O Edificio São Luis, na época, propriedade de Luis Motta, foi o lugar eleito para a instalação da Radio Borborema, acontecimento que marcou um ponto importante na sociedade campinense no ano 1949, estabelecendo uma forte concorrência com a Radio Cariri que tinha apenas um ano de vida. Era, talvez, o mais bonito e moderno prédio da cidade. Com dois andares, que eram quase todos ocupados pela Radio. No primeiro andar funcionavam os escritórios e no segundo um pequeno estúdio, uma sala de controles e um grande auditório para os programas dirigidos ao público.
Lembro-me que no inicio dos anos 50 um aparelho de Radio era um objeto de luxo e desconhecido para a maioria da população e que era comum que muitos fizessem silêncio nas suas casas para escutar as rádios dos seus vizinhos. E na hora da novela às 20hs, depois da famosa “Hora do Brasil” ( que era transmitida desde o Distrito Federal para todo o pais, com as noticias do Govêrno Federal e que somente escutavam os homens interessados pela política) se reuniam muitos vizinhos nas casas, enchendo as salas e outros pelas janelas, para escutar as novelas. Era um encontro diário, onde se escutava o capitulo do dia e no fim se analisava e se faziam as suposições sobre como resolveriam os personagens seus problemas, já que os capitulos acabavam sempre com um suspense...Era realmente divertido e um exemplo de fraternidade entre vizinhos...Aconteceu o mesmo quando chegaram os aparelhos de televisão no ano 1963...
Freqüentar o auditório da Radio Borborema para ouvir os cantores locais e os famosos cantores do Rio que nos visitavam passou a ser algo comun para a sociedade da época e senhoras elegantes e bem vestidas, mostrando suas jóias e seus maridos aplaudiam, discretamente, aos artistas. Cantores e locutores também bem vestidos, algumas vezes “a rigor” davam um aspecto de solenidade, bom gôsto e categoria ao show... Ou eu sentia assim, pois era um garoto e só acompanhava meus pais porque insistia muito porque “eu queria ser artista” !
Foi assim a “Epoca de Ouro” da Radio Borborema que durou apenas uns poucos anos. Porém foi o alicerce da formação de muitos bons profissionais dos quais alguns foram trabalhar no Recife e no Rio de Janeiro.
Nos seus primeiros anos a Radio Borborema tinha uma programação artistica bastante variada. Começava desde às 8 da manhã no auditório com o programa “Luar do Sertão” com Rosil Cavalcante, violeiros e repentistas e continuava de 10 a 12 hs com “Linea de Frente” programa humoristico dirigido e apresentado por Fernando Silveira e o cast de radiatores que faziam rir ao público com suas histórias de viúvas desesperadas, cruzes de linhas telefônicas, maridos enganados e etc. Na tarde haviam programas musicais e os programas que atendiam aos pedidos dos ouvintes, com dedicatórias musicais, eram os preferidos. As 20hs a novela que duravam só meia hora e seguiam os programas de auditório com cantores e radiatores, três vezes por semana...Lembro-me que me impressionava muito a beleza e elegancia da cantora Dina de Almeida quando cantava na penumbra e iluminada somente por um foco, com seu vestido comprido suas luvas três-quartos pretas e com um decote enorme...Minha mente infantil voava e voava...
Passados uns anos, aprovei um teste para radiator, dirigido por Fernando Silveira, realizando assim um sonho da infância e comecei a fazer pequenos papeis nas novelas, algumas escritas pelo próprio Fernando e com um sucesso impressionante, como foi “O Anjo Negro” que contava as tristes vivencias dos escravos nordestinos.
Lembro-me que guardei em segrêdo para a famillia e amigos que estava trabalhando na Rádio e só descobriram quando acabou a novela , porque houve uma apresentação no auditório de todos os intérpretes... Não sei bem porque atuei assim. Talvez fosse por temer o fracasso...
Nos primeiros meses me sentia feliz e orgulhoso convivendo com os artistas que admirava. Algumas dessas personalidades merecem ser destacadas: (Continuará na Parte II)
WALMIR CHAVES
Nascido ( detrás da Catedral) em Campina Grande -Pb.
Sociólogo (UFPB);
Curso de Arte Dramático na Universidade de Teatro de Paris;
Curso de Formação e Pesquisas Teatrais no C.U.I:F.E.R.D, Nancy-França;
Cursinhos de Teatro com eméritos diretôres do Teatro Europeo ;
Professôr na Escola Superior de Teatro de Barcelona ;
Atôr e Diretor de Teatro ( Havendo trabalhado na França, Suissa e Espanha) ;
Radialista
Atualmente: Aposentado - Reside em Barcelona -Espanha.
Sociólogo (UFPB);
Curso de Arte Dramático na Universidade de Teatro de Paris;
Curso de Formação e Pesquisas Teatrais no C.U.I:F.E.R.D, Nancy-França;
Cursinhos de Teatro com eméritos diretôres do Teatro Europeo ;
Professôr na Escola Superior de Teatro de Barcelona ;
Atôr e Diretor de Teatro ( Havendo trabalhado na França, Suissa e Espanha) ;
Radialista
Atualmente: Aposentado - Reside em Barcelona -Espanha.
Parabéns Walmir pelo seu belíssimo artigo sobre a nossa saudosa Radio Borborema a nossa ZYO7 e ZYJ21.
Faço minhas as suas palavras e nada mais tenho a acrescentar. Voce descreveu tudo aquilo que eu, como contemporâneo, tive o privilégio de assistir ao vivo. Sempre fui um eterno admirador da AM. Naquele tempo éramos todos felizes e não sabíamos...!
Excelente postagem. Mostra a força que tinha o rádio na época, dita de ouro. O rádio, a meu ver, foi a mais importante invenção da era moderna. Dele derivaram todas as outras modalidades de comunicação, que nem é preciso mencionar. Quando falo de rádio comercial,o famoso "broadcast", me refiro sempre às transmissões em AM,ou no máximo em SSB em épocas mais modernas. Naqueles tempos, as rádios eram ouvidas em locais muito distantes (DX) "na raça", sem auxílio de satélites, internet e outras "ajudas". Isso era muito prazeroso. Hoje,infelizmente, vemos os serviços internacionais em ondas curtas de quase todas as emissoras sendo desativados. No capítulo "FM", acho que, o que se prenunciava como radio recepção de qualidade (HI-FI), se configurou depois como uma grande decepção. Hoje, além da proliferação indiscriminada, a qualidade dos programas e, acima de tudo,a qualidade técnica de áudio de algumas emissoras, é simplesmente ridícula. Ainda sou ouvinte da velha e boa transmissão em Amplitude Modulada (AM), onde com um pouco de paciência, um bom receptor, uma boa antena e muita sorte, ainda encontramos vida inteligente neste verdadeiro caos que se tornou o espectro radiomagnético. Parabenizo o colaborador, pela postagem e esperemos por novas pérolas no futuro.
Eu gosto dessas lembranças, eu viajo no tempo! Por favor se possível coloque os anos.
PARABÉNS WALMIR CHAVES
EU TE CONHEC EI NESTA ÉPOCA,POIS MEU PAI MIGUEL CARNEIRO ERA O CHEFE DOS RECURSOS HUMANOS DOS ASSOCIADOS EM CAMPINA GRANDE!!!!
BOAS RECORDAÇÕES COMO A MISSA ANUAL NA CATEDRAL E A VIAGEM PARA O CHURRASCO NA FAZENDA AMAZONAS!!!!
ENTRE EM CONTATO CONOSCO.
marcotuliohu@gmail.com
Caro anônimo:
O relato abrange um período de 15 anos. De 1949 a 1964. Eu situaria a "época de ouro" da Radio Borborema entre 1950 e 1956. A partir daí havia poucos programas ao vivo e com o inicio da televisão em 1963 a radio passou a emitir somente os programas de stúdio.
Bravo Walmir! Muito bom o relato, e como nas antigas novelas radiofônicas aguardo com expectativa os próximos capítulos.
Rômulo Azevedo, gostariamos de um contato com o senhor, para gravarmos alguns audios. Nos mande um email ou telefone se possivel.
Sou neto de "Elisa cezar" grande atriz da radio novela na epoca e"José maria" grande violonista da radio na epoca tambem e q inclusive aparece na foto em cima, o terceiro da esquerda pra direita. Sou de recife e queria saber se vc tem algo guardado relacionado aos meus avós?? Desde já agradeço. Elias cezar
Olá Walmir!
Meus pais fizeram parter do elenco da Rádio Borborema, mas não foram citados nesta reportagem. Meu pai era locutor, Antônio Borges e minha mãe era a estrelinha da Rádio Borborema, Dinalva França. É uma pena não terem registro de suas apresentações nos programas de auditório da Rádio. Hoje minha mãe reside em Brasília e o meu pai em João pessoa. Leonel foi um grande amigo e colega do meu pai na Rádio e no Senado federal, quando trabalharam juntos na radiofusão do Senado, fazendo A Voz do Brasil nos anos 60.
Olá Sandra:
Para escrever esta matéria usei somente a minha memória concentrando-me nos anos em que eu trabalhei na Radio Borborema. Eu resido no exterior do Brasil e não tinha onde investigar sobre detalhes daquela época. Lembro-me de ouvir os nomes de Dinalva França e Leonel Medeiros quando era criança mas não os conheci... Lamento muito!
Que riqueza estas lembranças. Sempre fui amante do Rádio AM.Os programas da Radio Borborema embalaram todo o período de minha infância. Ia me deitar ouvindo o Forró de Zé Lagoa.Ali adormecia é minha saudosa mãe que fosse depois desligar o aparelho de mesa da marca Philips.
Alo Walmir:
Tenho uma prima chamada Violeta O. Lima, que fazia o papel de Maria Madalena, na Paixão de Cristo. Ela contava acontecimentos hilariantes desta época; sobre uma apresentação,que o rapaz que fazia o papel de Judas, quase morreu enforcado .Etc.Maria de Fatima Marques de A Pessoa
Boa tarde hoje e aniversario de minha mae frequentadora do programa clube do papai noel com seu irmao ivanildo nobrega cantores mirins que infelismente nao possuem foto alguma quando crianca por favor caso tennha fotos dessa epoca me informe. Elisane Nobrega. 084 999352440
Gostaria de saber se você tem alguma coisa sobre o Programa de Auditório do locutor Germano Ramalho, ele fazia o "Domingo Alegre" no Estadual da Prata... em 1990 eu cantei lá no programa dele.
Desde já agradeço!
Gostaria muito de saber informações sobre a historia do cantor de radio na Paraíba, Horacio Bacanaço,possivelmente nos anos 50 e 60.
Sou um Fã incondicional da querida ZY07 .
Gostaria de saber se o programa Clube papai Noel ainda existe.
Olá, você descobriu alguma coisa sobre ele? Ele é meu avô, mas morreu muito cedo
Eu só queria o Áudio dos Jingles que eu ouvia na Rádio.
Sandalias Dupé.
Cachaças Caranguêjo.
Bazar Eletrico.
Viação Seridó.
Codesa.
Força Jovem Vital do Rego......
Era a voz do Brasil, e não hora do Brasi..