vi n’água que corria,
O teu vulto, o teu retrato!”
Violeiro – Campina Grande”.

“Aquillo que me fascina,
Que me deixa perturbado;
É um olhar que me ensina
Ser poeta e namorado!

Lygio – Campina Grande”

Estes últimos postais em versos, mostram-se encantadores e de um SOL inebriante.
O Jornal das Moças funcionava na rua do Senado, 28, Rio de Janeiro. A assinatura anual custava 30$000, e semestral 16$000, e nos Estados o exemplar avulso era negociado a R$ 600, pagava-se adiantado.

 Referência:
- JORNAL DAS MOÇAS, Revista. Ano VII, Edião N° 287. Rio de Janeiro/RJ: 1920.
- JORNAL DAS MOÇAS, Revista. Ano VIII, Edições N° 314, 328. Rio de Janeiro/RJ: 1921.
- JORNAL DAS MOÇAS, Revista. Ano IX, Edições N° 372, 373, 377, 388. Rio de Janeiro/RJ: 1922.
- JORNAL DAS MOÇAS, Revista. Ano IX, Edições N° 395, 405, 432. Rio de Janeiro/RJ: 1923.
- JORNAL DAS MOÇAS, Revista. Edição de 05 de dezembro. Rio de Janeiro/RJ: 1926.
- JORNAL DAS MOÇAS, Revista. Edição de 24 de fevereiro. Rio de Janeiro/RJ: 1927

2 comentários

  1. Walmir Chaves on 8 de janeiro de 2013 às 08:47

    Que engraçado!!! kkk Enviar uma carta à revista no Rio e esperar que chegue a Campina para que a vizinha leia!!!kkk
    Não seria mais rápido botar um bilhetinho por debaixo da porta como se fazia nos 50? kkk

    Na capa: Deanna Durbin (Soprano e atriz dos musicais dos 40)nessa foto se parece mais a June Alysson a que fazia o papel de escritora no filme "Quatro Destinos" muito famosa até quase os 60.

    Adorava folhear revistas antigas só prá ver os artistas do cinema. Lembro-me haver visto essa e outras revistas semilares que guardavam minha mãe e minhas tias, como se fossem seus tesouros...kkk

     
  2. Anônimo on 8 de janeiro de 2013 às 15:53

    Massa!

     


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