O texto a seguir, foi cedido pelo senhor José Modesto. Trata-se de um texto histórico, de autoria de Josemir Camilo, sobre a crise de água em nossa cidade.
HISTÓRIA DA CRISE DE ÁGUA EM CAMPINA GRANDE (PB)
Por Josemir Camilo
A água que os tropeiros acharam na grande campina e que se tornou um ponto de cruzamento de várias tropas de várias regiões, fez Campina Grande passar de povoado à vila. No entanto, seria a água o problema fundamental da expansão local. A partir de 1820, foi mandado construir o Açude Velho. Na seca de 1877, abriram-se cacimbas, porque o Açude Novo, de água potável, havia secado. Em 1888, foi a vez de o Açude Velho secar. A cidade era mal provida de água portável, dizia já Irineu Jóffily, possuindo apenas duas fontes de domínio particular, que não abasteciam nos anos mais secos. "Grande parte do povo bebia a água salobra de cacimbas do riacho Piabas".
Açude Velho
Com a chegada do trem, o crescimento virou problema, já que não dispunha de água potável, crise esta que já vinha se arrastando desde o começo do século. Cristiano Lauritzen, conseguiu do governo federal a vistoria do engenheiro Miguel Arrojado do IFOCS para um açude. O local era a serra da Catarina, na bacia do Bodocongó, a 6 km da cidade e os trabalhos só foram iniciados em 1912. O material para a barragem tinha que ser trazido de longe. Desistiram deste açude e aí surgiu a idéia de um açude em Bodocongó, o atual. As obras demoraram, chegou a seca de 1915 e Campina além de não ter água para sua população, recebeu levas de 'flagelados' do sertão. Terminado em 1915, viu-se que o Bodocongó era de água salobra.
Em 1927, João Suassuna inaugurou o abastecimento de água a partir de Puxinanã, com água não tratada e pouca. Na interventoria de Argemiro começaram-se as obras de abastecimento d'água da barragem de Vaca Brava, em Areia, entrando em funcionamento, em 1939, com 7 chafarizes. Planejado para abastecer a sede municipal, com cerca de 22.000 habitantes, a adutora previa um abastecimento de apenas 35 mil habitantes, o que, em uma década, continuaria a crise.
Boqueirão passou a ser o sonho que se arrastaria de 1951 a 1957, e até um órgão, a Sanesa, foi criada, em 1955. A população campinense passava bastante dificuldades, pois a cidade, em 57, não viu água durante cinco dias, devido a rompimento da adutora de Vaca Brava. Mesmo assim, depois de inaugurado, o sistema de Boqueirão entraria em colapso. Só depois normalizado.
No entanto, até hoje a água potável tem sido um grande problema para Campina Grande: a água salobra de Boqueirão apresenta um índice de cerca de 0,5 gr de sal por litro, o máximo tolerado pelo organismo humano, segundo a ONU, agravando-se no verão.
Placa localizada na Estátua de Juscelino, na Praça da Bandeira,
em homenagem a uma Adutora do Açude de Boqueirão
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