Hoje, 08 de Outubro de 2014, Campina Grande - que aguardava com muita expectativa - receberá uma unidade da Livraria Nobel, que vem preencher a vacância de uma loja do gênero literário, que há muito tempo não se instalava em nossa cidade.
A chegada da Nobel vem resgatar a tradição do encontro de intelectuais e formadores de opinião que, no passado, era realizado na Livraria Pedrosa.
Aproveitamos o ensejo dessa inauguração, para republicar uma homenagem ao Seu Pedrosa, que em 2014 estaria comemorando 100 anos!
A cidade de Campina Grande deteve em seu patrimônio intelectual, desde o ano de 1953, a Livraria Pedrosa – espaço freqüentado pelos grandes “formadores de opinião” locais, instalada na Rua Maciel Pinheiro, mais precisamente no Edifício do Livro, esquina com a Rua Monsenhor Sales, construído sobre a área onde se localizava a antiga Praça Epitácio Pessoa, em frente ao Pavilhão Epitácio (CLIQUE AQUI).
Curiosamente, a Livraria Moderna foi montada por Yoyô Cavalcanti com recursos de um bilhete premiado em sorteio de loteria.
Iniciava-se ali a tradição do provimento da cultura literária e do material didático à população campinense que, como dissera Chico Maria sobre os itens disponíveis da Livraria Pedrosa: “Do crayon, da lousa, do tinteiro, da pena, do mata-borrão, material exigido por D. Ambrosina – diretora do Grupo Escolar Sólon de Lucena, até o último modelo da caneta Parker 51; da Carta do ABC; do caderno de caligrafia; de música; da Crestomacia; até o livro de receita culinária de Dona Benta. Da Teoria da Relatividade; do Livro dos Espíritos; de Branca de Neve e os Sete Anões ao mais novo Tratado de Medicina, Física, Direito e Engenharia.”
Seu Pedrosa empenhou força ao seu comércio relacionando-o ao slogan “Faça do Livro seu Melhor Amigo”, transformando, inclusive, o lema da livraria em um programa da Rádio Borborema apresentado diariamente, às 18:00hs, pelos radialistas Gil Gonçalves e Hilton Motta, onde era exposta a análise feita por ele próprio das novidades recebidas, quaisquer área do conhecimento como literatura, social, jurídica, religiosa ou tecnológica, possibilitando ao ouvinte, ter uma sinopse comentada sobre o livro que estava em destaque nas vitrines de sua livraria.
Da criatividade do comerciante, nasceu o serviço de entrega em domicílio das obras literárias aos seus clientes, de acordo com sua área de atuação profissional. Favorecido pela estreita relação que detinha com as grandes distribuidoras nacionais, os lançamentos aportavam em Campina Grande simultaneamente com o restante do Brasil, proporcionando a capacitação dos intelectuais da região de forma que se desenvolveu uma fidelização da clientela.
Onde um dia funcionou o "Beco do 31 Bar", vizinho à livraria, funcionou a "Fruteira de Cristino", o ponto de encontro dos amantes da literatura no passado, de propriedade de Cristino Pimentel, autor de um dos mais completos livros sobre a nossa História, chamado "Pedaços da História de Campina Grande", editado inclusive na gráfica da Livraria Pedrosa.
Segundo Chico Maria, em seu texto "Do Crayon à Parker 51", foi na fruteira, mais precisamente no salão dos fundos da loja, batizado pelos frequentadores como “Cenáculo”, que em um brinde regado ao “bate-bate primoroso”, uma especialidade da casa, criada pelo próprio Cristino, composta de aguardente pura e maracujá com açúcar, que nasceu a célebre frase "Faça do Livro Seu Melhor Amigo".
Enquanto funcionou o "Beco do 31 Bar ", havia uma placa afixada em sua parede que dizia: "Varanda da Saudade", haja visto que a Fruteira de Cristino que ali funcionara era o reduto dos grandes encontros literários, local que ficou conhecido como o centro das reuniões da intelectualidade e boemia campinense, onde segundo Honório Pedrosa afirma que "Alí, estavam sempre a espera do Livreiro, os seus diletos e inseparáveis amigos, tais como, o proprietário da casa Cristino Pimentel, Dr. Telha, Omega Sodré, Lopes de Andrade, Cláudio Porto, Hortênsio Ribeiro, Raimundo Asfora, Félix Araújo, Zeferino Lima, Anésio Leão, Antonio Pimentel, Epitácio Soares, Virginuis da Gama e Melo, Dante Cavalcanti, Zezé Buchudo (falecidos), e mais seus irmãos João e Arlindo Pedrosa, William Tejo, Orlando Tejo, enfim, boêmios e intelectuais da melhor cepa da cidade."
As dependências da Livraria Pedrosa foi palco do lançamento de obras de grandes mestres da literatura local, regional e nacional, à exemplo da presença de Jorge Amado lançando seu “Dona Flor e seus Dois Maridos”, que contou inclusive com o patrocínio do banqueiro campinense Newton Vieira Rique na produção do filme de mesmo nome.
José Cavalcanti Pedrosa, o "Seu Pedrosa da Livraria", foi alçado ao andar de cima do convívio terreno no dia 19 de setembro de 1994, poucos meses após receber homenagem pelo Bloco da Saudade, organizado pela empreendedora cultural Eneida Maracajá, durante a realização da Micarande neste mesmo ano.
Com o encerramento das atividades da Livraria Pedrosa, Campina Grande padece de um espaço para as artes literárias até os dias de hoje. Aliás, não temos mais nenhuma livraria do seu porte, ao passo em que os autores se valem, tão somente, de um conhecido sebo localizado na Rua Getúlio Vargas como única alternativa de escoamento das suas obras em nossa cidade.
Fonte Pesquisada e Fotos:
"Homenagem a José Pedrosa, O Livreiro de Campina", PMCG, Junho de 2003;
Nossos agradecimentos a Honório Cordeiro Pedrosa, filho do "Seu Pedrosa", que gentilmente nos enviou a Biografia e o livreto produzido pela PMCG.
Seu Pedrosa entre vasto o acervo literário da Livraria
MEMÓRIA FOTOGRÁFICA:
Abaixo, uma foto encontrada no endereço eletrônico "Picasa", mais precisamente na página chamada "Oriana": http://picasaweb.google.com/lh/photo/hbtmxZANx8drAM656p5n-A . Trata-se de um encontro na antiga "Livraria Pedrosa", um dos marcos culturais de Campina Grande. Era lá em frente, que as famosas "Ceguinhas" de Campina Grande ficavam sentadas, na busca do sustento antes da fama. Na foto, podemos observar o tribuno Raymundo Ásfora, apresentando um livro.
Na foto, identificamos João Pedrosa (à esquerda), Raymundo Asfora, o ex-deputado Aloísio Campos, o jornalista Tarcísio Cartaxo e o professor Sebastião Vieira, ex-reitor da UEPB.
A próxima imagem é de nosso acervo, um "marcador de livros" da livraria, que marcou época a todos que compraram livros naquele agradável ambiente.
Um verdadeiro achado fotográfico onde se vê o tribuno Raimundo Yasbeck Asfora. Quanto ao "marcador", eu tinha um na cor rosa. Lembranças da Livraria Pedrosa... aquele beco tinha um apelido que não lembro no momento.
Um forte abraço;
Rau Ferreira
Blog: "História Esperancense"
http://historiaesperancense.blogspot.com
Podemos identificar na foto: no canto esquedor, sr. João Pedrosa; do lado esquerdo de Asfora, Aluísio Campos,Tarcísio Cartaxo e Sebastião Vieira.
Mário Vinicius
PARABÉNS MAIS UMA VEZ AO CGRETALHOS POR RESGATAR AS MEMÓRIAS DE NOSSA CIDADE, E EM PARTICULAR NOSSOS AGRADECIMENTOS AO SR.EMMAMUEL SOUSA POR PRESTAR ESSA HOMENAGEM A SEU PEDROSA DA LIVRARIA, E SE ELE FOSSE VIVO DIRIA: "FORMIDÁVEL".
MUITO OBRIGADO, A FAMILIA PEDROSA AGRADECE MAIS UMA VEZ.
HONÓRIO PEDROSA
Do lado esquerdo da foto do prédio da Livraria Pedrosa, o prédio da Girafa Tecidos e um tradicional carrinho de feira, cada vez mais raro nos dias de hoje.
Muitíssimo interessante...
Repleto de curiosidadese muito bem contextualizado...
Sempre bom ter conhecimento de nossa terra e nossa gente.
Destro deste aspecto, a livraria Pedrosa tem sua importância como objeto de estudo historico e sociológico.
Meus parabéns ao Portal pelo belo resgate e parabens aos filhos do saudoso dono pelo pai que eles tinham e que formou os grandes homens de hoje.
Jóbedis Magno de Brito Neves
João Pedrosa (à esquerda),Atila (e cabeça baixa porque ele era muito tímido), Raymundo Asfora (com o livro na mão), o ex-deputado Aloísio Campos, o jornalista Tarcísio Cartaxo e o professor Sebastião Vieira, ex-reitor da UEPB.
Oriana Trindade de Almeida
Quanta saudade desta bela livraria! Ai minha mãe trabalhou (maria de Lourdes Sant' Anna) quando do início desta, também era ai que meu pai comprava os nossos livros de escola.
Incrível reportagem, regada de saudades do meu avô Arlindo Pedrosa, a equipe está de parabéns. Maravilhosa e exata.
Gostaria de aproveitar a oportunidade,de lembrar uma figura tão relevante,que apesar de usar uma camionete com auto-falantes,divulgava os grandes eventos da cidade.Seu nome era zé neri,morava na getulio vargas.Quando havia jogos do Treze,ou do Campinense êle saía pela cidade convidando os torcedores.Qualquer circo que cheegava...lá ia zé neri chamando para o espetáculo,lembro-me que até o Frei Damião andou naquela camionete.O zé fez parte da cultura e do folclore campinense
Waleska Pedrosa
Hoje me internei desta homenagem buscando a história da família, me deparei com está linda homenagem que por parte de muitos da família é simplesmente negligenciada e esquecida e nem se dão ao trabalho de passar a diante a história da família e preservar a cultura que nossos familiares tinham outrora sou bisneta de João Pedrosa filha de João Cavalcanti Pedrosa, um neto soberbo que jamais soube preservar e passar adiante os ensinamentos de sua mãe Djane Pedrosa e seu avô João Pedrosa eu perdida no tempo da história da família, busco sozinha os cacos que restaram pra mim. Saudades do meu Bisa ��
Fez parte importante da minha FORMAÇÃO CULTURAL
Lancamento do livro Bruxaxá de Atila Almeida.
Tirando Olivia no canto esquerdo, onde estavam as mulheres?