Campina Grande encontra-se na margem oriental da Serra da Borborema - esse maciço quase achatado, formado por guineis e intrusos graníticas em rumo de Oeste a Leste prolongando por mais de cem quilômetros -, numa elevação que chega a 500 metros acima do nível do mar.
Destaca-se da sua produção agrícola o chamado “ouro branco”, algodão herbáceo que tem sido exportado para o mundo, através de um ramal de 80 Km de estrada de ferro que liga Campina a Itabaiana. Nesse aspecto, Campina abriu uma estrada de rodagem entre a cidade e a estação de trem para fluência do trânsito de mercadorias.
Essa cultura principiou nos Brejos, estendendo-se à Caatinga a plantação da valiosa fibra. Matas foram devastadas, e uma fábrica estabeleceu-se há 12 km da Capital com 424 teares e cerca de 700 operários.
O Estado dispõe de uma prensa hidráulica para o enfardamento do algodão, com capacidade para duzentos fardos. Em 1910, foram exportados 241.628 fardos de algodão, no valor comercial de 13.531:221$050.
Nos anos anteriores, a exportação do algodão alcançou as seguintes cifras em todo o Estado:
Extrai-se caroço do algodão um azeite, e esta semente também é aproveitada para a alimentação do gado. Esta matéria prima obteve no último qüinqüênio (1907-1911) a exportação de 7.745.774 quilos deste produto.
Campina tem uma fabricação de facas para exportação, cujo comércio lhe é bem rentável. E em algumas localidades do interior, com Banabuyé, há fabricação de mobílias de madeira indígena e manufaturas de fumo que acorrem ao seu prodigioso comércio.
Há em seus terrenos algumas aluviões de ferro, como também registram a existência de enxofre, arsênico, pedra-hume, salitre e resina mineral.
Campina é servida pelo telegrafo e uma estafeta. O observatório meteorológico estava a cargo desta repartição.
O município é sede da Comarca de Campina Grande, com um promotor público e um adjunto em cada termo, dividido ainda em distrito de paz onde os conselheiros municipais elegem o juiz respectivo para mandado de quatro anos.
À época, exercia a magistratura municipal o Dr. Francisco da Trindade Meira Henriques, que percebia dos cofres públicos a quantia de 3.600:000 anualmente.
O Judiciário local tinha o seguinte quadro de servidores:
Manoel Tavares de Mello Cavalcante, 1º Tabelião e Escrivão do Crime, Cível, Provedoria, Órfãos e Anexos (Lei n. 218/1904); Diogo Dias da Costa, Escrivão de Órfãos e Ausentes (interino); Ingnácio Simões da Silva, Escrivão do Júri; Jesuíno Alves Correia, Partidor e Contador (interino); Evaristo Fabrício do Espírito Santo (Distribuidor); José Justino de Almeida Leal, Oficial do Registro de Títulos e Documentos; José Maurício Barbosa, Oficial do Registro Civil e Casamentos (interino); e José Dias da Costa (Partidor).
A organização política dá-se da seguinte forma: O Conselho Municipal possui nove membros, enquanto que o Poder Executivo é exercido por um prefeito nomeado pelo Presidente do Estado.
O prefeito Christiano Lauritzen muito se esforçou para construir estradas de rodagem, currais para o gado e abrigo para os sertanejos em trânsito, contratando ainda a iluminação elétrica de várias ruas e praças, pois o seu comércio avulta consideravelmente. A sub-prefeitura estava a cargo de Manoel C. Bello.
Não há notícias de residências particulares servidas pela luz elétrica, talvez pelo custo do serviço. Contudo, não descartamos de inteiro esta possibilidade, pois como consta do relatório estadual:
“O preço para a illuminação particular é elevado; entretanto, sendo, como é, facultativa e estando no
interesse da Empresa procurar desenvolvel-a, estou convencido de que serão os contractantes impellidos a concessões que lhes permitam augmentar o consumo de energia” (Negócios Públicos Estaduais. Exposição do Dr. João Pereira de Castro Pinto. Estado da Paraíba: 1912).
Era professor diplomado vitalício José Gomes Coêlho (13/04/1898 – 18-12-1954), esperancense que fundou em Campina Grande uma sociedade de letras (1913) com o nome de “Gabinete de Leitura 7 de Setembro”, funcionando este na rua da Independência (atual Maciel Pinheiro).
A mesa de rendas de Campina estava assim constituída: Narciso Evaristo Monteiro (Administrador); Francisco Lustosa Cabral (Escrivão); Manoel Gustavo F. Leite, Joaquim Alves da Cunha Pedrosa, Protásio Francisco de Sá, Arthur A. dos Santos Filho, José Alves Leal, José Ananias Pereira, Claudino L. Nóbrega, Antônio R. Câmara e Manoel A. Lima (Agentes).
Em termos de segurança pública, exercia o cargo de Delegado José Ananias Pereira, sendo suplentes: Joaquim H. de Araújo, Aristóteles T. de Souza e Joaquim Alves C. Pedrosa.
Por esse tempo resolveu instalar pequenos destacamentos no interior, alocando praças e estabelecendo uma Companhia Isolada de Polícia em Campina Grande, medida que “afigura urgente mas que não foi possível tornar effectiva pelo temor de attribuir dispêndios insuportáveis aos nossos orçamentos” (João Lopes Machado. Mensagem à Assembleia Legislativa do Estado. Parahyba do Norte: 1912).
A Paróquia de N. S. da Conceição estava dirigida pelo vigário Luiz Francisco de Salles Pessoa.
A Escola de Aprendizes Artífices estava a cargo dos seguintes cidadãos: Jovino de Souza do Ó, João Marinho de Souza Ribeiro e Thomaz Bezerra Cavalcante.
A cidade experimentara o esplendor da sétima arte com o Cine Brasil (1909), instalado no antigo prédio da Instrução, nas Boninas, e depois com o Cine Popular, de José Gomes, freqüentado pela gente humilde e, naqueles
idos, funcionava o Cine Apollo, em sua primeira fase. O cinema só viria de fato com a iniciativa de Olavo Wanderley, em 1934.
Naquele tempo já circulava o “Correio de Campina”, jornal editado por Christiano Lauritzen para combater as idéias de Jóffily – veiculadas na “Gazeta do Sertão”, e seu Partido.
O Município já era bastante promissor, despontando o seu importante comércio. A cidade se organizava para ser o que hoje se mostra, como sendo a Rainha da Borborema.
Referências:
- Almanak do Estado da Paraíba. Ano XI. Diretor João de Lyra Tavares. Parahyba do Norte: 1913.
- IHGP, Boletim Informativo nº. 21. João Pessoa/PB: 1994.
- Jornal do Commércio. Edição de 22 de outubro. Rio de Janeiro/RJ: 1911.
- LEAL, José.Dicionário Bibliográfico Paraibano. FUNCEP: 1990.
Postar um comentário