Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
retalhoscg@hotmail.com

QUAL ASSUNTO VOCÊ ESTÁ PROCURANDO?


Rau Ferreira*

No dia 06 de maio do ano de 1817, pela manhã, levantou-se em Campina a bandeira da “revolução”. Simpatizantes alistavam-se nas fileiras aqui arvoradas, enquanto outros se punham a serviço da coroa. O governo imperial fazia-se representar, nesta Vila, pelo Sr. Antonio Gomes Loureiro.

O vigário Antonio Pereira de Albuquerque, em que pese mostrar-se inclinado a defender o soberano português, foi preso. Este escrevera, em carta, o quanto se esforçou para lutar em prol da armada, contudo, por razões de saúde, esquivara-se, procurando a Casa do Capitão-mór onde, antes de lhe justificar a falta, fora detido.

Por outro lado, o seu companheiro de batina, Vigário Rodrigues Campelo, aderiu francamente a causa revolucionária.

À tarde, por volta das 16 horas, houve um pequeno confronto. A tropa vinda de baixo desfraldava a bandeira real enquanto que os revoltosos agitavam a flâmula do governo provisório. Não houve perda. O Padre Pereira, acurralado, procurando refugiar-se na residência do chefe das ordenanças, estava clausulado. E o povo atônito escondia-se nas vielas observando com atenção os cavaleiros que subiam em disparada a rua da Matriz.

Esclarecia em nota o Secretário de Interior:

“O homem em que falais foi preso por denúncia que deram em Iguaraçu ao P. José Mariano, que era combinado com o Bento José Alvares Viana para ir fazer a revolução da Campina Grande, e por isso mandei-o prender e fazer apreensão nos papéis para ver se havia algum que provasse o fato de que foi denunciado. Deus vos guarde como vos desejo. Quartel do Governo das Armas, 14 de maio de 1817 (a) O P. Domingos Protº Jorge”.

O levante era alimentado pelas idéias americana e francesa que surgiram com a abertura dos portos. Vindas do vizinho Pernambuco, logo deram-lhe o nome de Revolução Pernambucana. Sob o tripé: independência, democracia e república, contaminaram toda a Parahyba. Contudo, em abril, deu-se uma contra-revolução, que culminou com a conquista da Capital e do Porto de Cabedelo. A partir de então, as forças provisórias perderam terreno.

Quatro meses depois de iniciada, o Governo Geral continha a revolução e ordenava a morte de alguns seus líderes e impunha penas de degredo a outros, a exemplo do Padre Virgínio Rodrigues Campelo – Vigário da Freguezia de Campina Grande – pronunciado em 06 de março de 1818, cuja sentença final se inscreve: “não se prova ser cabeça; e pelos factos arguidos. – Dez annos para Angola” (R.IHGB: 1866).

Foram executados, no Recife, Francisco José da Silveira, Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão, Amaro Gomes da Silva Coutinho, José Peregrino Xavier de Carvalho, e o padre Antônio Pereira de Albuquerque Melo.

* Cidadão esperancense, bacharel em Direito pela UEPB e autor dos livros SILVINO OLAVO (2010) e JOÃO BENEDITO: O CANTADOR DE ESPERANÇA (2011). Prefaciador do livro ELISIO SOBREIRA (2010), colabora com diversos sites de notícias e história. Pesquisador dedicado descobriu diversos papéis e documentos que remontam à formação do município de Esperança, desde a concessão das Sesmarias até a fundação da Fazenda Banabuyê Cariá, que foi a sua origem.

Referência:
- BRASIL, Biblioteca Nacional. Documentos historicos. Volumes 100/101. A. Porto & C. Ministério da Cultura: 1953.
- MELO, Homem de. Escritos históricos e literários. Eduardo & Henrique Laemmert Editores. Rio de Janeiro: 1868.
- MOURA, Clóvis. Dicionário da Escravidão Negra no Brasil. Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo/SP: 2004.
- R.IHGB. Revista Trimestral. Tomo XXIX. Primeira parte. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: 1866.

0 comentários



Postar um comentário

 
BlogBlogs.Com.Br