Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
retalhoscg@hotmail.com

QUAL ASSUNTO VOCÊ ESTÁ PROCURANDO?

 

Estavam reunidos em Campina Grande, na Paraíba, quatro cantadores glosando ao copo, da fina poesia popular, cada qual com sua poesia e irreverência, saudando o companheiro, quando um circunstante lhes propôs um mote.

Era eles Egídio de Oliveira Lima (1904/1965), João Benedito Viana (1860/1942), Elízio Felix “Canhotinho” de Souza (1915/1965) e José Virgulino “Mergulhão” de Souza (1907/1939). Na oportunidade, teriam que glosar sobre a seguinte frase: “Egídio Lima em Campina, João Viana no Picuí, Canhotinho no Cardoso e Mergulhão no Cariri”.

O mote que lhes foi dado, não era dos mais fáceis, e suscitava os quatro amigos a declamarem a sua rota de defesa. Com efeito, era natural que os cantadores, naquele tempo, criassem uma rota sob a qual exerciam o seu domínio.

Se um companheiro quisesse cantar naquela região, deveria pedir autorização ao cantador, que impunha respeito pelos seus versos. Há quem diga que a desobediência era punida com surra de cacete e briga de faca.

Após o desafio, cada um deles soltou a voz, em resposta, iniciando Egídio:

Só em Egídio se fala,

Na Paraíba do Norte,

Sonetista muito forte,

No repente nao se cala.

Improvisa como bala

Quando saí da carabina

Tem memória e tem repente,

Intimida muita gente

Egídio Lima em Campina”.

 

João Benedito inicia seus versos denunciando logo a sua origem, pois tal qual Egídio esse era natural de Esperança/PB:

Eu como velho cantador

De Egídio seu conterrâneo

Meu gênio subterrâneo

explode com mais ardor.

Já fui improvisador

Neste terreno daqui

A ninguém nunca temi

No braço duma viola.

O repente é quem consola

João Viana em Picuí”.

 

Canhotinho cantou com Lourival Batista, Estrelinha e Josué da Cruz, era apreciado por intelectuais, como Raymundo Asfora. Cantava no Casino da Lagoa, na Rainha da Borborema.É de sua autoria os versos da “Ave Maria”, citado por Câmara Cascudo. Na sua vez de cantar, disse:

 

“Estou fazendo uma trova

Para não ser repelido

embora eu solte o gemido

Que meu peito agora aprova.

Minha rima é sempre nova

No tema mais deleitoso.

Neste momento ditoso.

Tudo é bom para o meu ver.

Há muito vivo a sofrer

Canhotinho no Cardoso”.

 

Por fim chegou a vez de José Mergulhão, poeta do Juazeiro no Ceará, declamar os versos em torno do mote. Esse cantador faleceu ainda moço, no ano de ’39 do Século passado. Ao ver se aproximar “Caetana” (a morte), disse a Ascendino Alves dos Santos, que também era repentista popular:

 

“Quem viu Mergulhão outrora,

Vendo hoje não conhece!

Cada repente que faz

É uma dor que aparece

Cada palavra que solta

É uma lágrima que desce!”.

 

Este último, respondeu em versos sob o mote do cidadão, que ouvia os quatro companheiros, a brindar a sua cantoria:

 

Já fui risonho e feliz

No tempo da mocidade,

de tudo ria à vontade

Neste meu belo País.

Mas, a sorte contradiz

E do inditoso ele ri...

Põe o homem no jequi

Ou mesmo na desventura.

Hoje é triste criatura,

Mergulhão no Cariri”.

 

Egídio de Oliveira Lima escreveu diversos artigos sobre a literatura de cordel para as revistas Ariús (Campina Grande) e Manaíra (João Pessoa), das quais foi colaborador e redator. Dirigiu a revista “As fogueiras de São João” (1941) e foi o responsável por colecionar as antigas edições dos folhetos de Leandro Gomes de Barros - festejado autor cordelista paraibano - e de outros autores, cedido posteriormente a Universidade da Paraíba.

Egídio tinha Benedito como “a alma dos cantadores”. O Viana gostava de fumar, com o cigarro no canto da boca; e tomava uma bicada, revezando os versos na viola. Essas foi a primeira referência que encontramos, sobre a residência do poeta no Picuí, pois até então sabíamos que este residiu na Rua do Boi em Esperança, e que faleceu em Lagoa do Remígio.

 

 

Referências:

-         - FERREIRA, Rau. João Benedito: o mestre da cantoria (um conto de repente). 2ª Edição. Edições Banabuyé. Esperança/PB: 2017.

-         ALMEIDA, Átila Augusto e SOBRINHO, José Alves. Dicionário bio-bibliográfico de repentistas e poetas de bancada Volumes 1-2. Ed. Universitária: 1978, p. 250.

-         O NORTE, Jornal. Edição de 26 de julho. João Pessoa/PB: 1953.

-         SOBRINHO, José Alves. Cantadores, repentistas e poetas populares. Bagagem. Campina Grande/PB: 2003.


Os resultados obtidos nas Eleições Municipais ocorridas no último domingo proporcionou à Campina Grande a eleição de sete mulheres para compôr a próxima legislatura da Câmara Municipal de vereadores. Dentre as sete eleitas, destaque para Jô Oliveira, primeira mulher negra eleita vereadora na cidade.


Ao longo da sua história, nosso Poder Legislativo deteve pouca representatividade feminina. Em homenagem às novas representantes do outrora sexo frágil, apresentamos às novas gerações a figura de D. Dulce Barbosa, a primeira mulher eleita vereadora em Campina Grande.

Maria Dulce Barbosa representava o Distrito de Queimadas, antes daquela localidade ser emancipada. Nasceu em 11 de Agosto de 1915 e era descendente direta dos primeiros habitantes daquela região. Iniciou sua carreira política sendo candidata no ano de 1935, não obtendo êxito. Foi eleita a primeira vez no ano de 1947, fato que se repetiu em 1951, 1955 e em 1959, mesmo na suplência, assumiu algumas vezes ao longo daquela legislatura.

Em 1962, outro feito histórico para D. Dulce; foi eleita a primeira prefeita do, agora, Município de Queimadas, tendo derrotado nas urnas o adversário Veneziano Vital.

Dulce Barbosa era professora e bacharel em Direito, formada pela antiga FURNe. Era uma mulher à frente do seu tempo e faleceu em uma data bastante peculiar; no Dia Internacional da Mulher, 08 de Março, do ano de 2013!

Agradecimentos: Blog Tataguaçu
 
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