Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
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CHAPÉU PRETO

Raymundo Asfóra foi um grande advogado, político e orador de ascendência sírio-libanesa que encantou Campina Grande e a Paraíba com seus versos de singular estética. Era um defensor incansável da Paraíba e de Campina, que eternizou o seu amor no poema/canção “Tropeiros da Borborema”.

O crítico literário José Mário da Silva Branco, em artigo para o Correio das Artes [Ano LXIX, Nº 11: 2019] escreveu que “Raymundo YasbeckAsfóra é um código onomástico que impõe respeito, é signo coletivo numeroso e multiplicado, para cuja adequada apreciação faz-se necessária uma hermenêutica aberta, pluridimensional”.

O boêmio Asfórafrequentava bares campinenses e com frequência declamara seus versosque fascinava a todos com a sua lírica poética; sonetista impecável, ora em versos sáficos, ora heroicos, com ritmo, imagem e conceito de fino lavor de joalheiro, como nos define o mestre Zé Mário da Academia de Letras de Campina Grande.

“A morte está enganada / Eu vou viver depois dela!”, assim escrevera.De fato, a memória de Asfora é cultivada pelos intelectuais e, se pode observar deste poema que ora resgatamos das páginas do velho jornal “O Rebate” do professor Luiz Gil de Figueiredo:

ÚLTIMO ADEUS

Tenho bem viva, na lembrança, aquela
tarde estival do derradeiro adeus,
o sol poente, com frágil vela,
cedia à noite as amplidões dos céus.
Pálida e triste, mas de face bela,
tendo o crepúsculo nos olhares seus,
por entre as brumas da distância, ela,
partiu saudosa entre um saudoso adeus.
E, a relembrá-la, estou no meu caminho,
arquitetando, em sonho, o nosso ninho
na frondosa palmeira da ilusão.
Mas ela, ingrata, não voltou mais nunca...
E o pesadelo que o meu sonho trunca,
É atroz ironia da desilusão.

Este poema foi publicado em 04 de outubro de 1949, quando Asfora contava apenas 19 anos de idade.

De igual beleza são os versos de “Chapéu preto”, de sua autoria e que foi reproduzido em folheto como homenagem póstuma pela Livraria Pedrosa. Vejamos:

CHAPÉU PRETO
Era preto, tão preto como preto
foi seu destino de findar ao léu...
e, sendo preto assim o meu chapéu,
faço-lhe preto todo este soneto.
Preto um quarteto como outro quarteto,
e como o preto deste preto véu
de mistério que oculta o meu chapéu
preto farei, também, o seu terceto.
Preto e mais preto do que o próprio preto!
Preto e tão preto quanto este soneto
Ou como o preto de um brumoso céu...
Com o meu preto chapéu me comprometo
a nunca mais usar um chapéu preto,
preto, tão preto como o meu chapéu.
Raimundo Asfora

Formado em Direito pela UFPE, ingressou na política em 1954, assumindo uma cadeira na Câmara Municipal; quatro anos depois, elegeu-se deputado estadual pelo PSB, seguindo-se, a partir deste momento, inúmeras vitórias nas urnas.

Faleceu aos 56 anos, na Granja Uirapuru, em Campina Grande,no cargo de vice-governador da Paraíba, no dia 06 de março de 1987.


Rau Ferreira


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