Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
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A Fazenda Santa Rosa de Boa Vista era a mansão caririzeira de Teodósio de Oliveira Ledo, o colonizador hinterland da Parahyba nos Séculos XVII e XVIII.
Localizada à margem do Rio de mesmo nome, a 3 Km de Boa Vista no antigo coração do “Cariri Velho” formava, com o Boqueirão de Antônio de Oliveira Ledo, o núcleo social sertanejo de sua época.
A propriedade pertencia aos domínios do Juizado de Paz do Cariry de Fora (1776), da jurisdição de Campina Grande. Sua fundação data dos dois ou três últimos decênios do Século XVII, graças ao esforço do próprio Capitão-mor Teodósio com vistas ao criatório de gado na região que avançava contra o silvícola nativo. Estima-se que tenha sido anterior à 1687, “no aceso da luta contra os índios confederados nos sertões do Rio Grande, do Ceará e da Paraíba” (Almeida: 1958).
Houve resistência bravia naquele terreno, constituindo a sede da fazenda num posto avançado de lutas contra o povo indígena.
Consta que D. Isabel Pereira de Almeida, quando requereu em 1716 uma Data de Sesmaria no Vale do Parahyba, já era viúva e tinha vários filhos. Era ela filha de Adriana de Oliveira Ledo e neta de Teodósio e de sua primeira mulher Izabel Paes.
Teodósio era mameluco, filho de pai português casado com brasileira. Consorciou-se com Izabel, que era neta de Ana Paes, descendente de holandeses, contribuindo esta senhora para uma gênese familiar alourada e de olhos azuis.
Dispostos a conservar a sua hegemonia, o casal propôs idéias, normas, usos e costumes que regulavam a convivência do grupo, formando na expressão dos sociólogos uma verdadeira “ordem existencial”.
Teodósio deixou o posto de Capitão-mór de Piranhas e Piancó em 1724. Morreu em 1742. Por direito de herança, aquelas terras passaram aos domínios de sua filha Adriana, ao neto Agostinho Pereira Pinto e à bisneta Tereza Pereira de Oliveira, que se casara com o português Paulo de Araújo Soares.
Foi durante a ocupação de Tereza e Paulo que a fazenda viveu o seu apogeu. Os seus descendentes povoaram quase todo o cariri, agreste e brejo. A esse respeito, narra a história que o casal Marinha Pereira de Araújo e João da Rocha Pinto, seus descendentes, “estabeleceram-se em Lagoa Verde (Banabuê - no brejo), cerca de oitenta quilômetros da fazenda Santa Rosa” (SOARES: 2003, p. 52).
A planície descampada da propriedade Santa Rosa fazia ondulações no plateau da Borborema, registrando-se riachos, córregos e vales estreitos, muitas vezes sombreados pelos bosques de quixabeira.
O seu clima era aprazível e saudável, porém irregular. O vento é brando e suave. A temperatura média anual apresenta-se acima dos 20ºC e atinge os 30º no período mais seco; caindo para 14º na melhor invernada. Porém, a irregularidade das chuvas preocupa o criador.
Ali a aroeira, a umburana e o umbuzeiro encontravam espaço para proliferar. Facheiros e mandacarus serviam para alimentar o gado vacum. Nos serrotes despontavam blocos de pedra, cumarus, cedros, pau-d’arcos e a imponente baraúna.
A aguada fazia vertente nos poços dos rios, nos alvéolos das areias, nas cacimbas de pedra e nas lendárias “lagoas de fundo de pasto”.
Na década de 50, a fazenda produzia um excelente queijo coalho, que era absorvido pelos mercados de João Pessoa e Recife, levando além de suas fronteiras o nome de Santa Rosa
Atualmente a flora xerófila apresenta 80% de plantas rasteiras e a pastagem é dominante na época da invernia, comum em regiões de caatinga decídua e rarefeita, onde desabrocha com toda a força o capim mimoso para a forrageira. O alimento da engorda, do couro e do leite, ressaltando a sua vocação agropecuária ao longo dos anos.


 Referência:
- ALMEIDA, Antônio Pereira de. Mansão Caririzeira de Teodósio de Oliveira Ledo. Artigo para A UNIÃO. Ano LXVI, N° 112. Edição de 25 de maio. João Pessoa/PB: 1958.
- SOARES, Francisco de Assis Ouriques. Bôa Vista de Sancta Roza: de fazenda à municipalidade. Campina Grande/PB. Epgraf: 2003.

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