Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
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QUAL ASSUNTO VOCÊ ESTÁ PROCURANDO?

Christiano Lauritzen
Equipe RHCG

O assunto “Chegada do Trem em Campina Grande” já foi bastante documentado aqui no blog “RHCG”. Este evento é um fator primordial no impulso econômico que a “Rainha da Borborema” sofreu durante a primeira metade do século XX e conseqüentemente, na importância de nossa cidade no panorama paraibano da atualidade.

O que poucos sabem é do período “pré-trem”, do anseio da população e também, dos debates políticos que o assunto provocava antes do ano de 1907. O jornal de oposição “Gazeta do Sertão”, que tinha como diretor Irinêo Joffily, publicou um artigo no dia 06 de junho de 1890, denominado “Via-Ferrea de Campina”, que relatava a luta para trazer a ferrovia para nossa cidade, além de “cutucar” o dinamarquês Christiano Lauritzen, o grande responsável por trazer o trem a Campina Grande. A seguir, reproduzimos o artigo, com singela adaptação aos moldes da linguagem atual:


Via-ferrea de Campina

Tem sido a nossa "defenda Cartago", o prolongamento da via-ferrea Conde D Eu até esta cidade; e este melhoramento tantas vezes reclamado já pela assembléia provincial em diversas sessões até 1888, e já pela imprensa, é hoje o desejo unânime da população deste Estado.

Mas apesar disto, não deixamos de experimentar surpresa com a visita, que em um dos últimos dias da semana passada, recebemos do presidente da intendência desta cidade *, declarando que partia para o Rio de Janeiro, com o fim de solicitar ao governo provisório a pronta extensão da estrada de ferro, até esta cidade.

A firme esperança que nutre o cidadão Lauritzen de resolver com a sua presença na capital federal, os obstáculos para a realização de semelhante empresa é fundada na intervenção de poderosos amigos.

Quais serão eles?

Não vemos outros senão os generais paraibanos, que tomaram parte tão decisiva na revolução de 15 de novembro**.

Reconhecemos a força que perante o chefe do governo provisório tem os generais Almeida Barreto e T. Neiva e o coronel João Neiva; força unanimemente reconhecida neste Estado, porque eles têm sido confiados os seus destinos.

E por isto mesmo temos lastimado que tão grande prestígio tenha sido empregado somente na criação e supressão de comarcas e nomeações de juízes de direito, visando apenas fins eleitorais; e, portanto até agora em pura perda para os mais urgentes melhoramentos deste Estado.

Mas se os distintos militares paraibanos podem facilmente dotar esta terra de que querem ser representantes no congresso nacional, com uma estrada de ferro; quererão eles que a glória fique ao presidente da intendência desta cidade?

Não é crível. O que se comenta é que a eleição está próxima e a estrada de ferro estando longe, é preciso que se fale sempre nela para produzir calculados efeitos.

Já se anuncia que o general Almeida Barreto pretende brevemente visitar esta terra, que não vê desde os verdes anos, quando entrou para a carreira em que tem colhido tantos louros.

O valente general seria recebido com as maiores aclamações, se conseguindo com seu prestígio a estrada de ferro de Campina, viesse ao mesmo tempo assistir a inauguração dos seus trabalhos.

Nenhum fato o recomendaria tanto na opinião pública. Promessas? Ninguém mais acredita nelas.

Res, non verbat ***

Como quer que seja, louvando a fé do cidadão Christiano Lauritzen, a fé que fez remover montanhas, agradecemos a sua visita desejando-lhe a mais feliz viagem.


* Christiano Lauritzen
** Proclamação da República
*** Fatos, não palavras


1 Comment

  1. Rau Ferreira on 3 de novembro de 2011 às 11:10

    Caros amigos Adriano e Emmanuel,

    Agradeço o incentivo e a nota publicada.
    O RHCG, patrimônio cultural Campinense, tem resgatado nossa história com grande maestria.

    Rau Ferreira
    Blog HISTÓRIA ESPERANCENSE

     


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