Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
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Catedral em foto de 1910
A Catedral de N. S. da Conceição, em Campina Grande, passou por uma grande reforma, iniciada em meados de 1890, conforme consta do relatório de Christiano Lauritzen:

“Os edifícios públicos são: a Matriz, que está em reconstrução e que depois de concluída ficará uma das mais espaçosas e de maior arquitetura das igrejas do centro deste Estado (...)” (LAURITZEN: 1890).

Coube ao Padre Francisco Luiz de Sales Pessoa (1847/1927) dirigir e fiscalizar os trabalhos com muito zelo e dedicação. O vigário visitava diariamente os serviços, cuidando para que estivessem prontos até o mês mariano.

Os serviços da nave interior estavam a cargo de Joaquim Clemente, hábil artista, e a fachada exterior ao não menos hábil mestre Thomaz. A Matriz “Era ainda um edifício pequeno, inestético, impróprio a uma população católica em crescimento” (ALMEIDA: 1962, p. 196).
 
Aos 13 de fevereiro foi erguida no fronstispício da igreja uma cruz de ferro com quase três metros de altura, em substituição a de madeira que ali existia. O ato solene foi acompanhado por repiques de sinos, fogos e músicas.
 
No domingo e na quarta feira de cinzas (08 e 11), os fieis ajuntaram-se para carregar os tijolos, seguindo uma imensa procissão ao som da Eutherpe Campinense, seguindo da igreja até a olaria, ida e volta, tendo a frente a bandeira da padroeira.
 
O evento repetiu-se no dia 15 de fevereiro. A multidão de homens e mulheres transportavam os blocos com imensa alegria.
 
A constução era ousada. Na época, existia apenas duas praças na vila. A da matriz, ao lado do açude velho, e a municipal logo adiante. Seguiam-se “uma meia-dúzia de casas mal alinhadas e sem calçamento, onde moravam os coronéis, os doutores, os comerciantes e os que tinham algum trabalho burocrático ou artesanal” (JOFFILY: 1977).
 
O Vigário Sales não economizou, cercando-se dos melhores artesões e operários e arrecadando boa quantia que foi destinada a obra em andamento. Paredes eram revestidas, na grossa engenharia do seu tempo; pisos eram puxados às pressas e o madeiramento do telhado, a sua altura, não deixava a desejar.
 
Ao final, todos estavam satisfeitos. O templo era imponente, formoso e adequado aos trabalhos litúrgicos.

Muitos profissionais liberais, criadores e comerciantes contribuiram para este empreendimento. A Gazeta do Sertão fazia questão de publicar cada vintém, exemplifiquemos a seguir: Tenente João da Costa Agra (10$000); Salvino de S. Figueiredo (5$000); Capitão Silvino R. do S. Campos (25$000); Avelino R. de Campos (6$000); José Francisco dos Santos (2$000); Dionísio Pereira da Costa (5$000); José Antonio de F. Capoeira (5$000); Manoel P. da Rocha (2$000); Faustino Pereira de Guimarães (1$000); Manuel Joaquim Alves de Maria (5$000); Miguel Pereira de Almeida (20$000); Luiz de França Sodré (2$000).
 
O Capitão Bento Olympio Torres Brasil, importante criador de gado em Banabuyé (Esperança), que chegou inclusive a receber o título de Benemérito pela doação de 200 mil réis, do total de noventa e nove mil acumulados até o dia primeiro de maio de 1891.
 
Não temos ao certo a data da sua conclusão, embora Irineu chegue a comentar em suas Notas sobre a Parahyba (1892), que a “matriz, recentemente concluída, é uma das melhores igrejas de todo o Estado” (JOFFILY: 1977). Como resultado, diz a crônica prefaciadora daquele compêndio, que até a década de 50 esta foi a obra de maior vulto na cidade.
 
No seu entorno foram construídos diversos casarões dando origem a uma das maiores avenidas da cidade.

Por Rau Ferreira

Fonte: 

- JOFFILY, Irineu. Notas sobre a Parahyba: fac-símile da primeira edição publicada no Rio de Janeiro em 1892, com prefácio de Capistrano de Abreu. Thesaurus Editora: 1977.
- JOFFILY, José. Entre a Monarquia e a República. Livraria Kosmos Editora: 1981.
- LAURITZEN, Christiano. Relatório apresentado ao Presidente da Província em 07 de outubro. Paço Municipal. Campina Grande/PB: 1890.
- SERTÃO, Gazeta do. Edição de 01 de maio. Campina Grande/PB: 1891.
- SERTÃO, Gazeta do. Edição de 03 de abril. Campina Grande/PB: 1891.
- SERTÃO, Gazeta do. Edição de 06 de março. Campina Grande/PB: 1891.
- SERTÃO, Gazeta do. Edição de 13 de fevereiro. Campina Grande/PB: 1891.
- SERTÃO, Gazeta do. Edição de 20 de fevereiro. Campina Grande/PB: 1891.
- SERTÃO, Gazeta do. Edição de 27 de março. Campina Grande/PB: 1891.
- SEVERIANO, Francisco. A Diocese da Parahyba. Typ. da "Imprensa": 1906.- Wikipédia: Campina Grande. Disponível em http://pt.wikipedia.org. Acesso em 26/01/2012.

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