Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
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Texto Originalmente Publicado no site Paraíba Online, em 20/04/2009


Foto: Google (2011)

Há 10 anos atrás escrevi um artigo sobre a Villa América, casa construída na Almirante Barroso, em 1909, conforme se vê em seu frontispício. Pertenceu ao Professor Clementino Procópio, que edificou residência em forma de cruz grega. A casa saiu das mãos dos descendentes, por volta de 1946. Antigamente, corria na sociedade campinense que seu proprietário era dado a construções deste tipo e que teria também assim edificado sua primeira residência onde é hoje o Hospital Pedro I. Não se sabe, ao certo, se o Professor teve realmente esta primeira casa. O que se sabe é que doou o terreno para a construção do referido hospital. E isto já na década de 1930. 

Segundo Epaminondas Câmara, o professor nasceu em Bom Jardim, Pe, em 1855, e veio de Taperoá para Campina, em 1878. Fundou o Colégio São José que atravessou o resto do Império, e chegou até 1932. O professor faleceu na noite de 27 de maio de 1935, com 80 anos. 

Sobre a Villa América, diria o cronista Cristino Pimentel: “Aos domingos, a sua ‘Villa América’, onde residia, era visitada pro gregos e troiano. Bem perto ficava o prédio do colégio, próprio bastante amplo, onde mantido o internato masculino. Foi adquirido dos herdeiros, pelo Estado, para ser aquartelado o 2º Batalhão de Polícia. Nos terrenos adjacentes, outro governo construiu o quartel de bombeiros. O terreno ocupado pelo hospital dos maçons foi doação sua, exigindo apenas que dessem ao nosocômio o nome de D. Pedro Primeiro, o que foi feito. (...) As terras que foram suas, estão divididas. É todo o “Moita”. Aí está localizada a nova estação da Estrada de Ferro. Onde foi sua residência, estão localizados os depósitos da empresa Rainha da Borborema. Aquilo que foi um sítio de ensino e virtude, é agora um centro de bulício militar e de ônibus velhos. Ironia, talvez do destino...” 

E continuava: “Do bucolismo da “Villa América”, nada mais resta, senão a saudade, ao recordarmos que naquelas terras e naquela casa, houve um pomar frutífero, onde os canários e os Galos de Campina vinham acordar o velho professor, chamando-o para a sua missão divina, que era a de fazer luz nos espíritos ignorantes (...) O destino inexorável fez desaparecer tudo que pertencia a Clementino Procópio: terras, colégio, arquivos, móveis, bibliotecas, casa, objetos e pássaros. Não teve quem os conservasse. Pobreza de espírito? Não, falta de amor (...) A “Villa América” e tudo que tinha lá dentro, poderia – se tivéssemos zelo pelas coisas históricas e gratidão à memória dos beneméritos – estar constituindo um museu, a exemplo do que fizeram com os objetos de Pedro Américo, em Areia (...) Campina Grande tem esquecido o seu dever para com a memória do Professor Clementino Procópio”. 

Na Vila América, foi comemorado o cinqüentenário do Colégio São José, em 1922. Em 1932, fechava o Colégio São José, depois de 60 anos de serviços à comunidade, por já não poder concorrer com novos educandários como Instituto Pedagógico (dirigido pelo Tenente Alfredo Dantas) e o Colégio da Imaculada Conceição. 

Hoje, sua Villa América apresenta um aspecto decadente em sua arquitetura. Infelizmente não pode ser tombada pelo IPHAEP, pois seus donos atuais não concordaram. Passa-se, assim, um centenário esquecido. 

Frente: Av Alm. Barroso (Zoom Google)
Traseira da casa: Rua Santa Filomena (Zoom Google)



JOSEMIR CAMILO
PhD em História pela UFPE, professor aposentado da UFPB, 
membro do Instituto Histórico de Campina Grande.
Colunista ParaibaOnline

1 Comment

  1. Edmilson Rodrigues do Ó on 11 de janeiro de 2015 às 21:33

    Conhecí interiormente a histórica Vila América desde o início da década de 1950 quando nela funcionava a sede da empresa de ônibus urbanos Autoviária Rainha da Borborema Ltda. administrada por Ayrton Sabino de Farias e Helion Paiva. Naquela época a Vila América ainda se encontrava na sua total originalidade e a sua linha arquitetônica era belíssima.

     


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