Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
retalhoscg@hotmail.com

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Muito antes da fundação da Rádio Cariri, Campina Grande fora beneficiada pelos serviços de comunicação, via auto-falantes, implantado pelo Sr. Jovelino Farias, o popular "Gaúcho".

Sulista da cidade de Pelotas, Gaúcho experimentou várias estâncias em seus primeiros trinta anos, até ser convidado para trabalhar como "cabaretier" em cassinos na capital João Pessoa, levando-o a aportar em Campina Grande nos anos 30 onde prestou serviços de locução.

Em 1938, já estabelecido e reconhecido na sociedade campinense, resolve instalar, conforme havia no Sul, um serviço de alto-falante e instalou o projetor de som na Rua Cardoso Vieira, no hoje Calçadão.

Este era o divertimento local! Inclusive, foi seu alto-falante que transmitiu a Copa do Mundo de 1938, quando o Brasil foi derrotado pela Itália na semi-final.

Durante este período, entre outros, foram produzidos programas literários apresentados por Gaúcho, Murilo Buarque, Ernesto Amin Bombaste e Epitácio Soares. Curiosamente, havia um programa árabe, apresentado por Adib Curi e pelo Cônsul Noujaim Habib, ambos conhecedores de técnicas e possuidores de discos (LP) dessa cultura.

Foi nessa época que lhe apareceu o então adolescente Hilton Motta, vindo de Patos, em busca de aprender o ofício de locutor. Segundo o próprio Gaúcho "...esse rapaz tornou-se um dos melhores locutores da época". Ambos apresentavam programas de auditório no Cine Capitólio.

A primeira fase dos seus trabalhos encerrou-se em 1942 quando desativou seus alto-falantes e os levou à cidade Timbaúda, em Pernambuco, donde não logrou o mesmo êxito, forçando-o a retornar  seus antigos serviços de "cabaretier" em João Pessoa. Voltando para Campina Grande prestou serviços no Cassino Eldorado e, após o convite do prefeito Vergniaud Vanderley, aceitou tornar-se o "mestre-hotel" do Grande Hotel que funcionava onde hoje é a séde da Prefeitura Municipal, na Av. Floriano Peixoto.

Em 1949 era locutor das Lojas Paulista, na Rua Maciel Pinheiro, quando retomou a idéia de recomeçar com os alto-falantes. Desta feita, escolheu o estratégico bairro de José Pinheiro para instalação dos projetores, valendo-se dos comerciais da própria Lojas Paulista como forma de empréstimo pela compra dos equipamentos.

Foi seu prestígio com o prefeito Elpídio de Almeida que fez beneficiar o bairro com uma extensão da energia elétrica até sua difusora, beneficiando residências próximas. Esse mesmo prestígio fez aportarem melhorias urbanas no bairro de José Pinheiro, quando em uma noite de chuva Gaúcho esteve na residência do Dr. Elpídio de Almeida e o convidou a presenciar as más condições das ruas, principalmente onde estavam seus projetores, onde os moradores aglomeravam-se para ouvir os programas trasmitidos. Dias depois, houvera propositura do vereador Antonio Pedro Sabino para que se instalassem postes de iluminação pública em frente ao seu estúdio e ao longo da Rua Campos Sales.

Após a inauguração da Rádio Borborema, prestou serviços de ator em radio-novelas junto a Fernando Silveira, Deodato Borges, Nair Belo, Hilton Motta, entre outros.

Em poucos anos, Campina Grando já contava com as rádios Cariri, Borborema, Caturité, além da própria difusora de Gaúcho, "A Voz do Bairro de José Pinheiro".

No estúdio que funcionava em sua residência, à Rua José Adelino de Melo, seus préstimos comunicativos permaneceram, servindo de utilidade pública até o dia 31 de dezembro de 1985 quando desativou, em definitivo, a difusora de saudosa lembrança dos mais velhos moradores do bairro.

Jovelino Farias faleceu no dia 27 de Abril de 1996, aos 91 anos de idade, deixando uma invejável folha de serviços prestados nas diversas cidades onde atuou e, mais ainda, na nossa adorada Campina Grande, donde foi o precursor dos serviços de comunicações.


Fonte de Pesquisa: Biografia de Jovelino Farias, escrita por ele próprio, confiada a sua publicação (ainda não concretizada) ao ex-vereador campinense José Alves de Sousa (J.Alves), morador do bairro de José Pinheiro, o qual fora amigo e "pupilo" na arte da Comunicação em sua juventude.

ANEXO:

Entrevista de "Seu Gaúcho" ao documentário "O Patrimônio Cultural de Campina Grande", realizado pelo Jornalista Rômulo Azevêdo:

8 comentários

  1. gustavo ribeiro on 20 de maio de 2011 às 15:46

    Grande matéria, excepcional documento.

     
  2. ... on 10 de junho de 2011 às 10:19

    Esse é o meu avô, grande Gaúcho deixou saudades, e uma memória eterna, que pena que ainda poucas pessoas em Campina, conheçam a história desse grande personagem da cultura radiofônica municipal...

     
  3. Emmanuel do N. Sousa on 10 de junho de 2011 às 10:22

    É... Eu o conheci qdo criança. Papai (J.Alves) foi uma espécie de pupilo del na juventude lá em José Pinheiro. Meu avô era vizinho de Seu Gaúcho!

     
  4. Edmilson Rodrigues do Ó on 28 de maio de 2015 às 15:36

    Excelente matéria... Tenho orgulho de ser contemporâneo daquela época nostálgica. Conhecí pessoalmente todos esses personagens...!

     
  5. Unknown on 29 de maio de 2015 às 09:24

    Saudade desse cara, grande Jovelino!

     
  6. Anônimo on 10 de agosto de 2022 às 16:27

    Meu pai era o dono da Polar, fábrica de picolés. Foi muito bom ouvir novamente a propaganda que Sr. Gaúcho fazia.

     
  7. Anônimo on 7 de maio de 2023 às 18:00

    Eu morava em frente uma difusora que ele botou na rua Campos Sales travessa com estácio de Sá em José Pinheiro quantas saudades da minha infância ainda hoje estou morando em José Pinheiro

     
  8. Anônimo on 7 de maio de 2023 às 19:07

    Pena não envolverem a família dele, o Gaúcho, cujos membros ganharam notoriedade no bairro e na cidade.

     


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