Não se deve confundir as pessoas que têm o sobrenome do Ó com aquelas que têm apenas o prenome de José do Ó ou Maria do Ó. Nestas, a presença do "do Ó" representa uma atenção ou homenagem religiosa à Nossa Senhora do Ó, cultuada em Portugal e também no Brasil.
O sobrenome "do Ó", já como sobrenome consolidado e não apenas de invocação religiosa, está presente em Portugal na região do Algarve há vários séculos. Documenta-se em Faro já no século XVII e em Olhão a partir do século XVIII. Parece ser particularmente comum em Olhão. Também encontra-se alguns "do Ó" em Tavira a partir do século XVIII.
No início do século passado, emigrou de Portugal para o Brasil um rebento da família do Ó, Francisco de Souza do Ó, estabelecendo sua moradia no lugar Nossa Senhora do Ó, estado de Pernambuco. Não sabemos se a família do Ó deu nome àquela localidade.
Francisco de Souza do Ó, tempos depois, contraiu matrimônio, constituindo família naquela localidade. Um dos filhos do casal, João Francisco de Souza do Ó, já rapaz, obteve de seus pais permissão para se transportar para a cidade de Bom Jardim, no mesmo estado, onde, anos depois, casou-se com uma paraibana de nome Francisca Maria do Espírito Santo, constituindo numerosa família, cujos filhos fora os seguintes: Belarmino de Souza do Ó, José de Souzado Ó, Manoel de Souza do Ó, Joaquim de Souza do Ó, Paulino de Souza do Ó, Juvino de Souza do Ó, Moisés de Souza do Ó (o caçula), e ainda as seguintes filhas: Antônia de Souza do Ó, Alexandrina de Souza do Ó e Maria de Souza do Ó, num total de dez filhos.
No ano de 1876, João Francisco de Souza do Ó decidiu mudar-se de Bom Jardim para a cidade de Campina Grande, no estado da Paraíba, fixando residência no subúrbio denominado Catarina, adquirindo ali uma propriedade, aonde reiniciou sua profissão de agricultor.
No ano de 1878, João Francisco de Souza do Ó, o chefe da família, falecia repentinamente e a viúva, com seus dez filhos, permaneceu na localidade, assumindo a responsabilidade dos filhos, até atingirem a maioridade. Os mais velhos, Belarmino de Souza do Ó e José de Souza do Ó, casaram-se logo, fixando residências também no mesmo município.
Anos depois, Belarmino deixou a cidade de Campina Grande, juntamente com esposa e três filhos, viajando para outras paragens, não chegando a dar mais suas notícias.
José de Sousa do Ó teve, do seu primeiro casamento, apenas uma filha, chamada Maria de Souzado Ó, que casou-se com seu próprio tio, Juvino de Souza do Ó, constituindo numerosa família: Malaquias de Souza do Ó, Zacarias de Souza do Ó, Isaías de Souza do Ó, Heleno de Souza do Ó, Norival de Souza do Ó, Juvino de Souza do Ó Filho, Doralice de Souza do Ó e Zita de Souza do Ó.
Após a morte do patriarca da família do Ó em Campina Grande, João Francisco de Souza do Ó, seus filhos José de Souza do Ó, Manoel de Souza do Ó e Juvino de Souza do Ó ingressaram no comércio de miudezas e mascateação, com "baús nas costas" por todo o município. Anos depois, com seus próprios esforços, conseguiram capital necessário para se estabelecerem no comércio de Campina Grande. Os demais irmãos permaneceram tirando da agricultura o necessário para sua manutenção.
Os estabelecimentos de José, Manoel e Juvino, eram na atual rua Maciel Pinheiro e tinham, pela ordem, os seguintes nomes: Casa da Bandeira, Casa Indiana e O Vesúvio.
Juvino de Souza do Ó foi, por diversas vezes, presidente da Câmara Municipal e prefeito interino de Campina Grande, por um certo tempo. Adquiriu também a patente de major.
O estabelecimento O Vesúvio passou, posteriormente, para as mãos de Malaquias de Souza do Ó. A Casa Indiana passou para Zacarias de Souza do Ó, tendo pertencido depois a Heleno de Souza do Ó.
A família do Ó estendeu-se por quase todo o Brasil, até no Rio Grande do Sul, onde Fernando de Souza do Ó, oficial do Exército, advogado e pregador espírita conhecido por seus inúmeros livros, fixou residência na cidade de Santa Maria."Exército, advogado e pregador espírita conhecido por seus inúmeros livros, fixou residência na cidade de Santa Maria."