A
poesia como gênero literário se apresenta como um texto em versos que na sua
estética se expressa de forma lírica, épica e dramática. Na Paraíba são muitos
os poetas e poetisas que se destacam, dos quais o seu maior expoente tem um
Augusto nome, e sobrenome dos Anjos (1884/1941).
Campina
tem grandes poetas, a exemplo de Mauro Luna (1897/1943), autor d’O Pau D’arco
Amarelo, onde se lê na sua segunda estrofe: “Emblema da ansiedade e da
beleza emblema,/ Árvore secular, de flores recobertas,/ Embora ante a
intempérie, algumas vezes trema,/ Tem nas flores gentis, uma divina oferta!...”.
E
entre os seus menestréis não podemos nos esquecer do professor Anézio Ferreira
Leão (1909/1971), campinense de admirável cultura, fundador do Instituto São
Sebastião e autor dos livros “Gritos d’Alma” (1935) e “Aulas de Português”
(1958), fazendo-lhe uma homenagem com dois de seus poemas.
O
primeiro nos é fornecido pela escritora Viviam Galdino de Andrade, em seu
belíssimo trabalho, fruto de intensa pesquisa para a sua tese de doutorado pela
UFPB:
ALFREDO DANTAS.
1919-1969
No Dia da Bandeira, nesse dia
Do ano de dezenove,
aqui fundava
Alfredo Dantas um
colégio. Dava
à nossa terra o tudo
que podia.
Era uma estrela nova,
que surgia
No céu das nossas
letras. Nele estava
Fadada a fulgurar
aquela flava
Legião de sóis, que o
novo sol trazia.
Alfredo Dantas fecha os
olhos, mudo!
Ainda cedo nos deixou.
Contudo,
Nunca o brilho de um
sol se apagará:
Severino Loureiro uniu
àquela
o fulgor de sua alma.
Imensa e bela
a estrela DANTAS não se
extinguirá.
É a própria Viviam que
comenta essa poesia:
“O
texto do professor Anézio Leão traz a legitimidade daquele que conhece a
educação e luta pelas letras em Campina Grande. Em reconhecimento às ações de
Alfredo Dantas, o educador atesta em suas palavras o prestígio devotado ao
diretor-tenente e à escola que ele conduziu com mãos fortes na cidade” (in:
Alfabetizando os ‘filhos da Rainha’ para a civilidade/modernidade).
Por algum tempo, em
termos de escola particular em Campina, existia apenas o Instituto Pedagógico
fundado por Alfredo Dantas em 1919 e o Instituto São Sebastião (1920) de Anézio
Leão, os quais eram rivais nas bandas de música.
*
*
*
O segundo poema acompanha
a publicação de Roniere Leite Soares, em sua coluna no jornal “A União”, com o
título “Anézio Leão: um bardo fora de série(s)”, que se pode ler pelo QR Code
anexo ao artigo. Transcrevo-o:
A CRASE
Urge, para lidar com
Dona Crase
Saber o que ela é, devidamente;
Sem isto, ao certo,
nunca pode a gente
Sentir quando ela tem
lugar na frase.
É a fusão de dois aa.
Já tens a base:
Se o termo anterior
(antecedente)
Exigir o primeiro, e o
consequente
Aceitar o segundo,
dá-se a crase.
João vai (eis um exemplo).
Ora, que vai,
Vai a... de trem, de
carro, de avião,
E leva, se quiser, mãe,
o pai...
Vai à Bahia. O acento
no a se deita,
Pois há o casório do a
- preposição
Com o a - artigo, que
Bahia aceita.
Este
poema nos ensina o difícil acento gramatical que se origina da fusão ou
contração das vogais inicial e final do vocábulo antecedente, quando unidas
pelo sentido da escrita.
Moacyr
de Andrade relata em seu livro “Vultos Paraibanos” a destreza do velho
professor:
“Nunca
vi consultar livros durante suas aulas. Seus exemplos eram colhidos no ambiente
ou nos episódios cotidianos, todos seus alunos eram seus fãs e adoravam a sua
intuitiva arte didática” (in: Vultos Paraibanos).
Anézio
lecionou Teoria Musical e Português e fundou a banda de música do Instituto São
José em Patos-PB; foi vereador em Feira de Santana-BA e em Campina Grande-PB. É
patrono da Cadeira nº 03 da Academia de Letras de Campina Grande e da Cadeira
nº 26 do Instituto Histórico e Geográfico de Campina Grande.
Rau
Ferreira
Referências:
- ANDRADE, Moacyr. Vultos
Paraibanos. RG Editora e Gráfica. Campina Grande/PB: 1999.
- ANDRADE, Viviam
Galdino (de). Alfabetizando os ‘filhos da Rainha’ para a
civilidade/modernidade: o Instituto Pedagógico em Campina Grande – PB
(1919-1942). eManuscrito. ePUB. ISBN 978-65.86723-04.5. São Paulo/SP:
2020.
- ASSIS, Maria José
(de). Poetas paraibanos: do erudito ao popular. Universidade
Federal da Paraíba. Editora Realize. Anais. Enlije: 2014.
- SOARES, Roniere Leite. Anézio Leão: um bardo fora de série(s). Coluna do Jornal “A União”. Edição de 10 de agosto. João Pessoa/PB: 2022.
Postar um comentário