A
Fazenda Santa Rosa de Boa Vista era a mansão caririzeira de Teodósio de
Oliveira Ledo, o colonizador hinterland
da Parahyba nos Séculos XVII e XVIII.
Localizada
à margem do Rio de mesmo nome, a 3 Km de Boa Vista no antigo coração do “Cariri
Velho” formava, com o Boqueirão de Antônio de Oliveira Ledo, o núcleo social
sertanejo de sua época.
A
propriedade pertencia aos domínios do Juizado de Paz do Cariry de Fora (1776),
da jurisdição de Campina Grande. Sua fundação data dos dois ou três últimos
decênios do Século XVII, graças ao esforço do próprio Capitão-mor Teodósio com
vistas ao criatório de gado na região que avançava contra o silvícola nativo. Estima-se
que tenha sido anterior à 1687, “no aceso
da luta contra os índios confederados nos sertões do Rio Grande, do Ceará e da
Paraíba” (Almeida: 1958).
Houve
resistência bravia naquele terreno, constituindo a sede da fazenda num posto
avançado de lutas contra o povo indígena.
Consta
que D. Isabel Pereira de Almeida, quando requereu em 1716 uma Data de Sesmaria
no Vale do Parahyba, já era viúva e tinha vários filhos. Era ela filha de
Adriana de Oliveira Ledo e neta de Teodósio e de sua primeira mulher Izabel
Paes.
Teodósio
era mameluco, filho de pai português casado com brasileira. Consorciou-se com
Izabel, que era neta de Ana Paes, descendente de holandeses, contribuindo esta
senhora para uma gênese familiar alourada e de olhos azuis.
Dispostos
a conservar a sua hegemonia, o casal propôs idéias, normas, usos e costumes que
regulavam a convivência do grupo, formando na expressão dos sociólogos uma
verdadeira “ordem existencial”.
Teodósio
deixou o posto de Capitão-mór de Piranhas e Piancó em 1724. Morreu em 1742. Por
direito de herança, aquelas terras passaram aos domínios de sua filha Adriana,
ao neto Agostinho Pereira Pinto e à bisneta Tereza Pereira de Oliveira, que se
casara com o português Paulo de Araújo Soares.
Foi
durante a ocupação de Tereza e Paulo que a fazenda viveu o seu apogeu. Os seus
descendentes povoaram quase todo o cariri, agreste e brejo. A esse respeito, narra
a história que o casal Marinha Pereira de Araújo e João da Rocha Pinto, seus descendentes,
“estabeleceram-se em Lagoa Verde (Banabuê
- no brejo), cerca de oitenta quilômetros da fazenda Santa Rosa” (SOARES:
2003, p. 52).
A
planície descampada da propriedade Santa Rosa fazia ondulações no plateau da Borborema, registrando-se
riachos, córregos e vales estreitos, muitas vezes sombreados pelos bosques de
quixabeira.
O
seu clima era aprazível e saudável, porém irregular. O vento é brando e suave. A
temperatura média anual apresenta-se acima dos 20ºC e atinge os 30º no período
mais seco; caindo para 14º na melhor invernada. Porém, a irregularidade das
chuvas preocupa o criador.
Ali
a aroeira, a umburana e o umbuzeiro encontravam espaço para proliferar. Facheiros
e mandacarus serviam para alimentar o gado
vacum. Nos serrotes despontavam blocos de pedra, cumarus, cedros, pau-d’arcos
e a imponente baraúna.
A
aguada fazia vertente nos poços dos rios, nos alvéolos das areias, nas cacimbas
de pedra e nas lendárias “lagoas de fundo de pasto”.
Na
década de 50, a fazenda produzia um excelente queijo coalho, que era absorvido
pelos mercados de João Pessoa e Recife, levando além de suas fronteiras o nome
de Santa Rosa
Atualmente
a flora xerófila apresenta 80% de plantas rasteiras e a pastagem é dominante na
época da invernia, comum em regiões de caatinga decídua e rarefeita, onde
desabrocha com toda a força o capim mimoso para a forrageira. O alimento da
engorda, do couro e do leite, ressaltando a sua vocação agropecuária ao longo
dos anos.
Referência:
- ALMEIDA,
Antônio Pereira de. Mansão Caririzeira de
Teodósio de Oliveira Ledo. Artigo para A UNIÃO. Ano LXVI, N° 112. Edição de
25 de maio. João Pessoa/PB: 1958.
- SOARES,
Francisco de Assis Ouriques. Bôa Vista de Sancta Roza: de fazenda à
municipalidade. Campina Grande/PB. Epgraf: 2003.
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