por Rau Ferreira
João Tavares de Melo Cavalcanti [filho] nasceu em Campina Grande em 13 de outubro de 1848, filho de João Tavares de Melo Cavalcanti e Emília Augusta Benigna Viana.
Fez parte da Turma de 1871, da tradicional Faculdade de Direito do Recife. Com o seu bacharelado, montou escritório de advocacia em sua terra natal.
Um ano depois foi nomeado Juiz Municipal e de Órfãos dos termos unidos de Piancó e Misericórdia, sendo removido em 1874 para Alagoa Nova.
Naquela pequena cidade serrana celebrou matrimônio com a Sra. Maria das Neves Tavares Cavalcanti [dona Iaiá Tavares]– filha do Coronel Manoel Pereira de Araújo Oliveira - passando a residir no Sítio Geraldo. Desse consórcio nasceram os filhos: Manuel, Augusta Emília (Nenem), Maria Lídia, Emília Augusta, João (Joca Tavares), Pedro, Amélio e Carmita.
Abandonando a magistratura, voltando-se à política e a agricultura.
Integrou juntamente com Pio Faustino da Costa, José Diniz de Oliveira e Francisco Régis, o Conselho de Intendência Municipal, sendo o seu presidente. Em seu mandato, determinou a revisão de títulos e avaliação para os aforamentos da Sesmaria dos Índios Bultrins.
Proclamada a República, à falta de instruções, reuniu João Tavares os demais conselheiros e, em sessão extraordinária de 27 de janeiro de 1890, prestou contas de sua administração:
“Houve circunstanciada prestação de contas e como as mesmas observassem as exigências previstas, foram aprovadas e os trabalhos da Câmara Municipal melancolicamente encerrados” (SALES: 1990).
Elegeu-se deputado provincial por duas legislaturas (24ª - 1882/83, e 25ª - 1884/85). Foi 1º Secretário da Assembléia Legislativa e líder da bancada do Partido Conservador.
Proclamada a República, filiou-se ao Partido Republicano e foi eleito membro da 2ª Assembléia Constituinte do Estado (1892-1895), que proclamou a Constituição da Paraíba de 30 de julho de 1892. Neste pleito, obteve a imbatível marca de 10.687 votos.
Não tendo sido reconduzido ao cargo nas eleições de 1896, dedica-se a sua banca de advogado com grande atuação em Campina Grande. Entra o novo século afastado da causa pública, preferindo a tranqüilidade do engenho à árdua luta pelo poder, depois de ter disputado a presidência do Estado contra José Peregrino de Araújo, que saiu vencedor.
Nomeado prefeito de Alagoa Nova para a gestão de 1904/1908, imprime seu modo peculiar de governar. Institui como meta prioritária a construção de um prédio para funcionamento das escolas públicas e a melhoria da estrada que ligava o seu município à Alagoa Grande, concluindo ambos os projetos com grande êxito.
A estrada de rodagem foi alargada, construiu boeiros e alterou o seu traçado na garganta da Serra da Beatriz. O imponente edifício das “Escolas Reunidas”, refletia “em suas linhas sóbrias e em suas janelas de ogivas apurado gosto e o interesse pela instrução, marco decisivo no desenvolvimento da comunidade” (SALES: 1990).
Posteriormente, assumiu o cargo de 2º Vice-Presidente da Parahyba, ao lado de Walfredo Leal.
Faleceu em 10 de janeiro de 1910, vítima de um enfarto do miocárdio, sendo sepultado no Cemitério de Alagoa Nova sob o vetusto Pirauá.
A Câmara Municipal alagoa-novense reuniu-se em sessão extraordinária para prestar-lhes as últimas homenagens, com voto de profundo pesar. E no formoso prédio que dedicou à educação do Município, foi colocada uma pedra de mármore com os dizeres: “Os habitantes de Alagôa-Nova perpetuam sua gratidão à memória do Prefeito Municipal Dr. João Tavares de Melo Cavalcanti em cuja administração foi construído este edifício. Pelos serviços públicos e particulares que prestou a esta terra. 1910”.
Foi um dos sócios fundadores do IHGP, tendo assinado ata de sua instalação em 12 de outubro de 1905.
Assim consta nos anais daquela casa de memória:
“Bacharel em direito exercia competentemente as funcções de advogado, primando pela boa interpretação que dava as leis e pelo acatamento a verdade e a justiça.
Exerceu cargos políticos sempre muito critério e intelligência. Embora de natural calma foi sempre um destemido. Resoluto e sem temor sustentou todos os seus princípios mesmo numa época em que na parte opposta devia ter lobrigado o acenno de promessas sedutoras. Pois mesmo nesta época em que a dignidade política e a sinceridade eram achincalhadas, só a reputação do nosso saudoso consorcio era respeitada pelos adversários. É que o pranteado parahybano, sincero e austero, independente e forte, jamais em sua vida methodica e dedicada ao trabalho procedeu de modo a soffrer qualquer dos seus actos uma analyse desfavorável.
Extremoso pai, legou aos seus filhos a maior somma de bons exemplos, relativos a dignidade ao trabalho, a lealdade e ao civismo” (R.IHGP: 1910).
Com o seu desaparecimento – que deixou consternada toda a Parahyba – assumiu Dona Iaiá Tavares o comando do Sítio Geraldo, educando os filhos e participando por vinte anos da política local.
Referência:
- CÂMARA, Epaminondas. Os alicerces de Campina Grande: esboço hitórico-social do povoado e da vida, 1697-1864. Oficinas Gráficas da Livraria Moderna
- MARIZ, Celso. Figuras e fatos. Ed. A União. João Pessoa/PB: 1976.
- PINTO, Luiz. Antologia da Paraíba, séculos: XVII, XVIII, XIX e XX.: 1. parte: poesia, 2. parte: prosa. Ed. Editora Minerva: 1951.
- R.IHCG. Ano II, Vol. 2. Imprensa Official. Parahyba do Norte: 1910.
- R.IHGB. Vol 262, Jan-Março. Departamento de Imprensa Nacional. Rio de Janeiro/RJ: 1964.
- R.IHGP, Vol 12. Ed. Teone Ltda. João Pessoa/PB: 1953.
- TRIGUEIRO, Oswaldo. A Paraíba na Primeira República. Estado da Paraíba, Secretaria da Educação e Cultura: 1982
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