por Adriano Araújo
Era uma bela tarde no animado bairro de Zé Pinheiro. Todavia, o dia 25 de dezembro de 1974 entrou para os anais da história campinense, como o dia da maior tragédia da cidade. Em virtude da explosão de um garrafão de oxigênio, que era utilizado para encher balões infantis. Campina Grande tornou-se manchete em todo o Brasil devido às várias mortes ocorridas naquele dia, além das centenas de pessoas feridas.
Tudo isso ocorreu, em virtude do descuido de um garrafeiro que enchia balões durante a festa, quando imprimiu uma alta pressão na recarga do cilindro, provocando o rompimento do mesmo em vários pedaços.
Com a explosão do artefato, vários pedaços de seres humanos foram arremessados em casas e na Igreja de José Pinheiro. Durante dias, o mau cheiro foi predominante naquele local, chegando a ser comum, pessoas encontrarem nos tetos de suas casas, restos de gente.
O garrafeiro Adval foi apontado com o principal responsável pela explosão, recebendo do Diário da Borborema a alcunha de “O Garrafeiro da Morte”.
Adval
Os Bombeiros da cidade trabalharam como nunca naquele dia. Uma das testemunhas da tragédia foi o então cabo José Barbosa da Silva, que relatou a seguinte passagem ao Diário da Borborema: "O telefone não parava de tocar. Muita gente, quase que ao mesmo tempo, ligou desesperado pedindo socorro. Nós estávamos passando pelas margens do Açude Velho quando fomos informados que havia muitas vítimas fatais e que muitas pessoas estavam feridas. Eu estava há pouco tempo no Corpo de Bombeiros, tinha feito o curso de formação de oficiais em João Pessoa e nunca tinha visto uma coisa daquelas. Era muito grito, pessoas chorando em um desespero total. Sangue por toda parte, pedaços de gente pelo chão. Cabeça esbagaçada, pedaço de gente em cima de casa. Tudo foi chocante. Foi um estrago muito grande".
As pessoas feridas, foram para os hospitais Antônio Targino e Pedro I. Aqueles que morreram, foram para a denominada “pedra”, que funcionava ao lado da Central de Polícia.
Um dos sobreviventes da tragédia foi Marcelo Felipe, que ao lado de seus amigos, se aproximaram do cilindro. Felipe chegou a tocar no objeto: "Quem primeiro tocou nele foi Damião que era um amigo. Depois eu toquei nele e logo tirei a mão. Estava muito quente", contou ao Diário da Borborema. Marcelho falou também, que viu o garrafeiro pouco antes da explosão saindo muito depressa. Após isso, só escutou o grande estrondo, sendo Marcelho arremessado para longe. "Foi uma sensação inexplicável. Não sei se eu cai. Eu senti como se estivesse voando. Igual uma folha quando a gente solta", disse ao DB. Após o desastre, o então garoto de 8 anos teve sua perna esquerda amputada e ficou cego de um olho.
Segundo outra testemunha da explosão, Givanildo Pereira da Silva, o garrafão estava vazando desde o momento que foi instalado a alguns metros da Igreja de José Pinheiro. "Eu vi quando ele mandou buscar água em uma mercearia da Rua Campos Sales para colocar em cima da garrafa que estava quente. Era visível que a garrafa estava com defeito. Parte dela apresentava ferrugem. Quando ele abriu, eu vi tudo. A garrafa não tinha nada. Não tinha relógio nem registro. Só tinha a válvula de sair o ar e a tampa de sair e fechar", relatou ao Diário. Givanildo após a explosão, passou quatro dias em coma, com seqüelas nas mãos e nas pernas.
Oficialmente, foram oito crianças mortas, além de centenas de feridos. Em 2007, a triste história foi resgatada em curta-metragem chamado “Os Balões de 74”, do diretor de cinema Luciano Mariz. “Em Meados de novembro de 2006, fazendo uma pesquisa de rotina nos arquivos do Diário da Borborema, me deparei com a primeira página do dia 27 de Dezembro de 1974. A notícia da primeira página atraiu minha atenção: ‘Garrafão explode e enluta Campina nas festas natalinas’, naquele momento a curiosidade foi maior, me esqueci da pesquisa que estava em andamento e passei horas buscando saber mais informação sobre o acidente do garrafão no bairro do José Pinheiro”, relatou Mariz em seu Blog.
Tivemos acesso ao curta e realmente, relata com fidelidade o drama daquela tragédia. O filme é muito bom, com entrevistas de sobreviventes, além dos jornalistas que trabalharam no relato para jornais.
O cilindro foi doado para o Museu Histórico da Cidade, infelizmente, não temos a informação se o mesmo ainda se encontra lá. Quem tiver mais relatos sobre esse inesquecível fato, deixem seus comentários aqui no blog, pois se forem pertinentes ao enriquecimento do tópico, serão inseridos.
Reportagens da TV Paraíba sobre o filme:
Fontes Utilizadas:
Diário da Borborema (Pesquisa e Fotos)
TV Paraíba (Vídeos)
Jornal da Paraíba (Fotos)
Postar um comentário