Matéria publicada no site G1 Paraíba, em 10/10/2014
Texto e Fotos: Diogo Almeida
A cidade de Campina Grande completa 150 anos neste sábado (11) e, neste período, diversos personagens e lugares históricos também festejam o aniversário do município. Um destes lugares é o Calçadão “Jimmy de Oliveira”, também conhecido como Calçadão da Cardoso Vieira ou apenas Calçadão. Localizado no Centro da cidade, o Calçadão é ponto de encontro para muita gente que faz parte da história de Campina Grande.
O Calçadão foi criado na Rua Cardoso Vieira, entre as ruas Venâncio Neiva e Marquês de Herval, em 1975. Após passar por uma reforma, quando foi ampliado duas vezes, o local voltou a ser reduzido para o tamanho original na década de 1990. De acordo com frequentadores do local, o apelido “Jimmy de Oliveira” surgiu como homenagem a um adolescente que morreu na década de 1970, um caso que comoveu a cidade.
Lourival Lopes |
Um destes frequentadores é o comerciante Lourival Lopes Barbosa, de 41 anos. Lourival chegou no local antes mesmo de se tornar o Calçadão. “Aqui antigamente era uma praça de táxi e desde essa época as pessoas já se reuniam para discutir assuntos relevantes”, explica.
O comerciante tem um fiteiro, instalado no local desde a época da fundação. “Estou aqui neste mesmo lugar desde o início. Fui um dos primeiros comerciantes a montar um ponto aqui. Na época que o Calçadão foi instalado de fato, houve uma padronização nas três barraquinhas que até hoje estão no mesmo lugar: o meu fiteiro, uma venda de queijo e um chaveiro,” disse Lourival.
Apesar de ser um trecho pequeno entre duas ruas, o Calçadão possui uma divisão clara entre os espaços destinados para os frequentadores do local, de acordo com o ex-jogador Silva Feijão, que já jogou como zagueiro pelo Treze e pelo Auto Esporte. “Aqui há uma divisão de territórios. Na ponta da Venâncio Neiva há a reunião dos músicos e cantadores. Aqui no meio reúnem-se os ex-esportistas, políticos, advogados e empresários. Mais na ponta, perto da Marquês de Herval, estão os garçons e vendedores de rua. Quem visita o Calçadão encontra pessoas de todos os tipos”, disse o esportista, que frequenta o local desde 1958.
O empresário Hamilton Fechine também é um frequentador do Calçadão. Ele conta que o local é ideal para discutir os principais assuntos da sociedade. “Aqui todo mundo entende de tudo. Política, futebol, notícias, religião, negócios, tudo que é assunto importante passa pela roda de amigos, todos ficam a par dos acontecimentos”, explicou.
Hamilton Fechine |
Entre as memórias do Calçadão, Fechine lembra das grandes reuniões na época da criação do espaço. “Desde a praça de táxi que a maioria destas pessoas já se encontrava para discutir os assuntos, todos os dias. É muito bom ver que até hoje essa tradição permanece, inclusive com gente nova chegando e gostando de frequentar o local”, contou.
No meio musical, vários tocadores são figuras frequentes no Calçadão. Rivaldo Trindade, que fundou a banda de baile 'Os Vikings', conta que se quiser encontrá-lo, basta ir ao mesmo banco do Calçadão. “Venho aqui todos os dias há mais de 40 anos. Meu lugar é nesta praça aqui, estou sempre neste mesmo banco. Inclusive gosto tanto daqui que já disse a meu filho que um dia quando eu partir desta vida, que faça uma plaquinha para pregar nesta árvore: 'Aqui ficava Rivaldo Viking'. Tenho muita memória boa deste lugar”, contou o músico.
Em homenagem aos 150 anos de Campina Grande, dois cantadores do local resolveram cantar alguns versos exclusivos para o G1. O garçom Paulo Loló, que também é cantor e compositor; e o famoso Biu do Violão, grande fã de Roberto Carlos e que chegou até a tirar foto com o ídolo durante um show do “rei” na cidade.
Paulo Loló canta sua homenagem em uma melodia que facilmente poderia entrar em um coco, sendo acompanhada com um pandeiro que poderia ser tocado por Biliu de Campina ou Baixinho do Pandeiro:
Paulo Loló |
"Campina Grande, Rainha da Borborema/ Como é bonito ver o teu amanhecer. Com o viaduto e o Parque da Criança/ Universidades ‘pros’ turistas conhecer / Açude Velho sempre tradição/ Caminha o povo cantando a canção.
Campina Grande terra da mulher bonita/ Terra do forró e do Maior São João / Branco é a paz, azul é o céu/ Para Campina Grande tirar meu chapéu.
Está escrito nas estrelas e desenhado lá no céu /Tu és a rainha, você merece o troféu!"
Já Biu do Violão experimenta recitar uma septilha que resolveu fazer de repente após terminar uma melodia no violão enquanto conversava com o G1. O cantor, desde que chegou em Campina Grande na década de 60 até os dias atuais, costuma frequentar os bares da cidade cantando músicas próprias e sucessos de Roberto Carlos:
Biu do Violão |
"Campina Grande é um sucesso, fabrico aqui de repente
É uma grande cidade, nunca foi imprudente
Dá valor ‘aos tocador’ de fora, abraça-os todo dia
E é fã de Roberto Carlos, e não gosta de anarquia
No dia 11 só vai dar Roberto, digo eu e assim ninguém duvida
Tô tocando meu violão, não podem dizer que menti
Que o Biu do Roberto Carlos é tocador por toda a vida!"
Paulo Loló Trabalhava na Mria Fumaça né?
Lourival Lopes (Loro) com 41 anos? Esta informação é correta? Estudamos juntos entre 68/69, o que já perfazem 45 anos e ele não era nenhum recém-nascido nesta época. Abraços ao Loro.
Amigo Paulo Gomes, obrigado pelo feedback. Fui eu quem fiz esta matéria para o G1 e, de fato, houve um erro na hora da digitação e acabei colocando a idade de outra pessoa no texto!
Amanhã mesmo perguntarei novamente a idade do Sr. Lourival e atualizarei a matéria com a idade correta.
Obrigado mesmo e me desculpe pelo erro. Ossos do ofício :)