Nasceu Luiz Gil de Figueiredo em Santa Luzia/PB, em 17 de setembro de 1895. Com quatro anos de idade acompanhou o tio Gil Braz de Figueiredo numa viagem à Lábrea, cidade amazônica, onde passou dois anos residindo e aprendeu muito com os ameríndios.
Em 1909, retorna ao Nordeste, onde se estabelece no Rio Grande do Norte desempenhando dois ofícios: professor e almocreve. Após trabalhar em Ouro Branco, Currais Novos e Caicó, migra para a Paraíba no lombo de animais.
Aportou em Esperança por volta de 1915, tornando-se “Mestre-Escola”, tendo sido nomeado Adjunto da Cadeira do Sexo Masculino em maio de 1931.
Casou-se, então, com a Srta. Sebastiana Diniz, sobrevindo-lhe os seguintes filhos: Guiomar Irene, Milton Luiz, Wallace e Wagner.
Na década de 30, do Século passado, organizou o bloco esperancense “Coronel nas ondas”, ao lado de personalidades como Silvino Olavo, Teotônio Costa, Manuel Rodrigues, Teotônio Rocha e Juvino Brandão.
A experiência adquirida junto ao jornal “O Tempo”, órgão que era dirigido por José de Andrade, com gerência de Teófilo Almeida, ajudou-lhe a funda, ainda em Esperança, o semanário “O Rebate”, que levou na bagagem para Campina Grande, quando veio morar nesta cidade em 1932.
Na “Rainha da Borborema”, foi diretor de Escola e lecionou história e geografia no Colégio Pio XI.
Casou-se em segundas núpcias com a Srta. Maria Ester Cavalcanti, de cujo matrimônio nasceram os filhos: José, Maria das Graças, Marluce, Mozart e Aristóteles.
Em Campina, onde se radicou, participou da “Sociedade Beneficente dos Artistas” e da “Academia dos Simples”, esta última com sede honorária na Fruteira de Cristino Pimentel; tornando-se conhecido como orador e poeta.
Transcrevo, a seguir, um poema de sua autoria, retirado do livro “Coletânea de Autores Campinenses”:
Vozes proletárias
Latifundiário! Latifundiário!
Sabes quem vai morto naquele caixão?
Não importa o nome, foi um proletário.
Latifundiário! Latifundiário!
- Rebentou de tísica, deu tudo ao patrão.
Era um belo homem que na flor da idade
A cavar a terra fora em Briareau,
Enricara o amo, e... perversidade!
Quando volte os olhos para a Eternidade
Deixa a prole rota lá de léu em leu!...
Quando o milharal o pendão levantava
Nele se enroscava os braços do feijão
Era ao seu esforço que ele se elevava!
E os paiós se enchiam se enchiam e as arcas pejavam,
No Te-Deum das messes! Que feroz Tilão!...
Passaram-se os dias. Rebentou a guerra.
Calça-se, o Direito. Viva a tirania.
Cidadão, às armas. O Capital berra:
“Eu agora ensopo em sangue toda a terra
Meto a liberdade dentro da enxovia”.
Naquela época, “O Rebate” era o único jornal em circulação em Campina, cujas oficinas funcionaram, inicialmente, na rua Marques do Herval; depois passou para a Rua Bartolomeu de Gusmão, para em seguida sediar na Rua Getúlio Vargas.
Os principais colaboradores do semanário foram: Lopes de Andrade, Luis Soares, Cristino Pimentel, Pedro d’Aragão, Wallace, Zé da Luz, Bióca, Antonio Telha, Murilo Buarque e Mauro Luna. Ingressando na política, engrossou as fileiras do PRP e depois do PSD, candidatando-se a Deputado Estadual sem lograr êxito.
Foi cidadão Campinense e homenageado pela primeira turma de Comunicação da antiga Furne.
O professor Luiz Gil faleceu a dois de maio de 1960. Pela sua dedicação e telúrica ligação com este município, prestamos esta breve homenagem.
Rau Ferreira
Fontes:
- Coletânea de Autores Campinenses. Comissão Cultural do Centenário. Prefeitura de Campina Grande. Campina Grande/PB: 1964.
- DINOÁ, Ronaldo. Revista tudo. Edição de 11 de novembro. Campina Grande/PB: 1990.
- FERREIRA, Rau. Banaboé Cariá: Recortes da Historiografia do Município de Esperança. A União. Esperança/PB: 2016.
- MEDEIROS, Jailton. História de Esperança. s/d. Trabalho escolar. Produção do corpo docente.
Este é o meu avô, o professor Luiz Gil de Figueiredo que infelizmente não o conheci, nasci alguns anos após sua morte. Tenho inúmeras grandes referências dele como um grande homem, ser humano irrepreensível, calmo, muito educado, de caráter ilibado, honrado e exemplo de pai e professor. Meu pai, Wagner (muito conhecido como Vavá, também falecido), foi o último filho da primeira família, perdeu sua mãe Sebastiana Diniz de Figueiredo aos 2 anos de idade. Como informado acima, após ficar viúvo, casou-se novamente com Srta. Maria Ester Cavalcanti formando uma nova família com mais 5 filhos e posteriormente ficaria viúvo novamente.