(por Rau Ferreira)
Dotado de grande intelectualidade, Mauro da Cunha Luna (1897/1943) destacou-se em Campina pelas suas publicações culturais.
Professor, contador e diretor da Biblioteca Municipal, redator d’A Voz da Borborema, fundou em 1915 o “Renascença”, que circulou por três anos.
Autor de “Horas de Enlevo”, compôs o hino do Colégio das Damas.
O poema a seguir permaneceu quase que inédito, pois a publicação a seguir não teve muita circulação na Parahyba.
CAMPINENSE CLUBE
Ouço um brando rumor pela amplidão em fora,
Um rumor que, sublime,
Com doçuras idéaes, todas as almas vence...
Ouço. E meu coração, que se agita em plethora,
Esquece de repente o mundo, - dor e crime.
Para saudar cantando o egrégio Campinense!
E me fico a scismar e o rumor mais se agita,
Recresce e vibra mais,
Como se, para mim, rompesse, de momento.
Uma bella alvorada, esplendida, bêmdita,
Plena de olor, de som, de accordes festivaes,
Dando-me força ao estro e seiva ao pensamento.
Mas, senhores, que força estranha, incomprehendidida,
Faz-me vibrar assim?
Cheia de alacridade,
Como um mimo do CEO descido para mim?!
- Neste instante, eu me sinto alegre e satisfeito,
E, satisfeito e alegre, à egrégia sociedade,
Venho render, um canto, as véras do meu preito!
É, que no seio ideal do Campinense altivo,
Onde o riso esplandece,
Foi erguido um altar à Belleza e à Poesia...
O espírito, a subir e a subir mais, floresce
Em risos de esperança e cantos de harmonia!
Vêde. Pelo salão anda uma alegria intensa...
Cada rosto traduz os sentimentos d’alma...
Bem haja, pois, a crença
Excelsa, salutar,
Que nos brilhou no peito e nos mandou a palma
Dessa grande Victoria esplendida buscar!
Campinense altaneiro! Eu te saúdo a glória!
Eu te saúdo e exalço, olympico colosso!
- quero ver-te seguir, de Victoria em Victoria,
Para graudio do meu áureo ideal de moço!
São guardas ao teu lado, - esse mancebos fortes,
Para te soerguer, - eis outras sentinelas.
- Refiro-me às liriaes e cândidas cohortes
Das pláscidas donzellas,
Em cujo coração, rindo e cantando, impera
A crença que illumina a tua primavera!
Recebe, pois, o canto insulso, mas sentido,
Que, com viva alegria, eu te offereço, - e vence!
Vence! Vence o torpor, a insipidez, o olvido,
E sobe, e sobe mais... Assim, ó Campinense!
MAURO LUNA
(Campina Grande – Parahyba)
Referência:
- Site Retalhos Históricos de Campina Grande – RHCG, disponível em: http://cgretalhos.blogspot.com.br, acesso em 20/04/2013.
- LUNA, Mauro. O Campinense. O Malho, Ano XIX, N. 929. Rio de Janeiro/RJ: 1920.
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