Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
retalhoscg@hotmail.com

QUAL ASSUNTO VOCÊ ESTÁ PROCURANDO?


O clima de acirramento político em Campina Grande comumente presente nos anos de campanha eleitoral está intrínseco no DNA de cada cidadão da nossa urbe.

A bipolarização de correntes ideológicas em nosso Município promoveu a maior tragédia já registrada em termos políticos, até hoje.

Campina Grande receberia figuras ilustres da política local para inauguração do sutuoso novo prédio dos Correios e Telégrafos (o atual), em plena campanha eleitoral, em um show-mício com palanque montado na Praça da Bandeira.

Tudo começou ainda à luz do dia, quando entusiastas e correligionários da UDN (União Democrática Nacional), liderados por Argemiro de Figueiredo iniciaram uma passeata pelas ruas campinenses, à partir da entrada da cidade, em Santa Terezinha.

A marcha coletiva percorreu à partir da Av. Paulo de Frontin várias ruas até a Praça da Bandeira, local onde se realizara uma das maiores concentrações políticas de Campina Grande, em toda sua História.

Segundo Josué Silvestre era uma "tarde inspirada de belos e aplaudidos discursos: Joacil de Brito, Ivandro Cunha Lima, Álvaro Gaudêncio, Hiaty Leal, Ernani Sátiro, João Agripino, Pereira Lima e, finalmente(...)Argemiro de Figueiredo".


O fato peculiar fora o fechamento do evento político com a apresentação de vários artistas da música, popular, consagrados nacionalmente, como Emilinha Borba, Luiz Gonzaga, conceituados artistas da áurea Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

Como não poderia ser diferente, ao final do espetáculo, a multidão dispersa aglomera-se em pequenos grupos ao longo do epicentro da festa, encontrando pelo caminho grupos políticos rivais que se reuniam em outros pequenos grupos que já demonstravam clima de confronto.

Estes pequenos grupos de pressão assumiram o tom de provocação e formaram, expontaneamente, um novo movimento que percorreu as ruas centrais da cidade, em forma de passeata, onde apenas as vozes ardorosas dos entusiastas deram força aos partícipes.

Após circular estas vias, o movimento retornou à Praça da Bandeira onde, os líderes da passeata invadiram o palanque montado para o comício da oposição, ainda decorado com os motivos Udeenistas. Diante de tamanho atrevimento, começaram os discursos fervorosos onde, não muito tempo depois, inicia-se a desordem, seguida de pancadaria ao som de disparos de armas de fogo.

Uma pancadaria generealizada se instalou na Praça da Bandeira, com a participação popular e da polícia militar; em poucos minutos de contenda fora registrado um saldo de 03 mortos e cerca de 20 feridos graves e dezenas de feridos com escoriações leves.


As vítimas fatais foram o bancário Rubens de Souza Costa, espancado por policiais; o mecânico José Ferreira dos Santos; e Oscar Coutinho, mecânico da empresa pernambucana que instalava os elevadores do prédio dos Correios.

Acerca de tamanha tragédia testemunhada, o escritor Josué Silvestre transcreveu o que registrara o advogado Aluísio Campos, então presidente do PSB local: "Jamais sofri tamanho desapontamento. Nunca testemunhara facínoras fardados investirem de modo tão selvagem sobre o povo para matá-lo friamente."

Testemunhas alegaram que policiais fardados se ajoelhavam e faziam pontaria em direção à multidão.

Fonte: "Lutas de Vida e de Morte", Josué Silvestre, 1982

7 comentários

  1. Prof. Mário Vinicius on 15 de março de 2010 às 14:38

    Sobre isso que você relatou, um conhecido meu narrou este fato.

    Certa feita, o pai dele foi a uma cidade do eixo Rio-São Paulo. Em certo momento, no centro da cidade, avistou uma pessoa. Esta pessoa reconheceu o viajante.

    "Seu Fulano ! Que prazer reencontrá-lo. O senhor está lembrado de mim ?"

    O homem se mostrou impassível. Olhou bem dentro dos olhos e disse:

    "Lembro, e muito bem ! Nunca esqueci da cena: você ajoelhado atirando contra a multidão no comíco da Praça da Bandeira".

    O homem não quis escutar mais nada... Sumiu na multidão.

    Omiti os nomes de quem me contou e do pai dele por motivos óbvios.

    (transcrito da Comunidade Campina Velha Guarda, com autorização de Mário Vinicius)

     
  2. Carlos Antonio Soares de Andrade on 10 de julho de 2020 às 16:05

    Qual a agremiação política da oposição?

     
  3. Paulo Eduardo on 10 de julho de 2020 às 18:35

    Por essas e outras que jamais fui e nem pretendo ir, a comícios.

     
  4. Gutemberg on 11 de julho de 2020 às 00:22

    Acredito que Luiz Gonzaga escreveu uma.muaica sobre o fato

     
  5. Gutemberg on 11 de julho de 2020 às 00:22

    Acredito que Luiz Gonzaga escreveu uma.muaica sobre o fato

     
  6. Andreiarcs1@gmail.com@gmail.com on 26 de dezembro de 2020 às 22:59

    Não tinha conhecimento disso, uma praça tão linda, como a praça da bandeira sendo alvo de conflitos políticos e mortes.
    Hoje ao ler e assistir o documentário fiquei pasma em saber que em 1950 aconteceu isso tudo, mas também maravilhada em conhecer a história. Toda as vezes, de hoje em diante que sentar na linda praça da bandeira em Campina Grande PB,vou lembrar de tudo que assistir. Meus sinceros sentimentos aos que morreram nesse dia!

     
  7. Unknown on 26 de fevereiro de 2022 às 12:13

    Hoje, a praça da bandeira, é também palco de grandes eventos culturais, como por exemplo o festival de inverno de campina grande, onde artistas, grupos de dança e também aqueles grupos de "teatro de rua", se apresentam aqui, sendo bastante prestigiados pela população.

     


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