Filarmônica Epitácio Pessoa, fundada em 15 de novembro de 1898, e batizada popularmente de "Sá Zefinha" (Foto: Museu Histórico de Campina Grande) |
Reportagem Especial
As primeiras bandas de musicas de Campina Grande que se tem notícia surgiram por volta de 1890. Ambas representavam os dois partidos políticos locais.
A banda XV DE NOVEMBRO* pertencia ao Partido Conservador – que era liderado por Alexandrino Cavalcanti, sogro de Christiano Lauritzen – e tinha por regente João Borges da Rocha.
A EUTERPE CAMPINENSE ** – do Partido Liberal – estava a cargo do maestro Balbino Benjamim de Andrade. Os liberais tinham em suas fileiras nomes de peso como Irineu Jóffily e o Padre Francisco Alves Pequeno.
A Euterpe Campinense era formada pelos seguintes músicos: Antonio Joaquim Candéas (contra-mestre), Estanislau Tavares Candéas, Raymundo Nonato Tavares Candéas, Apollonio Alves Correia, Honório Alves Correia, José Smithson Diniz, João Batista dos Santos Filho, João Felix de Maria Sobrinho, Anacleto Eloy de Almeida, José Benjamim de Andrade, Mariano Plácito Correia, Tertuliano de Albuquerque.
Na Gazeta do Sertão, encontramos a seguinte nota dando conta de tais bandas:
“Obras da Matriz – No domingo e na quarta-feira de cinzas, 8 e 11 do corrente, grande número de pessoas, homens e mulheres, carregaram tijolos para as obras da matriz.
A música Euterpe Campinense deu um tom festivo ao trabalho do povo, prestando-se a tocar lindas peças desde a matriz até a olaria e na volta.
É digno de louvor o ato da música Euterpe Campinense; sendo esperar que continue.
Vem a propósito perguntar por que não procedeu do mesmo modo a outra música a 15 de Novembro? (...)” (Gazeta do Sertão: 13/02/1890).
Outro fato de que se tem notícia é que, no dia 03 de agosto de 1890, por volta das 16 horas, os músicos da Euterpe teriam se dirigido à casa onde os engenheiros da estrada de ferro estariam hospedados para prestar-lhes homenagem, mas não foram recebidos. Indignados, publicaram uma nota de repúdio:
"Entendíamos cumprir um dever sagrado oferecendo uma visita a esses engenheiros; mas desde que fomos desta forma desconsiderados, deixamos ao público o direito de julgar-nos” (Gazeta do Sertão: 08/08/1890).
Não encontramos maiores informações acerca da XV de Novembro, a não ser o fato de que era ligado à Intendência Municipal de Campina Grande.
Rau Ferreira
[*] Data alusiva à Proclamação da República
[**] Euterpe: org. grego, tradução com júbilo, alegria.
Fonte:
- ALMIDA, Elpídio de. História de Campina Grande. Edic̜ões da Livraria Pedrosa: 1962.
- FILHO, Lino Gomes da Silva. Síntese histórica de Campina Grande, 1670-1963. Ed. Grafset, 2005.
- RIBEIRO, Domingos de Azevedo. Música: orquestras e bandas da Paraíba. Coleção História da Paraíba em Fascículos. A União Editora: 1997.
- SERTÃO, Gazeta do. Edição de 08 de agosto. Campina Grande/PB: 1890.
- SERTÃO, Gazeta do. Edição de 13 de fevereiro. Campina Grande/PB: 1890.
Anacleto Eloy de Amleida meu bisavô.
Raimundo Nonato Tavares Candéas era esposa de minha parente Julia Galiza. A propósito se alguém souber mais sobres os antigos Galizas de Campina Grande me enviem um email annahelena@hotmail.com.br. Grata
Aniceto foi meu avô