Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
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O CASSINO ELDORADO foi o templo da boemia e da luxúria dos senhores do algodão; inaugurado em 1º de julho de 1937, de propriedade do rico comerciante pernambucano João Veríssimo de Souza, em estilo art déco projetado pelo arquiteto Isac Soares, em plena feira central de Campina Grande. 

Em meio a orquestra fixa da casa, as mesas de Bacará e a animação feérica do salão, mulheres lindas, bem vestidas e perfumadas faziam a "vida" atendendo aos coronéis do algodão ou iniciando seus filhos na arte do amor. Entre elas, uma tornou-se símbolo da era de ouro da luxúria campinense: MARIA DO CARMO BARBOSA, que entrou para a história boêmia-sentimental de Campina Grande como MARIA GARRAFADA, a nossa mais famosa prostituta em todos os tempos. 

Conheceu dias de glória disputada por homens importantes no Cassino Eldorado e a sua fama virou lenda a ponto de ser, nos anos 80, já idosa e "aposentada", convidada pelo escritor Jorge Amado, em visita à cidade, que queria conhecer a sua história num elegante jantar de intelectuais em homenagem ao escritor baiano que aconteceu no imponente solar da crítica literária Elizabeth Marinheiro. 

Maria Garrafada virou personagem cult de Campina Grande: inspiração de poetas, letra de forró de sucesso, nome de bar de artistas e até tema de trabalhos de mestrado. Viveu e morreu no histórico Beco da Pororoca, numa morada humilde, sonhando em ter uma casa própria e certa vez em entrevista a um jornalista olhou-se no espelho da sala e perguntou: "em que espelho ficou perdida a minha cara?", referindo-se a beleza dos anos em que despertou a libido de gerações. 

Gostava de dizer que a sua maior recordação era o Cassino Eldorado no tempo dos antigos Carnavais; Nos dias de Momo usava quatro fantasias. Saía de casa no sábado e só voltava na quarta-feira de cinzas, depois de muito porre de lança-perfume, coberta de confete e serpentina dos bailes do Eldorado e exausta de marcar o passo brincando atrás dos blocos de frevo.

O apelido Garrafada popularizou-se após deixar a vida boêmia, passando a sobreviver da venda de remédios caseiros feitos de ervas para curar prostitutas de doenças venéreas, populares no interior do Nordeste como garrafada. 

MARIA GARRAFADA, o Cassino Eldorado, o ciclo do algodão, os antigos carnavais... símbolos imortais de uma era incandescente e fervilhante de Campina Grande onde a boemia era outra e bem melhor.

Texto originalmente postado no perfil de Walter Tavares, no Facebook

1 Comment

  1. Anônimo on 17 de maio de 2023 às 22:32

    Um belo e inteligente "passeio" por fatos e pessoas de Campina Grande.
    Grato por citar duas vezes o nome de meu Pai - Pilon, me emocionei e apreciei seu relato histórico.
    Acho que você não esqueceu de ninguém.
    Jamenson, Pilon Filho.

     


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