Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
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As melodiosas cordas do cavaquinho do Mestre Duduta não vão mais estremecer... Ficarão órfãs de seus beliscados, terá lugar honroso no Museu; ele partiu na noite da última quarta-feira em Campina Grande, cidade de seu coração.

José Ribeiro da Silva nasceu na cidade paraibana de Bananeiras e logo cedo veio para Campina Grande. Ainda criança, ganha de seu tio um cavaquinho e esse encontro marcante selou o seu destino: se dedicar ao instrumento e a música pela vida inteira. E assim o fez!

Em Campina Grande, fez parte do cast da rádio Borborema onde teve contato com Arnóbio Araújo, Gabimar Cavalcante, Ogírio Cavalcante e outros grandes músicos que embalavam musicalmente a cidade em fins da década de 1950. O alto da Bela Vista não poderia ser lugar melhor para sua morada, a bela paisagem proporcionada ali parece ter inspirado as composições nascidas em seu lar. De portas abertas, inicia rodas de chorinho, reunindo músicos nos sábados à noite ou aos domingos onde recebe Zito Borborema, Genival Lacerda, Biliu de Campina, Abdoral, Valfrido, Miquirito do Pandeiro, Valdir com seu violão de doze cordas, entre outrose do sucesso dos encontros cria o conjunto “Duduta e seus cachorro da mulesta”, depois recebendo o nome de “Duduta e seu regional”. O título de Mestre das Artes ganhou da Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Paraíba, merecida premiação pelo conjunto da obra.

Já o conhecia pela música ‘Saudade de Campina Grande’, cantada por Zito Borborema, que diz “levo saudade do picado lá da feira e também da gafieira lá no Guarany, levo saudade do Treze da Borborema (Viva o Treze!), do Cavaquinho de Duduta e do violão do Valdir...” e acabei sendo convidado pelo amigo José Edmilson Rodrigues para conhece-lo pessoalmente no intuito de realizar uma entrevista para um projeto de memória.

Chegamos a sua casa umas dez horas da manhã de uma quarta-feira, chamou-me atenção o letreiro em alto relevo no centro do frontão da casa com o nome DUDUTA em caixa alta, assim mesmo, ao lado o número 1403. Entramos, fomos apresentados; com as mãos de quem estava trabalhando, deu uma conferida antes de apertar minha mão, um leve cheiro de cola denunciava o que fazia, estava fabricando mais um instrumento. Além de um grande músico, Duduta também era luthier, de suas mãos saíram instrumentos para Dominguinhos, Marinês, Paulinho da Viola e tantos outros artistas de nossa música. Sentei em um banquinho de madeira, observei a conversa saudosa dos dois, me atrevi a perguntar sobre os “cachorro da mulesta”, ele sorriu: “era antigamente...” e questionado quanto ao início da carreira, disse: “meu amigo Lourival Alves me deu uma força muito grande, um amigo”.

Simpático, de uma simplicidade e singeleza incomum, nem parecia ser o músico consagrado que era. Sereno, tranquilo, exercia seu mister e tocava como ninguém. Dias depois o vi tocar no programa Sr. Brasil e me encantei ainda mais com ele. Deus quis que de suas habilidosas mãos deixasse uma valorosa herança, seu talentoso filho Waguinho, grande músico que com competência não só herdará o legado de seu pai como saberá honrar a sua história. Que Deus dê a glória ao Mestre Duduta; agora o “choro” é no céu.

Thomas Bruno é Historiador e Jornalista (3372-PB),
Sócio efetivo do Instituto Histórico de Campina Grande - IHCG

2 comentários

  1. Paulo Roberto on 27 de julho de 2018 às 18:23

    Show de bola, emocionante!!!!!

     
  2. Unknown on 22 de novembro de 2018 às 03:14

    Grande mestre que tive o prazer de ver e ouvir de perto, recordo bem quando fui pela primeira vez em sua roda de choro no domingo de manhã, a convite do meu grande amigo Victor sendo este seu neto e fiel amigo. Lembro que Seu Valdir puxou o banco para se acomodar melhor e acabou por "arrastar" as pernas de madeira no piso, fazendo um som bem forte, Seu Duduta com aquele ouvido transcendental nos olhou e disse: - Valdir puxou um Lá, e deu no seu cavaquinho um acorde similar ao barulho feito, ali se iniciava mais uma manhã de felicidade e musicalidade nunca vista antes.

     


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