Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
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A poesia como gênero literário se apresenta como um texto em versos que na sua estética se expressa de forma lírica, épica e dramática. Na Paraíba são muitos os poetas e poetisas que se destacam, dos quais o seu maior expoente tem um Augusto nome, e sobrenome dos Anjos (1884/1941).

Campina tem grandes poetas, a exemplo de Mauro Luna (1897/1943), autor d’O Pau D’arco Amarelo, onde se lê na sua segunda estrofe: “Emblema da ansiedade e da beleza emblema,/ Árvore secular, de flores recobertas,/ Embora ante a intempérie, algumas vezes trema,/ Tem nas flores gentis, uma divina oferta!...”.

E entre os seus menestréis não podemos nos esquecer do professor Anézio Ferreira Leão (1909/1971), campinense de admirável cultura, fundador do Instituto São Sebastião e autor dos livros “Gritos d’Alma” (1935) e “Aulas de Português” (1958), fazendo-lhe uma homenagem com dois de seus poemas.

O primeiro nos é fornecido pela escritora Viviam Galdino de Andrade, em seu belíssimo trabalho, fruto de intensa pesquisa para a sua tese de doutorado pela UFPB:

 

ALFREDO DANTAS. 1919-1969

No Dia da Bandeira, nesse dia

Do ano de dezenove, aqui fundava

Alfredo Dantas um colégio. Dava

à nossa terra o tudo que podia.

 

Era uma estrela nova, que surgia

No céu das nossas letras. Nele estava

Fadada a fulgurar aquela flava

Legião de sóis, que o novo sol trazia.

 

Alfredo Dantas fecha os olhos, mudo!

Ainda cedo nos deixou. Contudo,

Nunca o brilho de um sol se apagará:

 

Severino Loureiro uniu àquela

o fulgor de sua alma. Imensa e bela

a estrela DANTAS não se extinguirá.

 

É a própria Viviam que comenta essa poesia:

O texto do professor Anézio Leão traz a legitimidade daquele que conhece a educação e luta pelas letras em Campina Grande. Em reconhecimento às ações de Alfredo Dantas, o educador atesta em suas palavras o prestígio devotado ao diretor-tenente e à escola que ele conduziu com mãos fortes na cidade” (in: Alfabetizando os ‘filhos da Rainha’ para a civilidade/modernidade).

 

Por algum tempo, em termos de escola particular em Campina, existia apenas o Instituto Pedagógico fundado por Alfredo Dantas em 1919 e o Instituto São Sebastião (1920) de Anézio Leão, os quais eram rivais nas bandas de música.

*

*   *

 

O segundo poema acompanha a publicação de Roniere Leite Soares, em sua coluna no jornal “A União”, com o título “Anézio Leão: um bardo fora de série(s)”, que se pode ler pelo QR Code anexo ao artigo. Transcrevo-o:

 

A CRASE

 

Urge, para lidar com Dona Crase

Saber o que ela é, devidamente;

Sem isto, ao certo, nunca pode a gente

Sentir quando ela tem lugar na frase.

 

É a fusão de dois aa. Já tens a base:

Se o termo anterior (antecedente)

Exigir o primeiro, e o consequente

Aceitar o segundo, dá-se a crase.

 

João vai (eis um exemplo). Ora, que vai,

Vai a... de trem, de carro, de avião,

E leva, se quiser, mãe, o pai...

 

Vai à Bahia. O acento no a se deita,

Pois há o casório do a - preposição

Com o a - artigo, que Bahia aceita.

 

Este poema nos ensina o difícil acento gramatical que se origina da fusão ou contração das vogais inicial e final do vocábulo antecedente, quando unidas pelo sentido da escrita.

Moacyr de Andrade relata em seu livro “Vultos Paraibanos” a destreza do velho professor:

Nunca vi consultar livros durante suas aulas. Seus exemplos eram colhidos no ambiente ou nos episódios cotidianos, todos seus alunos eram seus fãs e adoravam a sua intuitiva arte didática” (in: Vultos Paraibanos).

Anézio lecionou Teoria Musical e Português e fundou a banda de música do Instituto São José em Patos-PB; foi vereador em Feira de Santana-BA e em Campina Grande-PB. É patrono da Cadeira nº 03 da Academia de Letras de Campina Grande e da Cadeira nº 26 do Instituto Histórico e Geográfico de Campina Grande.

 

Rau Ferreira

 

Referências:

- ANDRADE, Moacyr. Vultos Paraibanos. RG Editora e Gráfica. Campina Grande/PB: 1999.

- ANDRADE, Viviam Galdino (de). Alfabetizando os ‘filhos da Rainha’ para a civilidade/modernidade: o Instituto Pedagógico em Campina Grande – PB (1919-1942). eManuscrito. ePUB. ISBN 978-65.86723-04.5. São Paulo/SP: 2020.

- ASSIS, Maria José (de). Poetas paraibanos: do erudito ao popular. Universidade Federal da Paraíba. Editora Realize. Anais. Enlije: 2014.

- SOARES, Roniere Leite. Anézio Leão: um bardo fora de série(s). Coluna do Jornal “A União”. Edição de 10 de agosto. João Pessoa/PB: 2022.

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