A sedição outrora denominada de “quebra-quilos” também serviu a outros propósitos. Em Campina Grande o negro Manuel do Carmo transformou o protesto em movimento libertário, levando parte dos escravos às ruas para exigir a sua emancipação. A eles aliou-se o tão conhecido negro Firmino, temido pelas autoridades locais. Pertencera inicialmente ao senhorio de Damião Delgado do Sítio Três Irmãs e depois a Alexandrino Cavalcante d’Albuquerque, proprietário do mercado onde teve início o levante.
O grupo de trinta a quarenta escravos marchou em direção ao Sítio Timbaúba, distante duas léguas desta Cidade, a procura do Presidente do Conselho Municipal que ali se refugiara juntamente com o escrivão da coletoria, o secretário e o procurador da Câmara. Cercaram a casa e exigiram a entrega do Livro de Fundo, onde estavam pintados os escravos novos. Havia uma insurgente tensão no local.
Após algumas ameaças eis que aparece Bento Gomes Pereira visivelmente nervoso, para entregar-lhes um livro qualquer. Os sediciosos retiraram-se, levando consigo àquele que pensavam ser o livro escravagista e fazendo reféns algumas pessoas que se encontravam naquela propriedade. Mas não antes de irem às forras, mesmo que simbolicamente, contra aqueles “senhores”, submetendo-os ao mesmo tratamento de que estavam acostumados a dispensá-los.
De volta à Campina foram procurados pelo Padre Calixto Correia da Nobrega, que tentando dissuadi-los do intento informou-lhes do logro de que haviam sido vítimas. A esta altura Belarmino Ferreira da Silva comandava um forte contingente militar que colocava em desvantagem numérica os revoltosos.
Sem uma orientação clara e antevendo um conflito armado, os escravos liberaram os reféns e “perambularam desnorteados, terminando por debandar pelos matos vizinhos” (DONATO: 1996). Com a sua saída o quebra-quilos perde força e logo foi abafado, sendo presos os supostos dirigentes.
Por Rau Ferreira
Fonte:
- UFBA. Afro-Ásia. Vols. XXXI e XXXII. Editores João José Reis, Renato da Silveira e Valdemir Zamparoni. Centro de Estudos Afro-Orientais. Universidade Federal da Bahia: 2004.
- DONATO, Hernâni. Dicionário das Batalhas Brasileiras. 2ª. Edição, Revista e Ampliada. IBRASA. São Paulo: 1996.
- JOFFILY, Geraldo Irinêo. O Quebra (-)Quilo. Volume 1 de Série Cadernos de história do Brasil. Ed. Thesaurus: 1977.
- MOURA, Clóvis. Dicionário da escravidão negra no Brasil. Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo/SP: 2004.
- ROCHA, Solange Pereira da. Gente negra na Paraíba oitocentista – população, família e parentesco espiritual. Editora Unesp. São Paulo/SP: 2009.
O grupo de trinta a quarenta escravos marchou em direção ao Sítio Timbaúba, distante duas léguas desta Cidade, a procura do Presidente do Conselho Municipal que ali se refugiara juntamente com o escrivão da coletoria, o secretário e o procurador da Câmara. Cercaram a casa e exigiram a entrega do Livro de Fundo, onde estavam pintados os escravos novos. Havia uma insurgente tensão no local.
Após algumas ameaças eis que aparece Bento Gomes Pereira visivelmente nervoso, para entregar-lhes um livro qualquer. Os sediciosos retiraram-se, levando consigo àquele que pensavam ser o livro escravagista e fazendo reféns algumas pessoas que se encontravam naquela propriedade. Mas não antes de irem às forras, mesmo que simbolicamente, contra aqueles “senhores”, submetendo-os ao mesmo tratamento de que estavam acostumados a dispensá-los.
De volta à Campina foram procurados pelo Padre Calixto Correia da Nobrega, que tentando dissuadi-los do intento informou-lhes do logro de que haviam sido vítimas. A esta altura Belarmino Ferreira da Silva comandava um forte contingente militar que colocava em desvantagem numérica os revoltosos.
Sem uma orientação clara e antevendo um conflito armado, os escravos liberaram os reféns e “perambularam desnorteados, terminando por debandar pelos matos vizinhos” (DONATO: 1996). Com a sua saída o quebra-quilos perde força e logo foi abafado, sendo presos os supostos dirigentes.
Por Rau Ferreira
Fonte:
- UFBA. Afro-Ásia. Vols. XXXI e XXXII. Editores João José Reis, Renato da Silveira e Valdemir Zamparoni. Centro de Estudos Afro-Orientais. Universidade Federal da Bahia: 2004.
- DONATO, Hernâni. Dicionário das Batalhas Brasileiras. 2ª. Edição, Revista e Ampliada. IBRASA. São Paulo: 1996.
- JOFFILY, Geraldo Irinêo. O Quebra (-)Quilo. Volume 1 de Série Cadernos de história do Brasil. Ed. Thesaurus: 1977.
- MOURA, Clóvis. Dicionário da escravidão negra no Brasil. Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo/SP: 2004.
- ROCHA, Solange Pereira da. Gente negra na Paraíba oitocentista – população, família e parentesco espiritual. Editora Unesp. São Paulo/SP: 2009.
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