Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
retalhoscg@hotmail.com

QUAL ASSUNTO VOCÊ ESTÁ PROCURANDO?

 

A denominação de ruas e praças de uma cidade se faz em geral em homenagem a figuras histórica que contribuíram para o seu engrandecimento e ganham tal notoriedade que depois de um tempo as pessoas se esquecem do laureado para lembrar apenas do lugar.

Em Campina, a grande cidade Rainha, erigida nos contrafortes da Borborema, não poderia ser diferente. Muitas são as ruas que trazem em si nomes que se perderam na memória. Talvez essa tenha sido a intenção de Cristino Pimentel (1897-1971) ao fazer o resgate da rua Marques do Herval no hebdomadário “O Rebate”, que circulava nesse município na década de 40 do Século passado.

Em 1912 – segundo Cristino – havia apenas algumas casas pequenas de frontões, um cercado de arame, dando passagem para a leira do capim, e por trás algum cemitério pertencente ao patrimônio da igreja, que depois foi ocupado por uma firma comercial. A artéria chamada nesse tempo de “Rua Nova”, segundo ele, foi quase toda construída pelo espírito empreendedor do Major Belmiro Ribeiro Maracajá.

No fundo da rua – prossegue Cristino, dono da fruteira mais conhecida da cidade e cultuador das letras – ficava a igreja N. S. do Rosário e, ainda por trás, a Sociedade Beneficente Deus e Caridade, fundada por Tertuliano Barros Lino Fernandes, Jovino do Ó e José Peixoto; a qual pela proximidade do templo, também passou a se chamar “Largo do Rosário”, e depois “Praça da Bandeira”. Anos mais tarde se construiu a sede dos Correios e Telégrafos, sendo este prédio um ponto referencial da mesma rua.

Não é demais lembrar, que em tempos áureos, a “Marques do Herval” era conhecida como “Rua dos Armazéns”, pois ali acontecia a “feira do capim”, com a venda de animais (cavalos, galinhas etc) onde também se enchia os sacos de algodão para exportação.

Foi na rua Marques do Herval que João Ferreira Rique fundou o “Banco Industrial de Campina Grande” (1927), na base do edifício que leva o seu nome (Edifício Rique). Na mesma rua passou a funcionar o “Instituto Pedagógico” (1930) do Tenente Alfredo Dantas Correia de Góes

Caso inusitado é mencionado neste artigo d’O Rebate. Narra Pimentel que na rua dos Armazéns havia uma venda de cachaça pertencente a um português, conhecido apenas por “Marinheiro”, que certa vez pegou fogo consumindo a aguardente. Dizem que José Congo gritava com as mãos na cabeça: “tanta cana se perdendo e eu não posso beber”.

Cristino encerra o seu memorial afirmando que a sua “meninice foi alegre na Rua dos Armazéns onde nasci na casa nº 6. Muitas vezes passei o cercado da feira do capim para ir brincar por cima do muro do Cemitério Velho”.

Cristino é autor dos livros “Abrindo o livro do passado” (1958), “Pedaços da História de Campina Grande” (1959) e “Mais um mergulho na história campinense” (2001). O cronista escreve os fatos pitorescos da cidade a partir de sua vivência neste rincão paraibano.

Manoel Luís Osório (1808-1879) ingressou como Praça no Exército Imperial e foi herói da Guerra do Paraguai. O patrono da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro (1962) é mais conhecido como “Marques do Herval”. Para nós, dá nome a uma importante rua de Campina Grande.

 Rau Ferreira

 

Referências:
- O REBATE, Jornal. Ano XX. Edição de 04 de outubro. Campina Grande-PB: 1949.
- CARÍCIO, Marcelo Rique. Memorial. 1ª edição. ISBN 978-65-5001-006-5. Natal/RN: 2019.
- ANDRADE, Vivian Galdino (de). Alfabetizando os “filhos da Rainha” para a civilidade/modernidade: o Instituto Pedagógico em Campina Grande -PB (1919-1942). e-Manuscrito. São Paulo/SP: 2020.
 
BlogBlogs.Com.Br