Houve um tempo, em nossa Rainha da Borborema, em que a passagem do ano era comemorada de uma forma muito peculiar... as novas gerações com certeza não vivenciaram alguns momentos marcantes do passado de Campina Grande, quando à 0:00h do novo ano, precisamente e regressivamente contado segundo à segundo, apagavam-se todas as luzes da cidade. Não estamos exagerando não! Quem viveu lembra e sente saudades do tempo em que as famílias campinenses, em suas confraternizações corriam e se aglomeravam junto aos rádios de pilha, ou do som do carro para não perderem nenhum segundo da emocionante contagem regressiva comandada pelo radialista Hilton Motta, direto do antigo estúdio da Rádio Campina Grande FM, que junto à CHESF/CELB, ditava o comando para "desligar a chave geral" no fim da contagem. Hilton Motta comandava um verdadeiro "Show da Virada" quando, desde cedo da noite de 31 de Dezembro integrava toda a cidade com mensagens de felicitações dos ouvintes e amigos. Após zerada a contagem, a cidade permanecia às escuras por alguns minutos, período em que a emoção aflorava em todo que confraternizavam em qualquer parte da cidade... Garantimos que arrepia só de lembrar! Essa prática durou até meados da Década de 1990, sendo desestimulada pela companhia elétrica por já apresentar possibilidades de problemas técnicos e transtornos no regresso da força em carga máxima. Como já se tornou tradição esta postagem, hoje podemos (re)lembrar essa época! O colaborador Leandro Bráulio cedeu ao Blog RHCG, há alguns anos, o áudio gravado de uma desses inesquecíveis viradas de ano, mais precisamente em 31 de Dezembro de 1990, fruto de um arquivo em fita K-7 de seu acervo particular. É emocionante... Ouçam e (re)vivam! De todos os que fazem o BlogRHCG, Feliz Ano Novo...
A Organização Remington, instituto de The RemingtonTyphwriterCompany de Nova York, atuava no Brasil sob o controle da S. A. Casa Pratt, sediada no Rio de Janeiro e com filial em Recife. Oferecia curso completo de datilografia mecânica e nomenclatura que eram válidos em todo o território nacional. Admitia senhoras para a direção e aplicava o manual “em português” com o método Remington de ensinar datilografia.
A propaganda da época destacava as vantagens do curso:
“O que posso fazer para obter maior ordenado??? Matriculai-vos na Escola Remington. Estudai datilografia e taquigrafia. Estará assim iniciada a vossa carreira. Com estes elementos obtereis um bom ordenado e podereis facilmente estudar inglês e escrituração mercantil. De posse desses conhecimentos, adquiridos em tempo relativamente curto, estará assegurado o vosso futuro na carreira comercial. Aulas diurnas para ambos os sexos”. (Jornal de Sergipe, 14/01/1926).
O Estado da Paraíba ganhou sua primeira escola de datilografia na década de 20. Á época, esse era um dos meios profissionalizantes que garantiam emprego certo para as jovens.
Em Campina Grande, o prefeito Christiano Lauritzen cedeu lugar no Paço Municipal e este serviço foi instalado em 18 de outubro de 1922. E reinstalado em prédio próprio, no dia 12 de março de 1923.
Com capacidade para 50 alunos, a escola denominava-se “Nilo Peçanha”, estava sediada na Rua da Matriz nº 20 e era dirigida por Simão de Almeida, que também era proprietário. As aulas eram ministradas por Brigida Guimarães e Bernadino de França.
Exigia-se frequência diária ao curso e quinzenalmente se realizava um exame para avaliar a média de toques por minuto de cada aluno, cujo resultado era enviado para a RemingtonTypewriter Co. em Nova York.
Na primeira turma formaram-se 54 alunos, do quais se destacaram: Elvira Pessoa, Judith Miranda, Cecy Silva, Alexandrina Guimarães, Celina Monteiro, Fernandina Pessoa, Joaninha de França e Zilda Neiva.
A Escola Remington de Campina, por sua vez, orientou a criação de outras escolas, a exemplo da Escola Remington Nª. Sª do Bom Conselho, em Esperança, dirigida pelo Professor Luiz Gil de Figueiredo.
Referência:
- ERA NOVA, Revista. Ano III, Nº 46. Parahyba do Norte: 1923.
- ERA NOVA, Revista. Ano III, Nº 53. Parahyba do Norte: 1923.
- FERREIRA, Rau. BanaboéCariá: Recortes da Historiografia do Município de Esperança. Esperança/PB: 2015.
Estavam reunidos em Campina Grande, na Paraíba, quatro
cantadores glosando ao copo, da fina poesia popular, cada qual com sua poesia e
irreverência, saudando o companheiro, quando um circunstante lhes propôs um
mote.
Era eles Egídio de Oliveira Lima (1904/1965), João
Benedito Viana (1860/1942), Elízio Felix “Canhotinho” de Souza (1915/1965) e
José Virgulino “Mergulhão” de Souza (1907/1939). Na oportunidade, teriam que
glosar sobre a seguinte frase: “Egídio Lima em Campina, João Viana no Picuí,
Canhotinho no Cardoso e Mergulhão no Cariri”.
O mote que lhes foi dado, não era dos mais fáceis, e
suscitava os quatro amigos a declamarem a sua rota de defesa. Com efeito, era
natural que os cantadores, naquele tempo, criassem uma rota sob a qual exerciam
o seu domínio.
Se um companheiro quisesse cantar naquela região,
deveria pedir autorização ao cantador, que impunha respeito pelos seus versos.
Há quem diga que a desobediência era punida com surra de cacete e briga de
faca.
Após o desafio, cada um deles soltou a voz, em
resposta, iniciando Egídio:
“Só em
Egídio se fala,
Na Paraíba do Norte,
Sonetista muito forte,
No repente nao se cala.
Improvisa como bala
Quando saí da carabina
Tem memória e tem repente,
Intimida muita gente
Egídio Lima em Campina”.
João Benedito inicia seus versos denunciando logo a
sua origem, pois tal qual Egídio esse era natural de Esperança/PB:
“Eu
como velho cantador
De Egídio seu conterrâneo
Meu gênio subterrâneo
explode com mais ardor.
Já fui improvisador
Neste terreno daqui
A ninguém nunca temi
No braço duma viola.
O repente é quem consola
João Viana em Picuí”.
Canhotinho cantou com Lourival Batista, Estrelinha e
Josué da Cruz, era apreciado por intelectuais, como Raymundo Asfora. Cantava no
Casino da Lagoa, na Rainha da Borborema.É de sua autoria os versos da “Ave
Maria”, citado por Câmara Cascudo. Na sua vez de cantar, disse:
“Estou fazendo uma trova
Para não ser repelido
embora eu solte o gemido
Que meu peito agora aprova.
Minha rima é sempre nova
No tema mais deleitoso.
Neste momento ditoso.
Tudo é bom para o meu ver.
Há muito vivo a sofrer
Canhotinho no Cardoso”.
Por fim chegou a vez de José Mergulhão, poeta do
Juazeiro no Ceará, declamar os versos em torno do mote. Esse cantador faleceu
ainda moço, no ano de ’39 do Século passado. Ao ver se aproximar “Caetana”
(a morte), disse a Ascendino Alves dos Santos, que também era repentista
popular:
“Quem viu Mergulhão outrora,
Vendo hoje não conhece!
Cada repente que faz
É uma dor que aparece
Cada palavra que solta
É uma lágrima que desce!”.
Este último, respondeu em versos sob o mote do
cidadão, que ouvia os quatro companheiros, a brindar a sua cantoria:
“Já
fui risonho e feliz
No tempo da mocidade,
de tudo ria à vontade
Neste meu belo País.
Mas, a sorte contradiz
E do inditoso ele ri...
Põe o homem no jequi
Ou mesmo na desventura.
Hoje é triste criatura,
Mergulhão no Cariri”.
Egídio de Oliveira Lima escreveu diversos artigos
sobre a literatura de cordel para as revistas Ariús (Campina Grande) e Manaíra
(João Pessoa), das quais foi colaborador e redator. Dirigiu a revista “As
fogueiras de São João” (1941) e foi o responsável por colecionar as antigas
edições dos folhetos de Leandro Gomes de Barros - festejado autor cordelista paraibano
- e de outros autores, cedido posteriormente a Universidade da Paraíba.
Egídio tinha Benedito como “a alma dos cantadores”.
O Viana gostava de fumar, com o cigarro no canto da boca; e tomava uma bicada,
revezando os versos na viola. Essas foi a primeira referência que encontramos,
sobre a residência do poeta no Picuí, pois até então sabíamos que este residiu
na Rua do Boi em Esperança, e que faleceu em Lagoa do Remígio.
Referências:
-- FERREIRA, Rau. João
Benedito: o mestre da cantoria (um conto de repente). 2ª Edição. Edições
Banabuyé. Esperança/PB: 2017.
-ALMEIDA, Átila Augusto e
SOBRINHO, José Alves. Dicionário bio-bibliográfico de repentistas e poetas de
bancada Volumes 1-2. Ed. Universitária: 1978, p. 250.
-O NORTE, Jornal. Edição
de 26 de julho. João Pessoa/PB: 1953.
-SOBRINHO, José Alves.
Cantadores, repentistas e poetas populares. Bagagem. Campina Grande/PB: 2003.
Os resultados obtidos nas Eleições Municipais ocorridas no último domingo proporcionou à Campina Grande a eleição de sete mulheres para compôr a próxima legislatura da Câmara Municipal de vereadores. Dentre as sete eleitas, destaque para Jô Oliveira, primeira mulher negra eleita vereadora na cidade.
Ao longo da sua história, nosso Poder Legislativo deteve pouca representatividade feminina. Em homenagem às novas representantes do outrora sexo frágil, apresentamos às novas gerações a figura de D. Dulce Barbosa, a primeira mulher eleita vereadora em Campina Grande.
Maria Dulce Barbosa representava o Distrito de Queimadas, antes daquela localidade ser emancipada. Nasceu em 11 de Agosto de 1915 e era descendente direta dos primeiros habitantes daquela região. Iniciou sua carreira política sendo candidata no ano de 1935, não obtendo êxito. Foi eleita a primeira vez no ano de 1947, fato que se repetiu em 1951, 1955 e em 1959, mesmo na suplência, assumiu algumas vezes ao longo daquela legislatura.
Em 1962, outro feito histórico para D. Dulce; foi eleita a primeira prefeita do, agora, Município de Queimadas, tendo derrotado nas urnas o adversário Veneziano Vital.
Dulce Barbosa era professora e bacharel em Direito, formada pela antiga FURNe. Era uma mulher à frente do seu tempo e faleceu em uma data bastante peculiar; no Dia Internacional da Mulher, 08 de Março, do ano de 2013!
Recebemos de Sylvio Rogério, colaborador do blog, dois áudios históricos oriundos da antiga Rádio Borborema (atual Rádio Clube). Sylvio é filho de Paulo Rogério, um dos pioneiros da tv paraibana.
Paulo Rogério na TV Borborema
Paulo Rogério, talvez tenha sido o primeiro apresentador de telejornal ao vivo da tv paraibana. Também trabalhou no rádio, como podem ser escutados nos áudios enviados por Sylvio ao "RHCG": "Esclareço que as gravações foram oriundas de uma fita cassete que nos foi repassada por uma antiga funcionária dos Diários Associados, a telefonista Neuza. Me parece que tratam-se de excertos de gravações do programa Arquivo RB".
Os arquivos tem a narração de Humberto de Campos, Paulo Rogério e Zelito Lucena. Trata-se de um jingle do programa de auditório Clube Papai Noel com narração de Paulo Rogério e Zelito Lucena. O segundo trata-se da abertura e encerramento do programa Festival da Juventude, na voz de Humberto de Campos e de Paulo Rogério.
Clube Papai Noel:
Festival da Juventude:
Agradecemos a Sylvio pelas raridades, que resgatam a história da saudosa Rádio Borborema.
O Auditório do Convento de São Francisco localizado no Bairro da Conceição, já foi um centro efervescente de cultura em Campina Grande.
O Auditório do Convento de São Francisco
Graças ao acervo familiar de Dona Luzinete Machado residente no Bairro da Conceição, conseguimos o material abaixo, fruto de uma reportagem do antigo Diário da Borborema com texto de Antônio Alfredo Câmara:
No filme "O Barão Otelo no Barato dos Milhões", dirigido e produzido por Miguel Borges, em 1971, contou com o apoio do industrial campinense Newton Rique, na figura do Banco Industrial de Campina Grande.
O filme tem uma sequencia em que o ator Grande Otelo, que interpreta o tal Barão Otelo vai solicitar um empréstimo no banco e é recebido por Pelé na sala da diretoria na agencia do BICG no Rio de Janeiro.
No princípio da Década de 1970 o Banco Industrial de Campina Grande lançava um dos 'self services' mais comuns dos dias de hoje que era o saque automático (Caixa Eletrônico). Foi uma das instituições bancárias pioneiras neste tipo de auto atendimento, através do Cheque SAC, que possibilitava o cliente fazer saques nas agências de São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Porto Alegre e Recife, bem como representava crédito para realizar compras diversas em estabelecimentos comerciais.
Mais uma vez, o garoto propaganda deste serviço era ninguém menos que o Rei do Futebol, Edson Arantes do Nascimento, Diretor de Marketing do Banco Industrial de Campina Grande, amigo pessoal do presidente Newton Rique.
A imagem acima é uma publicidade retirada das páginas da revista Veja, de 17 de Fevereiro de 1971.
A relação entre o Rei Pelé e o empresário campinense Newton Rique ia além das transações comerciais, haja vista que Edson Arantes do Nascimento, viria ser "empregado" como Diretor de Marketing da instituição bancária alguns anos mais tarde.
Como destaque da presente postagem, matéria de caráter publicitária no Jornal do Brasil, em 15 de Abril de 1970, o "Rei" condiciona a custódia dos seus bens ao Banco Industrial de Campina Grande.
Naquele mesmo ano, no mês de Junho, lembremos, a Seleção Brasileira de Futebol seria campeã da Copa do Mundo realizada no México, mais uma das grandes conquistas da carreira vitoriosa de Pelé.
Mais uma curiosa matéria envolvendo o Rei do Futebol, Edson Arantes, o Pelé, com destaque para sua função executiva desempenhada junto ao Banco Industrial de Campina Grande, em recorte extraído da 'Revista dos Esportes', postada em nossa fanpage do Facebook por Gilvandro Neves Guerra.
CURIOSIDADE:
O nosso colaborador Romero Azevedo nos deixa um interessante fato: "No filme "O Barão Otelo no barato dos milhões", dirigido e produzido por Miguel Borges, com apoio do Banco Industrial em 1971, tem uma sequencia em que Grande Otelo (o tal Barão Otelo do título) vai pedir um empréstimo no banco e é recebido por Pelé na sala da diretoria na agencia do Rio de Janeiro" O vídeo pode ser assistido a seguir:
O excelente canal do Youtube "Aviões e Músicas", falou recentemente do acidente do "Lóide Aéreo Brasileiro" ocorrido em Campina Grande no ano de 1958, aquele que teve entre seus passageiros Renato Aragão", mais conhecido como sendo o humorista Didi dos Trapalhões. O vídeo pode ser assistido abaixo:
O nosso colaborador de sempre, Professor Mario Vinicius Carneiro Medeiros, nos enviou trechos do programa "Bom dia, Nordeste" com José Bezerra da saudosa Rádio Borborema, mais precisamente uma gravação do dia 19/11/1981, manhã seguinte a conquista do Campeonato Paraibano daquele ano.
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Encontramos estes videos na página do youtube: https://www.youtube.com/channel/UCqW7nrw0r8mYmikc2CAD5LA, tratando-se de um filme intitulado "Guerra de Nervos" filmado aqui em Campina Grande através de produção da "Xapéu Videos" e com produção de Carlos Jotaerre, participando do elenco Eliane Vega, Savalla, o próprio Carlos Jotaerre, Fátima Ribeiro, J. Salles, Darci Soares, Lucy Pereira, Antonio Alberto, Cristiana Róse, Adelma de Oliveira, Robson Agra, Joane, Fátima Macedo, Sevy Andrey, André Cruz, Roberto José, Fabiana Almeida, Sandro Mateus, Mahatman Gandhy, Carmen Rita e Reginaldo Ramos. No filme, ao longo da história, destacam-se imagens da cidade nos anos 90 além da Micarande. Infelizmente o filme não está completo, mas vale muito a pena conhecer a Campina e o estilo daquela inesquecivel década.
As décadas de 1960 e 1970 foram de bastante efervescência cultural em Campina Grande, principalmente nos seguimentos musical e teatral. A banda "Os Peraltas" foi fundada em 1966, com a formação dos irmãos Pedro Flávio (solo), Paulo Ricardo (baixo) e Flávio Eduardo (Fuba) na bateria; Maroja Ribeiro e Giovanny Costa Barros (ritmo). No ano seguinte juntou-se ao grupo Valério Moura Cruz (escaleta).
Naquela época, "Os Peraltas" animavam os 'assustados' e festinhas nas residências das famílias campinenses. Houve, portanto, um período onde passaram a uma produção mais profissional, quando se apresentaram em diversas cidades da Paraíba, além de cidades nos estados vizinhos.
Abaixo, uma cópia do modelo de contrato da banda, com destaque para seu empresário: Josildo Albuquerque! O mesmo Jô, que tanto contribuiu com o colunismo social em Campina Grande nas décadas seguintes.
A banda durou até meados dos anos 1970, quando os três irmãos - Pedro, Paulo e Flávio - foram morar em João Pessoa onde Flávio Eduardo, o Fuba, fez carreira no cenário cultural da Capital, sobretudo no bloco carnavalesco 'Muriçocas do Miramar'.
Uma bela enquadrada da Agência dos Correios e Telégrafos de Campina Grande, enviada por Edival Toscano Varandas. Infelizmente não há precisão da data em que a tomada foi fotografada mas, ficam os pesquisadores da História a vontade para analisar os fatos visíveis como pontos de partida para o 'encaixe cronológico' da imagem.
Esta foto, que também nos mostra uma pequena parte da Praça da Bandeira, foi originalmente postada por Toinho Viégas, a partir de arquivos do seu pai, no grupo 'Paraíba Fotos e Fatos antigos' do Facebook.
Em virtude das medidas de distanciamento social adotadas para contenção da pandemia do Coronavírus, em todo o mundo, uma modalidade de diversão que jazia no ramo do entretenimento soergueu: o 'drive-in' está de volta!
A modalidade 'drive-in' de cinema foi criada nos Estados Unidos na Década de 1930 e se popularizou nas Décadas de 50 e 60. Porém, encontrou seu ocaso com o crescimento urbano das cidades onde haviam os estabelecimentos, bem como, de forma definitiva, com a popularização das vídeo-locadoras à partir da Década de 1980.
No cenário atual, não mais se limitando ao cinema, vários eventos estão adotando o formato 'drive-in' para a realização de shows artísticos, eventos religiosos ou esportivos, até formaturas já aconteceram nesse formato!
Como curiosidade, Campina Grande já teve um 'drive-in'. Uma ideia do vídeo produtor Nobertson Oliveira instalou em nossa cidade, no ano de 1991, um cinema localizado na Av. Argemiro de Figueiredo, nas proximidades do Spazzio, local atualmente vizinho à UNIFACISA.
Um dos momentos mais dramáticos de Campina Grande foi a tragédia ocorrida na Praça da Bandeira, em 09 de julho de 1950. O assunto já foi abordado aqui no “RHCG” em POSTAGEM ANTERIOR.
Convém lembrar, que no dia 09 de julho estava ocorrendo a festa inaugural do novo prédio dos Correios e Telégrafos de nossa cidade (o atual).
Assim, para evento de tal porte foram convidados artistas de forte expressão nacional, como Luiz Gonzaga, Emilinha Borba, Blecaute e outros. O grande problema deste evento patrocinado pelo Governo Federal, que apoiava Argemiro de Figueiredo, candidato ao Governo do Estado, era a forte disputa com José Américo de Almeida. Os ânimos assim estavam muito acirrados.
Os seguidores de José Américo resolveram ir às ruas, encontrando-se com os eleitores de Argemiro na Praça de Bandeira, começando assim uma confusão que resultou em um tiroteio, história contada na postagem anterior deste blog, citada acima.
Feita esta pequena reminiscência, iremos ao assunto principal desta postagem, que é um vídeo feito com um dos presentes e, portanto sobrevivente daquele distante 9 de julho de 1950, que é o ex-vereador Mário Araújo, irmão do tribuno Félix Araújo. A entrevista foi feita pela Socióloga e Mestre em História, Maria Aparecida Barbosa de Figueiredo, que gentilmente cedeu ao “RHCG” o vídeo abaixo, filmado por Diego Rodrigo:
“Em 09 de Julho de 2012, comemorou-se um dos maiores episódios políticos da história campinense: A Chacina da Praça da Bandeira. Embora tenhamos muitos artigos e livros que tratem deste evento, optamos por rememorá-lo através do relato oral de um dos mais importantes políticos de nossa Paraíba, o ex-vereador Mário de Souza Araújo.
Seu Mário, como é mais conhecido, foi vereador por quatro mandatos e secretário de pasta em vários governos, inscrevendo-se assim como um dos personagens mais respeitáveis da política campinense e constituindo-se em memória viva da história desta cidade. Esta entrevista realizada em 30 de agosto de 2011 compõe parte de uma coletânea de relatos orais de memória de figuras ilustres da história política e social de Campina Grande e faz parte do nosso acervo pessoal”. Autorizada em 30/09/2011 por Mário de Souza Araújo. Maria Aparecida Barbosa de Figueiredo Socióloga e Mestre em História – UFCG.
O importante registro histórico pode ser visto a seguir:
Como não poderia deixar de ser, o episódio foi amplamente divulgado na Imprensa Nacional. Recuperamos alguns destes registros, todos extraídos do “Estado de São Paulo” e que podem ser visualizados a seguir (cliquem para ampliar):
Nós que fazemos o blog, não podemos deixar de agradecer a Maria Aparecida, primeiro pelo importante registro e segundo, por disponibilizar este material, trazendo a tona à premissa que sempre norteou o RHCG, o de compartilhar a história.
Até o ano de 1964, quando Campina Grande comemorou seu Centenário, a cidade não possuía com uma bandeira! Em meio aos preparativos para o jubileu, um Grupo de Trabalho da Prefeitura Municipal provocou a Câmara de Vereadores para elaborar um projeto de Lei que instituísse nosso pavilhão. Assim, foi aprovado o Projeto de Lei n.º 260/64, de autoria do vereador João Nogueira de Arruda, o popular 'Pinta-Cega', que instituía a primeira bandeira de Campina Grande com as seguintes características:
"O pavilhão obedecerá as seguintes normas: côres branca e verde em triângulos superpostos, sendo o corte longitudinal de cima para baixo; ao centro, em traço preto, será reproduzido o contôrno do monumento do centenário. (...) nas suas côres teremos refletidas as grandezas da cidade. O vêrde da sua esperança refletida nos campos que a circundam. O branco, representando o algodão, produto de sua pujança econômica."
Portanto, a partir de 12 de setembro de 1964, passamos a contar com nossa bandeira, apressadamente elaborada para ser utilizada nas comemorações do Centenário de Campina Grande.
Um único exemplar dessa relíquia foi exaustivamente procurada e carinhosamente garimpada por Joabe Barbosa Aguiar nos porões da Câmara Municipal de Campina Grande; a bandeira encontrada foi doação da senhora Maria Terezinha Leite, do Instituto Domingos Sávio.
Fonte Pesquisada:
AGUIAR, Joabe Barbosa. "Uma Festa para a Rainha da Borborema:
Uma citação incidental ocorrida em publicação do Portal A Palavra Online no último dia 02/04/2018, promoveu surpresa e, ao mesmo tempo, dúvidas acerca de um fato ocorrido há mais de 40 anos, que envolveu a cantora Elba Ramalho e o empresário Ivan Batista, vereador em exercício de mandato na Câmara Municipal de Campina Grande.
Em uma matéria que apontava a sugestão do vereador sobre uma oportunidade de apresentação artística no Parque do Povo para Eduarda Brasil, paraibana de São José de Piranhas, destaque no Programa 'The Voice Kids' da Rede Globo, o jornalista Marcos Marinho discorreu, quase que "despropositadamente", que o vereador Ivan Batista seria o responsável por ter dado à Elba Ramalho, seu primeiro violão!
A viralização da postagem só aumentou a curiosidade dos leitores sobre o fato, até agora desconhecido do público campinense.
Pois bem... Marinho tem razão, porém o fato é uma referência cruzada!
"Morte e Vida Severina", Campina Grande 1973
No final dos anos 60 a Rainha da Borborema respirava muita cultura, principalmente nas expressões teatrais, berço das primeiras incursões artísticas de Elba Maria Nunes Ramalho.
No início dos anos 70, o empresário Ivan Batista era proprietário de uma loja de discos chamada "Lojinha dos Sucessos", que ficava localizada na Rua Cardoso Vieira, em Campina Grande. Em 1972, fora procurado por um dos produtores do Festival Campinense de Música Popular Brasileira, realizado pela FACMA e, como apoio ao evento, doou um violão para ser o prêmio do vencedor que viria a ser Elba Ramalho, que já ganhava notoriedade nos palcos campinenses.
Ivan Batista sempre se notabilizou por suas investidas empresariais, haja vista ter sido proprietário da famosa e saudosa Boite Maria Fumaça, na década de 1980.
Desde que o antigo Cine Capitólio encerrou suas atividades de entretenimento, tendo sido adquirido pela administração público municipal, em 1999, entidades diversas e gestão se digladiam sobre o destino que aquele espaço deveria ter tomado, e qual seu real aproveitamento para a sociedade.
Verdade que sobrou disputa e faltou objetividade, e o imóvel virou escombro. Apenas lembrança do que um dia foi o maior Cine-Theatro do estado da Paraíba.
Diante do inevitável desaparecimento do que ainda lhe resta, alguns anos atrás a PMCG ensaiou iniciar sua revitalização porém, esbarrou em vários empecilhos que não nos cabe entrar em seus méritos, aumentando ainda mais o hiato entre a intenção e a ação do quê fazer com aquela área; alguns defendem sua restauração, outros sua requalificação, ou ainda os mais radicais que preferiam que tudo fosse demolido, até por questões de segurança.
Nós que fazemos o BlogRHCG, que temos como bandeira de existência o resgate e a preservação da memória, achamos extremamente curioso o projeto do Arquiteto Marcus Nogueira Marcus Nogueira que, de forma artística, apresenta um cenário onírico para muitos campinenses; a revitalização do cinema, promovendo-lhe a restauração das suas características originais. A tecnologia nos proporciona a brilhante sensação de ver como seria aquele espaço, se o imóvel tivesse se mantido intacto desde sua construção.
Um dos motivos que orgulha à Campina Grande são as figuras que lhe representam mundo afora. Um desses 'filhos', é Walmir Chaves, sociólogo por formação intelectual na UFPB, porém ator e professor de artes cênicas radicado em Barcelona, na Espanha, desde o final da década de 1960.
Em pouco tempo atuando em Campina Grande, destacou-se na radiofonia em produções da Rádio Borborema como radioator, tendo atuado ao lado de nomes como Hilton Mota, Rosil Cavalcante, Eraldo César, Silvinha de Alencar, entre outros.
O destaque que postamos é sua presença no acervo de imagens do Centro de Documentação do Instituto de Teatro do MAE - Museu de les Arts Escèniques, de Barcelona, quando atuou na peçe "Los Cantos de Maldoror" de Isidore Ducase, no ano de 1973!
O Museu de les Arts Escèniques (MAE) e o Centro de Documentação do Instituto do Teatre são serviços de informações sobre documentos especializados em teatros, dança, teatro, sarsuela, varietats, máfia, circuitos parateatrais. Inclui uma das fontes bibliográficas e documentais mais importantes da Europa, especialmente sobre a cena catalã e a língua espanhola, detentor de notáveis coleções (pôsteres e programas de fotografia, fotografias, teatrins, esbossos, cenas e figurinos) disponibilizadas em exposições temporárias e através do seu site.
Vale o registro desse ilustre campinense, não só pelo mérito do fato, mas também pelo currículo de atuações artísticas na Espanha, na França, na Suíca, e pela sua atuação como professor na Escola Superior de Teatro de Barcelona. Ainda hoje morador de Barcelona, que tem no Blog Retalhos Históricos de Campina Grande um reencontro com suas raízes desde o princípio das nossas atividades, em 2009, tendo sido um recorrente colaborador com várias postagens ao longo desses anos em nossas publicações.
As ruas da cidade são janelas que nos mostram diversas histórias, cada lugar descortina seu passado através do cotidiano dos seus habitantes, dos usos que se fizeram e se fazem dos espaços públicos ou privados. Atualmente as novas ruas de uma cidade são antecipadamente nominadas com uma numeração ou ganham o indistinto nome de ‘rua projetada’, até serem oficialmente batizadas, geralmente por projetos de lei na câmara de vereadores. Até nisso os antigos eram mais charmosos e práticos, denominavam de ‘Rua Nova’ aqueles novos logradouros, também temos outros epítetos comuns de cidades antigas como rua direita, oitão da Matriz... Entre o fim do século XIX e início do XX, Campina Grande teve uma Rua Nova, atualmente a conhecemos com o nome do revolucionário de 1817 ‘Peregrino de Carvalho’. Desse passado nos restam, além do traçado, duas casas defronte a Feirinha de Frutas em estilo eclético, as únicas que restaram. Uma delas está bem próxima de não mais existir.
Os ipês enfeitavam Campina Grande em plena primavera de 2016, numa manhã preciosamente ensolarada, tive o peito carregado de coragem pelo calor e ofuscamento de um sol que parecia descer para a altura de cruzeiro. Saí de casa às sete achando que já eram onze, coisas de quem está no alto da Borborema. Visitei um amigo marceneiro que me prestou um grande serviço em adaptar uma prancha de madeira que precisava de um certo reparo. Sabendo de minha predileção pela história da cidade, me confidenciou: “– Sabes aquela casinha antiga bem bonitinha de frente a feirinha de frutas? Vai ser vendida! Acho que vão derrubar”. Mas o que? Impossível! Respondi. A rua Peregrino de Carvalho está exatamente no perímetro do cadastramento do Centro Histórico de Campina Grande (Decreto 25.139 de 28 de junho de 2004) e nada nessa área pode ser modificado. Estava me valendo da operosa desenvoltura do Iphaep (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba) que há pelo menos cinco anos vinha realizando um admirável trabalho sob a direção de Cassandra Figueiredo Dias. Ele retrucou: “– A dona disse que estão negociando e pode ser vendida para uma farmácia, se for vendida você acha que vão botar uma farmácia do jeito que tá? Vão nada, derruba tudo, faz um prédio alto e moderno cheio de mármore”.
Detalhe dos dois prédios que ainda existem - Retalhos Históricos CG
O tempo passou e entre julho e agosto de 2018, iniciou uma reforma que retirou uma “latada” lateral. De imediato denunciamos o fato ao Iphaep, soubemos também que outras denúncias também chegaram ao órgão, que prontamente acionou o proprietário, foi aí que se descobriu que o número 370 da Rua Peregrino de Carvalho havia sido comprado por uma rede de farmácias e que pretendia abrir no local mais uma filial. O Iphaep esclareceu o que significava o tombamento e fui informado que o proprietário garantiu que ia preservar o contexto histórico do prédio e do lugar. A obra foi embargada em 29 de agosto. Na semana seguinte, o prédio aparece com as portas e janelas abertas, tendo início ao saque de seus materiais “mais nobres”, telhas, fiação, apetrechos internos, passaram a ser “levados” por “vândalos”, modus operandi bastante conhecido na cidade. O abandono atrai o saque e joga a opinião pública contra o lugar que vira antro de bandidos e consumidores de droga, enquanto isso, uma demolição pontual segue e o objetivo do proprietário se faz. No dia cinco de setembro de 2018 houve um protesto contra a destruição do patrimônio do município justamente defronte ao prédio, o momento de comoção nacional em torno dos bens históricos se deu devido ao incêndio que destruiu o Museu Nacional três dias antes no Rio de Janeiro.
Professores, estudantes e ativistas culturais protestando contra a destruição do nosso patrimônio
Construída em 1925 compondo a ‘Rua Nova’, a edificação de um pavimento em estilo eclético com elementos decorativos na fachada e detalhes na platibanda testemunhou páginas sensíveis da história de Campina, de suas janelas era possível ver a passagem de animais tangidos que iam na direção de um pátio (onde hoje é a Rodoviária Velha) e eram comercializados, dando àquela rua o singelo nome de ‘Emboca’. Suas cercanias foram habitadas por damas da noite, baixo meretrício informado pelo historiador Fábio Gutemberg. Ao longo de sua história foi residência dos Agra e era ladeada pela conhecidíssima enfermaria de Seu Manoel Barbosa, o enfermeiro do povo. Testemunhou a partir de 1958/59 a construção do Terminal Rodoviário de Passageiros Cristiano Lauritzen, conhecido como Rodoviária Velha após a edificação da ‘Nova’ no Catolé na década de 1980.
Durante esse impactante momento de pandemia que vivemos, com comércio fechado e distanciamento social, ocorre o que eu temia. Na última quarta (6/mai) um tapume alto de zinco foi instalado encostado à fachada, usando-a como suporte e ferindo os detalhes com buracos, obstrução essa que vai de fato esconder a completa demolição da construção, ferindo brutalmente a história do Emboca e da cidade, atitude criminosa feita sorrateiramente em um momento tão sensível. Essa destruição se junta a outras e marca sensivelmente de forma negativa o Centro Histórico da cidade, o que deixaremos para a posteridade?
A História é Feita de Registros e Memórias! Colabore com nosso resgate nos enviando fotos, áudios, vídeos, etc... Fatos que remetam ao pretérito campinense. Teremos prazer em citar quem nos enviar. (retalhoscg@hotmail.com)
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