CINE SÃO JOSÉ (Imagem encontrada em http://lounge.obviousmag.org/distracao_planejada/ 2014/12/vida-morte-e-morte-em-vida-de-um-cinema-de-bairro.html) |
Nós do RHCG levamos um puxão de orelha de um colaborador anônimo do blog, relatando que não postamos nada referente aos 70 anos do Cine São José, completados no dia 12 de novembro de 2015. Falhamos é verdade, mas em tempo, fazemos nossa homenagem subindo materiais que postamos ao longo da história de nosso blog.
A mensagem do colaborador foi a seguinte: "Ontem, dia 10 de novembro, o cinema São José completou 70 anos (foi inaugurado no dia 10 de novembro de 1945, com o filme "Sempre no meu coração" e o blog passou em branco. Ainda vale um registro".
Claro que vale, e além do material antigo que recuperamos, deixamos a visualização do vídeo da canção tema do filme "Always in my Heart", datada de 1942:
Agradecemos ao colaborador anônimo, que se quiser se identificar colocaremos seu nome na postagem.
E não fizeram nada no atual Sâo José, para lembrar a data?
Prá que serve um cinema?
Não dá prá entender.
Ano de 1967 ou 1968, um sábado à noite. O São José lotado, em exibição a aventura francesa em tom de comédia “O homem do Rio” dirigida por Philippe de Broca.
Perto do fim do filme, uma sequencia de pura adrenalina: uma briga gigantesca entre o protagonista Jean-Paul Belmondo e os frequentadores de um bar montado numa palafita em Belém do Pará. Socos, pontapés, cacetadas, homens “voando” pelas janelas e caindo dentro do rio, uma confusão generalizada. Súbito, a fita se parte, a sessão é interrompida, acendem-se as luzes da plateia, o público irrompe numa gritaria fenomenal, assovios, impropérios em variados decibéis, palavrões não recomendados para senhoras e menores de idade, enfim um tumulto sonoro que eu nunca vira antes em outras “partidas de fitas” nos cinemas locais.
De repente, adentra no salão, revólver calibre 38 em punho, “seu” Assis o gerente. É que ele morava numa casa ao lado do cinema, “parede e meia” como se dizia( é essa porta que se vê à esquerda na foto) e havia uma pessoa da família dele doente, necessitando de silencio absoluto.
“Seu” Assis atravessou toda a extensão da plateia, parou em frente, de costas para a tela, mirando os espectadores (a essa altura num silencio sepulcral) e disse alto bom som: “Quero ver quem vai dar um pio agora! Bando de moleques! A fita não quebrou de propósito, tem uma pessoa doente aí ao lado, respeitem!”. Dito isto, foi saindo com o braço levantado e o 38 em punho. Já perto da porta de saída, uma voz vinda do meio da turba quebra o silencio de cemitério e gritou: “Só quer ser John Wayne!”. Uma sonora gargalhada explodiu, a luz apagou e a sessão continuou sem sobressaltos( a não ser na pancadaria no bar de Belém que teve prosseguimento do ponto de onde tinha parado).